Capítulo 36: Ele salvou minha vida.

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Jacks me agarrou, erguendo voo e atravessando a porta no topo da escada. Caí no chão quando ele me soltou, correndo para fechar a porta e empurrar um dos armários no corredor para tampá-la. Não achava que iria segurá-los por muito tempo, mas qualquer segundo contava.

—Temos que nós reunir com os outros e sair daqui! —Exclamei, disparando no corredor.

—Avise a Stella. Vou atrás de Tallys e Lila. —Jacks afirmou, me fazendo olhá-lo por alguns segundos. Mas ele já estava virando em outro corredor, enquanto eu corria na direção do escritório de Stella.

Escutei as criaturas no andar de baixo, os gritos de horror e desespero. Todos eles, todos eles iriam morrer ou ser transformados naquelas coisas. Nunca ia parar. Eu precisava encontrar logo o culpado de tudo isso para que essas criaturas parassem e voltassem a ser apenas lendas, como sempre deveriam ser. Nem um pouco reais.

—Stella! —Empurrei a porta do escritório, vendo ela carregando várias armas rapidamente. Ergui as mãos e agarrei uma espingarda quando ela lançou pra mim, com uma expressão ansisoa.

—Amigos seus? —Indagou, escondendo várias facas nas roupas.

—Aquilo não é amigo de ninguém, Stella. Temos que sair daqui ou vamos todos morrer. —Afirmei, erguendo a espingarda e mirando para o corredor quando ouvi o som daquelas coisas que aproximando.

—Onde estão os outros? —Stella caminhou até uma parede de estante de livros, procurando alguma coisa nela.

—Jacks foi pegá-los. —Dei um passo para trás. Mais para dentro do cômodo quando tudo ficou estranhamente silencioso. Tanto do lado de fora, nas ruas, quanto ali dentro daquela construção. —Stella...

—Venha. Jacks é esperto e vai cuidar deles. —Olhei pra ela rapidamente, vendo que a estante tinha dado lugar a uma passagem secreta. —Além do mais, ele pode voar. Nós duas não.

Olhei mais uma vez para o corredor, esperando ver eles aparecendo alo. Mas escutei apenas um grunhido daquelas coisas. Corri e fechei a porta, antes de disparar em direção a Stella, que já estava entrando naquela passagem.

Stella me entregou uma tocha, com as chamas clareando o que parecia uma escadaria que descia para a escuridão, enquanto empurrava a estante de volta para o lugar e nos fechava ali. Engoli o nó que se formou na minha garganta e segurei com mais firmeza a tocha, antes de seguir Stella quando ela começou a descer a escada.

—Eles não podem entrar aqui, certo? —Indaguei, mesmo achando que aquelas coisas entrariam em qualquer lugar que quisessem.

—Os túneis são extensos e tem saída em vários lugares diferentes. —Stella me lançou um olhar por cima do ombro. —Não posso prometer nada. Mas acho que eles não encontrariam a entrada com tanta facilidade assim. —Ela suspirou longamente. —Como são?

—Tem o corpo parecido com o de um cervo, mas é muito maior que um. É feito de ossos retorcidos e carne. Magro demais. —Comecei a me lembrar, com um arrepio passando por todo meu corpo. —Nas patas tem um grupo de cinco garras em cada uma, longas e afiadas. A cabeça, fina e com aparência grotesca. A boca  larga e repleta de dentes afiados e finos. Bem no topo, também feita de ossos retorcidos, um par de chifres longos e muito perigosos.

—Puta merda, hein. —Stella chiou, quase caindo nas escadas. —Por que essas merdas sempre tem que existir? Quais são os deuses que criam essas coisas?

—Um Deus muito infeliz, aposto. —Olhei para o topo da escadaria, já sem poder enxergar a parede por onde passamos. O som ali dentro era abafado e sombrio. Não podemos ouvir nada do que acontecia lá fora. Não sabia se deveria ficar feliz ou não com isso. Era assustador.

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