Harry caminhava pelos corredores do ministério com mais calma do que o esperado, lindamente ignorando as pessoas que o encaravam. Metade deles o via como o inútil que perdeu a guerra, e a outra metade como a personificação da resistência. Harry não era nenhuma dessas coisas. Foi Dumbledore quem "perdeu" a guerra, e depois de descobrir tudo o que o velho havia feito, Harry queria distancia de tudo o que ele representava.
Ao acordar em St. Mungus, Harry percebeu que nunca havia sentido tanta dor em sua vida, nem mesmo as surras de Vernon eram tão ruins assim, e Vernon sabia como machucar alguém quando ele queria. Não demorou muito para Harry descobrir que uma das muitas atrocidades que Dumbledore havia feito com ele foi bloquear mais da metade de seu núcleo mágico. A dor que ele sentiu não foi um Cruciatus do Lorde das Trevas, como ele havia teorizado, foi meramente todos, eu repito, TODOS os feitiços que Dumbledore havia colocado nele sendo desfeitos.
Harry não entendeu tudo o que os Medibruxos falaram, mas ele entendeu o bastante para saber que era algo bom o velho estar morto, ou Harry iria parar em Azkaban por assassinado de cabra.
Dumbledore usou tantas compulsões diferentes para controlar Harry, que havia uma grande chance de toda a personalidade dele ser falsa, e algumas dessas compulsões nunca poderiam ser desfeitas. A quantidade de poções em seu organismo também era tamanha, que os Medibruxos admitiram que levariam meses, se não anos para desfazer tudo o que elas causavam. Sem contar com os vestígios de rituais ilegais que foram encontrados em Harry.
Os Medibruxos não sabiam muito sobre os rituais, mas as perguntas de Harry foram respondidas no momento em que ele foi para Gringotts. Harry não entendia o porquê de os goblins quererem o ver, mas ele não seria rude a ponto de ignorar a convocação que recebera.
E foi o que ele descobriu em Gringotts que fez com que ele parecesse tão calmo no ministério.
Quando ele recebeu uma carta dizendo que o Lorde das Trevas havia entrado em contato com o ministério oferecendo "paz", e a suposta paz de Voldemort envolvia Harry, o Grifinório tinha quase certeza do que Tom queria consigo.
Harry já havia feito as pazes com seu destino, e sabia que seus sonhos nunca virariam realidade, até porque, seu "sonhos" nada mais eram do que os sonhos que Dumbledore tinha para ele. Harry não tinha sonhos próprios, por isso era fácil desistir de tudo para que outras pessoas pudessem sonhar livremente.
O ministro não olhou para Harry com nojo ou raiva, como ele esperava, e essa foi a primeira pista de que talvez Harry não soubesse tanto quando ele achava que sabia. A segunda pista foi a forma com que todos direcionavam sua raiva para o papel em sua frete, mas olhavam para Harry com culpa e simpatia.
- eu acho melhor acabarmos logo com isso - Harry comentou, agora curioso para saber o que Voldemort pretendia fazer.
- sim - concordou o ministro, mas foi Amelia Bones quem entregou o papel para Harry.
- eu sinto muito, Potter - ela falou, desviando o olhar.
Harry quis rir quando leu o papel, mas se segurou. Voldemort havia deixado claro que tinha poder o bastante para invadir o ministério e matar todos que encontrasse pelo caminho, mas ele preferiria se o ministério se rendesse sem muito sangue bruxo derramado.
O Lorde das Trevas havia prometido que se tudo ocorresse como ele desejava, a maior parte dos funcionários conseguiria manter seus empregos, mas avisou que pretendia mudar muitas leis, e esperava não ter que lidar com bruxos adultos fazendo birra quando isso acontecesse.
Voldemort também prometeu que em nenhuma das mudanças que ele iria fazer, com ou sem a cooperação do ministério, mestiços ou nascidos trouxas seriam afetados de uma forma negativa. Harry não precisava ser um gênio para saber que ninguém naquela sala acreditava cem porcento na palavra de Voldemort.
Tudo o que o Lorde das Treva pedia em retorno, além é claro da rendição do ministério, era Harry Potter.
Harry já esperava por isso, mas o que ele não esperava era que Voldemort não dissesse o porquê. Como Voldemort queria Harry, era obvio que ele sabia a verdade, e Harry genuinamente acreditava que Tom acharia tudo isso engraçado, e adoraria esfregar isso na cara do ministério, e muito provavelmente do público.
- você pretende aceitar, ministro? - Harry finalmente perguntou.
- você... Você aceitaria, Sr. Potter?
- isso importa?
- não diga isso, Potter. Sua opinião é tão importante quando a nossa - Amelia bradou.
- não, não é. Se vocês já não estivessem prontos para aceitar, ninguém teria me chamado. O que vocês realmente querem saber é se eu vou por livre e espontânea vontade, ou se vocês precisam me forçar, e é para isso que eles estão aqui, não é? - Harry perguntou, apontando para os aurores que cercavam a sala onde estavam.
- você deve entender, Sr. Potter, as vidas... - o ministro começou, mas Harry o interrompeu.
- sim, sim. A vida e o bem estar de todos os seus funcionários e cidadãos é mais importante do que a minha, eu sei.
- não foi isso que...
- sim, foi exatamente isso que você quis dizer, mas está tudo bem, eu não me importo - Harry se levantou - pergunte para o nosso novo ditador quando e como ele me quer - Harry falou, antes de ir embora, deixando todos igualmente surpresos e aliviados.
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Our Souls' Song
FanfictionHarry quis rir quando leu o papel, mas se segurou. Voldemort havia deixado claro que tinha poder o bastante para invadir o ministério e matar todos que encontrasse pelo caminho, mas ele preferiria se o ministério se rendesse sem muito sangue bruxo...