O Siciliano

Fico feliz com isso

Antony

Preferi eu mesmo dirigir o carro hoje para os pais da Mellany não acabarem reconhecendo Allan, e também, com Luigi fugindo de todos os cercos que armei para ele, não confio a segurança da Mel em mais ninguém.
A segurança tem uma casa bem perto da casa dos pais dela, mas a que eu comprei pra ela, é um pouco mais distante, e é para lá que nos vamos hoje.
Mellany vem o caminho todo pensativa e silenciosa, e não saber o que ela pensa me faz imaginar várias coisas, e deixa ansioso. Por exemplo, se ela pensa em me deixar, se está pensando em outra pessoa, talvez no mendigo que estava em sua casa hoje. Imaginar isso me deixa apreensivo.

- Ei?.- chamo sua atenção, sem aguentar mais um minuto desse silêncio, e ela me encara.- o que está havendo?.- pergunto olhando para ela, e depois volto a olhar para a estrada.

- Nada, só estou pensando.- diz com a mão na cabeça, e o cotovelo apoiado na janela do carro.

- E no que você está pensando?.- insisto em saber seus segredos.

- Eu fico com medo.- ela fala, e eu enrugo minha testa a encarando.

- Como assim fica com medo? De me contar o que está pensando?.- pergunto assustado.

Ela está com medo da minha reação?

Se for algum homem que está em seus pensamentos, então ela está pensando em algum difunto!

- Não, eu tenho medo de um dia você cansar de mim.- Mellany declara, e eu alívio a tensão dos meus músculos.

Menos mal, sem difunto então.

- Mas por que você está pensando isso?.- tento entender a onde que eu deixei de passar segurança para ela, pra eu poder resolver isso agora mesmo.

- Não sei, parece que não sou o suficiente, que você merece alguém melhor.- ela declara triste, e eu automaticamente encosto na calçada, parando o carro.

Sei que os seguranças estão bem atrás de nós de qualquer jeito, então não tem problema de para na rua deserta.

- Escuta.- seguro o rosto dela nas minhas mãos, e ela me olha com os olhos cheios de lágrimas.- eu gosto de você garota, mais do que eu já gostei de outra pessoa na vida. Você não precisa se preocupar com essas coisas. Eu não vou deixar você, nem se você quiser. Por que está pensando nisso agora?.- eu pergunto olhando em seus olhos.

Sei que ela está bêbada, e tudo o que ela pensa normalmente está vindo a tona como uma avalanche agora.

- Eu gosto muito de você Antony, e tenho medo de você enjoar de mim.- ela diz angustiada, e eu sorrio.

É bom saber que ela gosta de mim, isso me deixa mais tranquilo. Eu nunca sei o que se passa na mente dela, e não tenho nenhum tipo de controle sobre ela. Mellany faz o que quer, e diz o que pensa, ela não faz as coisas para me agradar, ou me prender de alguma forma. Isso tudo é novo para mim, e isso me deixa inseguro, com medo também de do nada ela surta e sumir. Mas agora, a vendo declara seus sentimentos dessa maneira, me deixa um pouco mais confortável e relaxado no nosso relacionamento.

- Eu quero você garota, tenho tudo que preciso bem aqui, nada mais me importa.- dou um beijo carinhoso em sua boca, e ela me retribui.
...

Entramos no condomínio que comprei em Nova Iguaçu, e vamos para casa que eu separei para ela.

- Nossa, que casa bonita.- ela diz enquanto esperamos o portão da garagem abrir totalmente.

- Essa casa é sua.- eu declaro sem rodeios e ela vira o pescoço igual a menina do filme exorcista e me encara de boca aberta.

- Como é?.- ela pergunta sem entender.

- Todas as coisas que tiramos da sua antiga casa estão aqui. As coisas da Mariane também, em outra casa no quintal. Agora vamos, amanhã eu te explico tudo.- falo abrindo a porta do carro, e ela abre a porta dela rapidamente para me afrontar.

- Antony.- ela chama aciosa, querendo protestar, mais eu não a deixo terminar, e a calo com um beijo.

- Mel por favor, me deixa cuidar de você.- peço já sabendo que ela não gostou de ter ganhado uma casa nova.

Mellany me confunde. As mulheres com quem me relacionei daria os próprios olhos para ter tudo o que eu quero dar para ela, mas ela simplesmente não quer.

- Não vamos brigar, amanhã conversamos sobre isso, é Natal.- negócio e ela bufa concordando.- ótimo.- seguro em sua mão, e vou levando-a para dentro da casa.

- Preciso tomar um banho.- ela avisa.

- Sozinha ou acompanhada?.- a provoco e ela fica sem graça.- Vamos para o quarto, lá tem um banheiro.- subimos as escadas, e entramos no quarto principal.

Eu mostro para ela onde fica o banheiro, depois a deixo a vontade para fazer suas coisas e vou para a cozinha, procura um bom vinho e alguns frios para podermos comer. Pedi para minha governanta fazer uma lista de tudo que iríamos precisar, e mandei um funcionário ir comprar. Vou passar no mínimo dois dias aqui com Mellany, e quero que ela tenha tudo que desejar bem aqui. Junto tudo meio desajeitado e levo para o quarto, onde tem uma varandinha com vista pro quintal, a luz da lua e a luz das lâmpadas amarelas, minhas preferidas. Arrumo tudo em cima da mesinha, e fico esperando ela terminar o banho.

- Nossa, estou bem melhor agora.- ela diz quando me ver de dentro do quarto.

- Fico feliz com isso.- sorrio para ela.- vem aqui.- estendo minha mão e ela vem até mim. A coloco sentada no meu colo, e ela da um beijo carinhoso em minha bochecha.- você me faz tão feliz.- assumo sincero, e ela sorri.

- Que bom, porque é o que você faz comigo. Me sinto uma menininha do seu lado.- declara ela.

- Mas você é uma menininha garota.- eu brinco e ela sorri.

- Você é algo que eu sempre quis, e nem sabia que queria.- ela continua, e eu me sinto satisfeito com o que diz.

- Meu prazer é satisfaze-la.

- E essa mesa? Você que arrumou?.- ela pergunta olhando as coisas que eu peguei na cozinha.

- Sim, só tem nós dois aqui hoje.- eu aviso, e ela levanta as sobrancelhas surpresa.

- Huuumm... Bom.- diz com aquela carinha de safada e meu pau já dá sinais.

- Não me provoca garota.- a repreendo falsamente, e ela sorri.

- Eu não disse nada.- ela diz divertida, levantando do meu colo.- o vinho de milhões.- fala segurando a garrafa, e despejando o líquido na taça.

- Como está sua cabeça?.- pergunto a observando, e ela me olha interrogativa.

- Como assim como está minha cabeça? O que devo responder? Presa no pescoço?.- ela me encara tentando reprimir uma risada.

- Quero dizer por conta do álcool. Você bebeu bastante hoje, não está com dor de cabeça? Se sente bem?.- pergunto preocupado.

Com a quantidade de bebidas ruim que tinha na casa de seus pais, a cabeça dela amanhã provavelmente vai explodir.

- Estou ótima, e pronta pra outra.- diz sacudindo a cabeça e levantando a taça. Eu pego a que ela me serviu e nos brindamos.