Capítulo 41: Eu amaldiçoou você.

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Nunca imaginei que poderia ficar tão feliz por meu irmão ser um contrabandista. Sempre pensei nele como alguém que seguia as regras e nunca jamais as quebraria. Mas agora sei que Cal é bem mais do que o círculo do deserto imaginou.

—Seu traidor de merda! —Kallias exclamou, apertando a mão ao redor do meu pescoço. —Não conseguiu dar ouvidos a razão e preferiu salvar sua irmã, mesmo ela sendo acusada de tantas traições diferentes!

—Você tem provas das traições dela? —Cal indagou, enquanto a arma permanecia firme na sua mão. —Ou vocês estão apenas culpando a pessoa mais fácil de se culpar no momento? Ah, não, espera. Eu sou líder do círculo do deserto, sei que estão fazendo exatamente isso, não precisa perder o tempo me respondendo.

—Você vai se arrepender disso, sabia? Seu título será retirado e você vai morrer junto com ela! —Kallias me puxou mais para frente dele, como uma barreira.

—Você não entendeu ainda, não é? —Cal abriu um sorriso pequeno, negando com a cabeça. —Esse título nunca me pertenceu e eu nunca o desejei. Ele era da minha irmã. Quem você acha que a ajudou a fugir de Solaris? —Cal deu um passo a frente. —Sou um contrabandista, não a merda de um criado dos deuses. Agora solte-a ou vou atirar na sua cabeça!

—Você não ousaria! —Kallias rosnou, com a mão que apertava meu pescoço começando a ficar quente demais para eu suportar.

Cal olhou pra mim, voltou a olhar para Kallias e então ergueu uma das sobrancelhas.

—Na verdade, eu ousaria sim. —Ele puxou o gatilho.

Senti meus cabelos sendo jogados para trás quando o som cortou o ar e reverberou pelas paredes rochosas, antes do corpo de Kallias desabar atrás de mim. Olhei para baixo, vendo o sangue ensopando meus pés. Corri até Cal, tropeçando nos corpos pelo caminho até ele me puxar para os seus braços, em apertando em um abraço carinhoso.

—Você está bem? —Indagou, se afastando para olhar meu pescoço. Balancei a cabeça, um pouco confusa.

—Só uma queimadura leve. —Afastei as mãos dele, me virando para procurar meu lenço que havia caído, enquanto via os homens de Cal rendendo os guardas que ainda estavam ali.

—Espera... —Tallys ergueu as mãos pra cima, olhando de Cal pra mim. —Eu não estou entendendo mais nada agora. Pensei que ele não era nosso aliado.

—Pensou errado. —Cal retrucou, fazendo uma careta. —Acha mesmo que eu trairia minha irmã? Ela me criou. Não sou tão filha da puta assim.

—As vezes eu tenho minhas dúvidas. —Tallys murmurou, enquanto eu olhava dele para Lila, sem para, me abaixando para pegar o lenço, antes de passa-lo ao redor do meu pescoço.

—Pra onde vamos? —Lila indagou, enquanto eu voltava a parar na frente de Cal.

—Stella está nos aguardando nas docas com seu navio. Temos que chegar até lá. Temos apenas alguns minutos antes que todos sejam avisados do que aconteceu aqui. —Cal afirmou, me encarando com as sobrancelhas erguidas. —Sabe quem foi?

—Eu sei. —Concordei, vendo ele estender uma arma e coloca-la nas minhas mãos. —Onde está Jacks?

Poeira se ergueu atrás de mim, contaminando o ar quando Jacks pousou, deixando suas asas arrastarem no chão com um som áspero e agonizante.

—Olá, vossa graça. —Olhei pra ele por cima do ombro, vendo-o com um sorrisinho na cara. —Gostou de ficar em uma cela?

Ignorei sua provocação, olhando para Cal, antes de ele indicar a parede que havia destruído. Os guardas já estavam amarrados e devidamente apagados, e nós tínhamos que sair dali, antes que os deuses fossem avisados do que estava acontecendo.

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