Complicado

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Mellany

Nos ficamos conversando até perder a conta do horário. Conversamos sobre família, amigos, planos e sonhos.

- Eu não quero ser pra sempre uma simples funcionaria de alguém, pretendo um dia com o meu PRÓPRIO ESFORÇO.- enfatizo o próprio pra ele não entender errado, e o vejo sorri com isso.- e me aventurar no empreendedorismo.- conto para ele.

- E o que você pretende empresariar?.- ele pergunta curioso, e prestando bastante atenção no que digo.

- Bom, eu já fui manicure, sei que muitos dizem que não é profissão de quem estudou, mas eu fiz vários cursos de alongamento, e eu posso te dizer que sou muito boa nisso.- eu falo orgulhosa.- eu sempre sonhei em abrir um salão.- dou de ombros.- é uma coisa que eu saberia bem como administrar. Mas, as pessoas sempre diziam para mim fazer um preparatório, ou uma faculdade porquê manicure era profissão de preguiçoso.- lembro de todas as vezes que ouvi isso de alguém, e meu rosto cai na hora.

Antony me observa por alguns segundos calado e sério. Depois se indireta na cadeira, e entrelaça os dedos em cima da mesa.

- Mellany, as pessoas não aceitam o que elas não entendem. Você nunca vai saber como ganhar milhões pedindo conselho para quem ganha centavos. A maioria das pessoas são ensinadas desde pequenas a estudar, arrumar um bom emprego, e ser um bom funcionário para mantê-lo empregado. Poucos são os corajosos que tentam outro tipo de caminho. Esses são chamados de loucos. No entanto, não for nós um desses loucos, provavelmente os nossos chefes seram, pois eles não se contentaram em ser comandados por outras pessoa.- ele diz calmamente, e eu fico fascinada.

Eu nunca tinha pensado desse jeito, mas ele tem razão. Somos treinados para ser empregados, e as pessoas geralmente minam as ideia revolucionárias que diz ao contrário do que elas acreditam. Eu fui vítima disso.

- Empresariar é construir seu próprio castelo, e não ajudar outra pessoa a construir o dele.- bonito continua.- independente do que seja, vendendo água, bala, picolé, fazendo cabelo, lavando sofá ou até mesmo fazendo unha. Nada melhor que trabalhar para você mesmo.- ele diz, e eu balanço minha cabeça hipnotizada pelo jeito dele falar.

Antony é tão forte, dominante, tão decidido, despreocupado, me passa uma segurança, parece que nada pode me acontecer quando estou perto dele.

- Você é tão...- eu procuro as palavras, porém me contento com.- sábio.- encaro ele embasbacada, e ele dá uma pequena gargalhada.

- Não é que eu seja sábio, tive que aprender muito com a vida, tive que me vira. No ramo em que eu trabalho, preciso conhecer bem as pessoas, e entender como elas pensam.- ele explica, e eu concordo.

- Você um dia imaginou que seria o chefe da sua família?.- pergunto para ele.

- Não, eu nunca quis essa responsabilidade, nem mesmo passava pela minha cabeça. Meu pai sempre deixou claro que não queria essa vida para mim, mas ele não confiava em mais ninguém para o trabalho. Foi o projeto da vida dele e ele ergueu um império sozinho, não ia deixar qualquer um usufruir do seu esforço.- ele conta, e eu fico mais curiosa.

- Ele sempre foi um mafioso?.- pergunto e ele sorri.

- Ele começou com jogos, apostas em cavalos. Depois bebidas e com o dinheiro ele foi comprando propriedades. Logo, quanto mais pessoas de alto nível ele ia conhecendo, novos negócios iam surgindo.- ele encosta as costas na cadeira, e fica me observando atentamente.

- Por que ele não ficou somente com as propostas legais?.- pergunto, e logo depois me arrependo. Acho que estou indo longe de mais.

- Mellany, você pode ser o homem mais honesto do mundo, mas se for ambicioso e quiser ter tanto dinheiro como eu tenho hoje, você vai precisar fazer alguns negócios, e com isso, você vai ter que entender tudo que tiver acontecendo ao seu redor.- ele diz me fazendo abri a boca.- é difícil alguém ser tão rico, ao ponto de não sujar as mãos com alguma coisa.- ele afirma.

