Soltei minhas coisas no chão, observando o quarto de Jacks. Era igual o meu, mas menos vazio e silencioso, já que eu sentia a presença dele atrás de mim e sua mente tentando achar explicações plausíveis pra eu ter aparecido ali no meio da noite. Eu não pensei muito sobre isso, na verdade. Não tinha o que pensar.
—Alita? —Chamou, quase como um sussurro. —Por que veio aqui?
—Este é seu lar. Vai me perdoar se eu disser que não gostei daqui? —Caminhei até a cama, passando a mão sobre o tecido fino e macio do dossel.
—Também não gosto daqui. Nunca gostei. —Afirmou, coçando a garganta. —Estava com medo de alguém lhe atacar a noite, nossa graça?
—Não. Se isso acontecesse, eu saberia me defender. —Retruquei, olhando pra ele por cima do ombro. —Mas isso não muda o fato de eu não confiar em ninguém aqui.
—Em ninguém? —Ele ergueu as sobrancelhas, cruzando os braços. —Por que veio até aqui, Alita?
—Não confio em ninguém além de você, sabia? —Soltei, me sentando na cama e tirando o lenço dos meus cabelos. —E isso é super irônico, já que você me mataria se isso não acabasse com a sua vida também. Mas você me deve sua lealdade até tudo isso acabar, então...
—Como tem tanta certeza disso? —Indagou, enquanto se aproximava de mim. Olhei ao redor, vendo as chamas das tochas oscilarem, quase se apagando.
—Você me deu um tiro. —O lembrei, passando a mão na perna, onde estava o curativo.
—Estava salvando as nossas vidas. —Retrucou, soltando uma risada. —Apesar de uma parte ter sido pelo tiro que você deu em mim e pelos anos que me deixou preso.
—Você está livre agora. —Fiquei de pé, erguendo o queixo para encara-lo.
—Eu estou preso a você agora. —Dei um passo para trás, com a respiração se prendendo na minha garganta quando ele segurou o lenço ao redor do meu pescoço e inclinou o rosto na minha direção. —E sabe o que vai acontecer quando tudo isso terminar? —Meu sangue esquentou quando seus lábios deslizaram pela minha mandíbula até minha orelha. —Vou garantir que você também esteja presa a mim, Alita. De uma forma que você nunca vai conseguir escapar.
Meu corpo estremeceu quando o rabo dele se enrolou na minha coxa, apertando o local que ele havia me acertado com o tiro. Senti uma fisgada de dor, antes de tudo desaparecer e restar apenas a pressão do rabo dele, se enrolando cada vez mais ali.
—O que acontece quando você tira a dor de alguém? —Indaguei, sentindo a tensão dos músculos dele.
—Sinto como se fosse minha. —Revelou, fazendo meu coração errar algumas batidas quando lembrei do momento que ele retirou a bala da minha perna, sentindo toda a dor no meu lugar.
Fechei meus olhos, mordendo o lábio quando passei meus braços ao redor dos ombros dele, me aproximado a ponto do seu aperto no lenço no meu pescoço diminuir. Jacks ficou tenso, enquanto sua boca ainda estava colada no início da minha mandíbula, fazendo minha pele se arrepiar com sua respiração.
—Pensei que... —Ele hesitou, com os dedos descendo até agarrarem meu quadril. —Pensei que fosse dizer não.
Me afastei para olhar aqueles olhos prateados, sentindo a respiração dele acariciar meus lábios e seu nariz roçar no meu. Meu coração disparou e minha pele se incendiou. Segurei a nuca dele e juntei nossos lábios, sentindo que iria me desmanchar se não fizesse isso logo. Jacks abriu os lábios para receber os meus, soltando um som rouco do fundo da garganta ao me abraçar pela cintura, erguendo minhas pernas ao redor do seu quadril.
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Os Domínios do Deserto
FantasyNas terras do continente Esmeralda, muito se fala sobre os deuses capazes de ditar os dias e as noites, controlando o sol, a lua e as estrelas. Mas outros seres caminham por aquelas terras, reverenciando-os e convivendo com os deuses inferiores, que...