Prólogo.

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Muitos dizem que não a nada mais perigoso do que uma mulher furiosa com uma pistola na mão. Mas pra mim, nas areias douradas e claras de Solaris, nada é mais perigoso que uma tempestade de areia, violenta e implacável.

Precisei de mais do que dois segundos para pensar no que fazer, quando ela se chocou com força contra mim, fazendo meu corpo se curvar e meus olhos se fecharem com força, sem antes ser imundado pelas minúsculas areias do deserto. Minha respiração ficou presa na garganta e meus olhos queimaram e se encheram de lagrimas.

—Srta. Aziz! —Alguém gritou meu nome, enquanto eu tentava andar em direção a construção central. —Volte, é perigoso demais!

Reconheci a voz feminina de Meri, repetindo meu nome e gritando para que eu retornasse. Mas só tinha uma coisa que faria a tempestade de areia cessar, magia. A mais pura magia das estrelas, que fluía da grande deusa das estrelas e protegia os domínios do deserto.

—Srta. Aziz, volte, por favor! —Ela gritou de novo, ficando cada vez mais longe de mim.

O lenço sobre meu rosto me protegeu contra a areia violenta, enquanto eu andava contra os ventos violentos, me aproximando cada vez mais da construção que estava no meu caminho. Ao meu redor, a cidade havia se tornado um borrão dourado e inquietante. O som alto da tempestade cobria os gritos que qualquer deus, humano, vampiro ou bruxa poderia estar dando naquele momento.

Minhas mãos se chocaram contra as portas de madeira e eu as empurrei, caindo no chão quando ela se abriu com força, por conta do vento. Me pus de pé e empurrei as portas, trincando os dentes com a pressão que o vento fazia contra elas. As fechei, passando a tranca e finalmente abrindo os olhos, sentindo-os arder e se encherem de lagrimas.

Ao meu redor, a areia cobria o chão e se cochava com força contra as janelas de madeira, tentando entrar ali. Desviei das pilastras que formavam a sala, subindo as escadas até o topo das constelações. Era a grande sala circular, na torre mais alta, onde eu trabalhava controlando e garantindo a segurança da magia das estrelas.

Corri pelo corredor. empurrando as portas de madeira no meu caminho, até alcançar a escada em caracol que subia ate o topo da torre. Minhas pernas estavam doloridas pelo esforço, minha garganta ardia e meus olhos estavam embaçados, assim como minha respiração estava pesada demais.

Empurrei a última porta de madeira, vendo a sala circular repleta de areia e o anel de magia apagado. Corri até as cordas que prendiam as janelas que circulavam a sala, puxando as mesmas até firmar as janelas fechadas. Então fui até o anel de magia, rezando para a deusa das estrelas nos ajudar.

—Precisamos de você. —Afirmei, agarrando a alavanca e empurrando pra cima, ouvindo o som do anel ranger, quando começou a subir, saindo do suporte de madeira circular no chão, até o teto que se abria, revelando os ventos violentos que carregavam as areias.

Me afastei, respirando com dificuldade quando a luz das estrelas infiltrou pelo anel no topo, como sombras azuis cintilantes, até chegar ao suporte de madeira no chão e infiltrar por ele, indo direto para o centro do deserto. Para o coração da cidade.

Os ventos pararam de se chocar contra as janelas. Tudo ficou subitamente silencioso, enquanto eu ainda observava a magia que fluía dos céus até as terras áridas de Solaris. A magia desapareceu segundos depois, deixando o anel prateado no topo do teto triangular, revelar o céu escuro.

A respiração se prendeu na minha garganta, enquanto eu corria até as janelas e as abria. Meus pés giraram meu corpo, enquanto eu olhava todo o horizonte da cidade. Cada pedaço que havia sido atingido pela tempestade. No sul, a caminho do mar e da prisão, a tempestade continuava, varrendo toda cidade pelo caminho.

Puxei o lenço do meu rosto, caminhando até a janela e erguendo os olhos para o céu, encontrando o que antes era repleto de estrelas, pintado com a mais infinita escuridão e nada além disso.



Continua...

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