- Mas isso não faz sentido - a voz de Hermione ecoou pela casa, e Harry se arrependeu de ter contado a verdade para os amigos.
- Hermione está certa - Ron falou. Agora que os dois estavam oficialmente namorando, o ruivo se sentia na obrigação de sempre concordar com ela, mas algo no fundo da mente de Harry o fazia acreditar que dessa vez a opinião de Ron não tinha nada a ver com Hermione - provavelmente é uma armadilha - ele continuou - e no momento que você chegar lá, eles vão te matar!
- e isso importa?
- é claro que sim, Harry! - Hermione o repreendeu, e Ronald apenas o olhou como se ele tivesse enlouquecido- você não pode simplesmente andar direto para uma armadilha.
- sim, eu posso. E é o que eu pretendo fazer.
- mas...
- como eu já disse antes, eu não tenho escolha, e honestamente, eu não me importo. O ministério teria me obrigado se eu dissesse não, e mesmo que eles concordassem em lutar, o que eles nunca fariam, Voldemort acharia uma forma de me sequestrar, o que provavelmente aconteceria depois de ele matar todas as pessoas importantes para mim, como uma forma de punição por não ter aceitado.
- você não pode ter certeza de que ele realmente faria isso - Ron comentou, não acreditando em suas próprias palavras.
- sim, eu posso.
- você está escondendo algo - Hermione acusou, depois de pensar um pouco - o que é?
Harry pensou em negar, mas Hermione o conhecia muito bem, e saberia que ele estava mentindo.
- eu não acho que posso contar.
- mas você sempre nos conta tudo - Ron reclamou.
- eu descobri algo quando fui para Gringotts, e eu tenho certeza de que tanto Voldemort quanto Lucius já sabem. Eles provavelmente sabem há mais tempo do que eu, e eu achei que Voldemort anunciaria isso publicamente, já que é algo que as pessoas não gostariam de saber sobre mim, mas ele não falou nada, o que me faz pensar que ele não quer que as pessoas saibam, e eu sinto que também não devo contar - Harry falou tudo muito rápido, e desviou o olhar. Uma parte dele queria contar tudo para os amigos, mas além de temer a reação dos dois, ele também temia a reação de Voldemort, que seria muito, muito pior.
- desde quando você se importa com a opinião de você-sabe-quem? - Ron perguntou.
- e o que Lucius Malfoy tem a ver com isso? - Hermione adicionou.
- eu não me importo com a "opinião" dele, Ronald- Harry falou, intencionalmente ignorando Hermione - mas você sabe tão bem quanto eu que a única coisa que impede Voldemort de sair por aí mantando todo mundo é a minha rendição - Harry não notou quando começou a aumentar a vez, mas Ronald o estava irritando - e eu não faço a menor ideia do que eles pretendem fazer comigo. Eu não tenho nenhuma garantia de que eu não vou ser jogado em uma cela no momento em que chegar lá. Em nenhum momento Voldemort prometeu que eu estaria seguro, ou que seus comensais não me usariam para praticar tiro ao alvo. Nada me garante que eu vou viver por mais do que alguns dias, e eu não pretendo o irritar só porque você não concorda com o que está acontecendo.
- ainda assim...
- Voldemort pode ser um filho da puta - Harry continuou - mas ele sempre cumpre com sua palavra, e você sabe disso - Ron se lembrou de quando Dumbledore convenceu Bill e Charlie a ir investigar a mansão de Voldemort. Os dois foram capturados, e os Weasleys acreditavam que seria o fim dos dois mais velhos, mas Voldemort prometeu que os devolveria com vida se eles o dessem a profecia. Foi Harry quem os convenceu a tentar, eles invadiram o ministério e entregaram a profecia para o Lorde das Trevas, mesmo não tendo certeza se ele cumpriria com a sua palavra, mas ele cumpriu. Bill e Charlie apareceram na Toca no momento em que a profecia tocou as mãos de Voldemort. Dumbledore quase os matou por isso, mas valeu a pena, os dois estavam bem, e muito menos machucados do que o esperado, o que acalmou o coração de Molly, que não parava de chorar desde o momento em que seus filhos foram capturados - Voldemort prometeu que não machucaria ninguém - Harry continuou - ele prometeu que vocês ficariam seguros, e tudo o que eu tenho que fazer é ir com ele e me comportar. Você consegue entender, Ron? eu não tenho muita escolha.
- mas e se ele te machucar?
- se ele me machucar, eu provavelmente vou gritar.
- agora não é hora para gracinhas, é de sua segurança que estamos falando - Hermione falou.
- mas é verdade, não há muito que eu possa fazer se ele quiser me machucar, contanto que vocês estejam bem, Voldemort pode fazer o que quiser comigo.
Ninguém tocou no assunto novamente, e Ron e Hermione ajudaram Harry a arrumar o que ele iria levar. Já havia se passado uma semana, e no momento em que Harry voltou para Grimmauld Place ele encontrou uma carta esperando por ele. Na carta, Voldemort o assegurou de que seus amigos ficariam bem, e explicou que Lucius iria lhe buscar em uma semana.
Harry não tinha certeza do que poderia levar consigo, já que a carta apenas mencionava "alguns pertences que ele considerasse importante", mas foi bom usar a desculpa de fazer as malas para se distrair, e distrair os amigos.
Hermione o abraçou como se nunca mais fosse o ver, o que poderia ser verdade, e Ron seguiu seu exemplo. Harry podia jurar que viu Hermione chorando antes de ir embora, e não demorou muito para Lucius aparecer em sua lareira.
Harry respirou fundo algumas vezes, antes de se aproximar do Loiro, prometendo a si mesmo que faria de tudo para não os estressar. Harry sabia que seria difícil controlar o sarcasmo que teimava em sair de sua boca, mas ele tinha anos de experiência com Vernon, e ele conseguia se segurar muito bem... talvez não tão bem assim, mas ele daria seu melhor, e se tivesse sorte, talvez ele não morresse tão cedo.
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Our Souls' Song
FanfictionHarry quis rir quando leu o papel, mas se segurou. Voldemort havia deixado claro que tinha poder o bastante para invadir o ministério e matar todos que encontrasse pelo caminho, mas ele preferiria se o ministério se rendesse sem muito sangue bruxo...