- Mas tem quem faça.- eu protesto e ele concorda.

- Sim, porém, eles estão em constante risco, pois quando você não sabe lidar com o que seus concorrentes fazem, ou não tem contato com as alternativas que eles tem aceso, você fica venerável, e pode ser engolido a qualquer momento.- ele diz com um olhar severo, e eu fico um pouco espantada.

Esse mundo dele é muito complicado, e assustador.

- Minha diretora já colocou a escala de janeiro no grupo da escola.- mudo de assunto do nada, e ele me olha com espanto.

- Como assim?.- bonito enruga a testa para mim ao perguntar.

- É que nós vamos trabalhar, pelo menos uma semana no mês de janeiro. Eu fiquei com a primeira semana, consequentemente irei trabalhar no meu aniversário.- torço os lábios e ele me olha sério, parecendo pensar em algo, porém não fala nada.- o que foi?.- pergunto vendo sua reação estranha.

- Você não vai trabalhar no seu aniversário.- ele afirma com certeza, e eu enrugo minha testa.

- Mas é claro que eu vou.- eu afirmo de volta, e ele fica irritado.

- Mellany...- ele dispara, e eu o corto na mesma hora.

- Não, toda vez que sua frase começa com "Mellany", é algo que eu não vou gostar de ouvir, então nem continua. Você me conheceu trabalhando, e é assim que vai continuar sendo.- brado para ele, e ele bufa.

Antony passa a mão pelos cabelos nervosamente, e parece tentar se controlar.

- Eu me sinto, um idiota.- ele fala entre os dentes, ainda passando a mão pelos cabelos sem me encarar.

- Por que? Só porque eu vou trabalhar? Não seja infantil.- balanço minha cabeça reprovando sua atitude.

- Não Mellany, por ter tanto dinheiro e influência, e não poder deixar a minha própria namorada em casa no dia de seu próprio aniversário.- ele bufa, e eu sorrio.

- Sua namorada é uma mulher independente, e muito responsável.- com minhas palavras, eu vejo seu rosto suavizar, e um semblante admirável surgir em seus olhos.

- E eu tenho muito orgulho disso.- ele diz ainda sério, porém vejo um sorriso em seus olhos.

- Então não tente me mudar.- peço calmamente.

- Eu não quero que mude, quero você do jeito que é.- ele afirma, e meu peito esquenta.

Bonito olha seu relógio e depois me encara de volta.

- Quer conhecer a casa?.- ele muda de assunto completamente, e eu fico impressionada com a rapidez que ele faz isso.

- Sim.- respondo me levantando, e indo junto com ele.

Bonito me mostra a casa luxuosa, como todas que ele tem. Sofisticada, revestida em mármore, obras de artes, designer moderno e aconchegante. Todos os 4 quartos tem banheiros, e vista para o jardim maravilhoso. Encontro muitas das minhas coisas em lugares específicos, harmonizando e decorando o lugar. Confesso que a casa é de tirar o fôlego, e bastante acolhedora, não é difícil se sentir em casa aqui. Mesmo com todo o luxo, eu consego me ver morando nela. Talvez seja pelos objeto já familiar para mim. Percorremos um caminho de pedras, cercado de flores e grama verde bem cuidada, e encontramos outra casa, um pouco menor que a outra.

- Aqui será a casa de Mariane, se ela quiser é claro.- ele diz, antes de abri a porta.

A casa está toda mobiliada com as coisas da Mari e limpa. Ela não é tão pequena como parece, e é simplesmente linda. Tão aconchegante como a minha. 2 quartos com banheiro, cozinha, copa, área de lazer com piscina e tudo, um pequeno quintal.

- Ela vai amar.- eu falo olhando em volta. As coisas dela também estão aqui, super bem cuidadas.- obrigada por isso, não precisava, mas muito obrigada.- eu olho para o bonito com os olhos lagrimejados, e ele sorri segurando no meu rosto, e dando um beijo carinhoso em meus lábios.

- Não á dê que.- ele sussurra me dando outro beijo.- vem, vamos voltar, eu preciso de um banho.- diz ele me puxando pelo braço, e me levando de volta para casa.

O SicilianoOnde histórias criam vida. Descubra agora