Mel
Passo o restante do dia todo trancada no quarto. Mando mensagens para as minhas amigas do trabalho, mato um pouco a saudades delas e fico sabendo algumas fofocas atuais. Ligo para Mariene pra saber como está sendo os preparativos na casa dela, e ela me faz conversar um tempão com a tia Marli, mas eu nem ligo, a mãe da Mariane é um amor de pessoa, quase uma mãe para mim também. Depois de um tempo ela volta pra ligação se desculpando, dizendo que está uma correia louca lá.
- Minha mãe inventou de fazer comida para um batalhão, ai eu que tenho que me vira com tudo aqui.- ela reclama, e eu começo a ri.
- Aqui eu tenho que atura o insuportável do Rodrigo.- reviro meus olhos.
- Iih esse embuste tá aí é? Que sorte.- ela debocha da minha cara.
- Vou dizer a ele que mais tarde você está aqui pra fazer companhia pra ele e Simone.- eu falo e ela quase engasga.
- Deus me livre desse encosto, não sei como Simone não se dá conta do traste que ela chama de marido.- diz ela com nojo.
- Não é assim amiga, a gente não se deu, porque ela vai dá?.- eu lamento irônica, e nos duas caímos na gargalhada.
- Você tem razão. Falando nisso, você já foi lá na casa?.- ela me pergunta.
- Ainda não, mais tenho que ir atrás das minhas coisas, Antony disse que tudo foi tirado de lá, mas não disse para onde levaram.- respondo para ela.
- Eu tenho que pega um monte de coisa, até porque preciso arrumar um novo emprego.- ela diz triste, e eu gargalho.
- Sabia.- eu falo rindo.- sorte sua que você não precisava dele pra sobreviver.- os pais de Mariane são bem sucedidos, ela nunca precisou correr atrás de nada pra sobreviver. Porém, ela nunca gostou de fica nas costas deles, por isso sempre trabalhou, até porque ela não queria ficar em casa passando e cozinhando pro seu ex marido que era um pão duro, e não queria pagar uma empregada pra eles.
- Você sabe que eu não gosto de ficar parada, mas por enquanto não vou me desesperar atrás de emprego não, estou gostando de curtir as coisas nas suas custas.- ela diz debochada.
- Ah é safada, aproveita mesmo, porque nem eu sei até onde isso vai.- eu falo, e pareço tomar um soco no estômago ao pensar desse jeito.
- Aí credo para de ser pessimista, o Antony te adora.- ela afirma me reprimindo.
- Eu não teria tanta certeza.- falo suspirando, e o medo sobe para o meu estômago.
- Cara, da pra ver isso só pelo jeito como ele te olha.- ela fala, e minha saudade aumenta.
- Eu também gosto muito dele.- confesso para minha amiga.
- Você não precisa me dizer isso.- ela diz e parece que vejo seu sorriso.- eu vou precisar desligar, minha mãe está com uma faca na mão gritando algo lá de dentro da cozinha. Beijos puta, até mais tarde.- ela grita rápido e desliga o celular.
Eu suspiro fundo, e me deito na cama com os olhos fixos no teto, pensando na bagunça que anda a minha vida.
...Não sei em que momento foi, mais eu acabei apagando completamente, e quando acordo do meu sono da beleza, já são 20:45 da noite. Levanto da cama com várias batidas na porta do meu quarto. Eu vou caminhando lentamente até ela, pra atender com o rosto todo amassado.
- Oi.- eu falo para a Danielle parada na porta do quarto.
- Eu pensei que tinha acontecido alguma coisa com você, você tem o sono muito pesado.- ela diz com a testa enrugada, e já arrumada para ceia.
- Eu dormi que nem senti.- eu falo bocejando e coçando a cabeça.
- Imaginei. Se arruma, o pessoal já está chegando, a casa já está ficando cheia.- ela me avisa e eu suspiro.
- Tá bom, obrigada por me chamar, daqui a pouco eu vou me juntar a vocês.- aviso a ela que concorda indo em direção ao quintal.
Volto para dentro do quarto, tranco a porta, e vou me arrumar. Pena que aqui não tem o ritual da Carine, tenho que me contentar com minhas próprias mãos, e rezar para que saia algo de bom delas. Vasculho minhas coisas, e acho a roupa que separei para a ceia de natal. É uma calça jeans folgada, rasgada com alguns desenhos e letras aleatórias. Uma blusa decote cavado em V verde, com mangas um pouco bufantes no ante braço, e um tênis branco no pé. Coloco um arquinho de pérolas no cabelo e as jóias que compramos na loja do Antony. Deixo tudo separado em cima da cama, e vou tomar meu banho. Lavo meus cabelos para ficar melhor de pentear e finalizar. Me arrumo toda, passo meu perfume e meu creme hidratante, começo a me maquiar e alguns minutos depois estou pronta.
Saio do quarto e vou direto para o quintal, que já está uma muvuca. Parente para todos os lado, e gente que eu nunca nem vi na vida.- Olha ela aí.- diz minha mãe sorridente, assim que apareço perto deles.
Ela me apresenta para um monte de tia que eu nunca vi, e eu fico com um sorriso congelado nos lábios para todos eles. Ela fala coisas com orgulho e isso me deixa feliz. Minha mãe e meu pai são tudo na minha vida, e tudo que eu desejo sempre é deixá-los orgulhosos de mim. Papai também me chama, e me apresenta a alguns rapazes que ele está acompanhado, mas ele não demora muito com as apresentações.
Vou até minha vó, a cumprimento e mato um pouco das saudades. Minhas outras primas por parte de pai também estão aqui, e os primos também. Nós ficamos em uma rodinha, conversando sobre coisas da infância. Cantamos algumas músicas, eles fazem vários tiktok, e eu só fico olhando né, porque eu sou péssima nisso. Bebemos várias bebidas diferentes e quanto mais tarde vai ficando, eu também vou ficando mais bêbada. Porém, uma bêbada muito bem comportada, até porque não quero fazer meus pais passarem vergonha. Mas se for pensar assim, todos vamos passar vergonha juntos, porque ninguém aqui está mais sóbrio.- Vai da meia noite.-uma voz aleatória grita no nosso meio, e todo mundo começa a ficar nervoso.
A gente se junta e esperemos a contagem regressiva. Meu pai com os fogos preparado, esperando o cronômetro encerra para lança-los ao céu.
- E agora em.- diz minha prima Carol, anunciando que a contagem regressiva vai começar.
- 10.- todo mundo começa contar em um só coro. E quando o 1 finalmente chega, meu pai lança os fogos no céu, junto com vários outros coloridos.
- Feliz Natal.- todos gritamos, e nos abraçamos animados.
Minha mãe chorando como sempre, me abraça e diz mil coisas emocionada, pedindo proteção a Deus para nós, e nossa família. Papai chega logo depois, nós abraçando e também dizendo várias coisas bonitas e carinhosas para nós.
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O Siciliano
БоевикMel é uma jovem, que sonha em construir um futuro brilhante. Ela tenta amargamente se recuperar de uma separação recente, e acaba conhecendo Antony no meio disso tudo. Antony é um filho de sicilianos, bilionário e sedutor. Antony, acaba virando a...