Capítulo 20: Dragões.

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—Não posso aceitar algo se nem sei o que é. —Afirmei, pronta para afastar a mão. Mas os dedos de Jacks roçaram nas pontas do meu, me causando um calafrio e me fazendo ficar parada no lugar, com a mão ainda estendida. —Precisa me dizer o que quer, agora.

—E qual a graça disso? —Cantarolou, deslizando as pontas dos dedos até meu pulso. —Você me mostrou as suas cartas e eu as minhas. É assim que o jogo funciona.

—Mais você pode muito bem pedir para que eu me mate, quando sentir vontade. —Afirmei, engolindo em seco quando os dedos dele se fecharam ao redor do meu pulso. Senti o coração martelando no peito, e a dor dos dois tiros fazendo meu corpo ficar trêmulo.

—Ou eu posso pedir outra coisa. —Ele me puxou para mais perto das grades, curvando os lábios em um sorriso travesso. —Não tem como você saber. Vai ter que aceitar. Porque se não aceitar, não vou ajudar você, vossa graça.

—Pare de me chamar assim. —Afirmei, engolindo com dificuldade, sentindo minha mente ficar nublada pela dor. —Me diga o que quer... agora!

—Não. —Ele me soltou e eu me escorei nas grades, quando meu corpo pareceu subitamente mais fraco. —Você não está se ajudando, sabia? Seria mais fácil aceitar logo.

—Qual é, Jacks. —Gemi, soltando um grunhido de frustração, com minha cabeça latejando sem parar, me esforçando para ficar de pé.

—Só precisa apertar minha mão e jurar. Não é difícil, certo? —Ele deslizou até as grades de novo, roçando os dedos na minha bochecha. Ergui os olhos para encara-lo, sentindo que estava a um passo de desmaiar bem ali.

Fechei meus olhos com força, sabendo que provavelmente me arrependeria daquilo para sempre. Me virei, ficando de frente para as grades, vendo Jacks abrir um sorriso muito grande, percebendo que havia ganhando. Ele estendeu a mão entre as grades, esperando por mim.

—Eu prometo a você, em troca de seus serviços, sua liberdade e... —Engoli em seco, erguendo a mão e finalmente tocando a dele, com meus dedos se fechando ao redor da sua pele, assim como os dele ao redor da minha. —Quando você desejar, em qualquer momento, realizar algo que você me pedir.

Deslizei para frente, agarrando as grades com a mão livre, sentindo o momento que a magia reverberou por todo meu corpo, passando entre mim e Jacks. O sorriso dele ficou muito, muito grande, me fazendo estremecer em nervosismo e ansiedade.

—Viu? Não foi tão difícil. Ele soltou minha mão, me fazendo cambalear para trás. Antes que eu caísse no chão, mãos passaram ao redor do meu corpo, me segurando. Olhei por cima do ombro, encontrando os olhos vermelhos de Tallys e sua respiração presa, enquanto me colocava ereta de novo.

—Você está bem? —Indaguei, vendo ele torcer os lábios. Havia um corte na lateral do rosto, por onde o sangue brotava, mas que eu notava já estar se curando muito rápido.

—Só alguns tiros de raspão. —Ele me olhou de cima a baixo. —Mas você...

—Não tenho a habilidade de me curar sozinha. —Afirmei, engolindo com dificuldade. —Achou algo para abrirmos a cela?

Ele se afastou de mim, olhando pra Jacks um pouco desconfiado, antes de enfiar a mão dentro da jaqueta e puxar um molho de chaves.

—Serve isso? —Ele olhou pra mim, com as sobrancelhas erguidas. —Antes de qualquer coisa, gostaria de saber como vamos passar pelas criaturas das sombras lá em cima? Sabe... eles soltaram todas elas no momento que eu peguei as chaves.

—Ah, bem... —Fiz uma careta, não havia pensando naquilo ainda, mesmo sabendo que teríamos que lidar com aquilo.

—Me solte. —Jacks pediu, exibindo um ar de tranquilidade. —Eu tenho um plano.

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