Encarei o papel que continha um rascunho do meu rosto, juntamente com o valor pago para quem me encontrasse. Puxei o segundo papel que estava embaixo, encontrando agora um desenho de Tallys, com o mesmo valor em moedas de ouro de recompensa.
Lila e Jacks eram os únicos sem um cartaz de procurados. Mas Lila porque, provavelmente, ninguém sabe que ela está com a gente. E Jacks porque ninguém sabe quem ele é. Mas os dois cartazes deixam claro que estavam andando por aí com um peregrino e que somos suspeitos do roubo da magia.
—Pelo menos eu fiquei bonito. —Tallys comentou, observando o desenho do seu rosto com muito interesse. Dei uma cotovelada nas suas costelas, escutando ele soltar uma risada. —O que? É rir pra não chorar, certo? —Ele deu de ombros. —Além do mais, já estavam colocando a culpa em nós muito antes de invadirmos Montear.
—É, mas agora qualquer um que queira um bom punhado de moedas vai ficar mais do que feliz em nos pegar e nos entregar! —Afirmei, soltando uma respiração pesada.
—Isso inclui todos os grupos de contrabandistas daqui e qualquer bandido que os reconheça. —Stella afirmou, batucando os dedos na mesa. —Temos que deixar o mercado negro imediatamente. Vocês perambularam por aí, já devem ter sido reconhecidos.
—E vamos pra onde agora? Sem mais nenhuma pista? —Lila indagou, parecendo frustrada. —Nem mesmo Jacks está servindo pra alguma coisa. Estou começando a achar que foi apenas perda de tempo ter ido até lá soltá-lo. Alita quase morreu no processo!
—Não posso rastrear uma magia, se nem sequer há sinal dela pelo ambiente. —Jacks sibilou, lançando um olhar de desafiador pra ela, enquanto a olhava de cima a baixo. —Mas se tiver uma sugestão do que fazermos, bruxa, fique a vontade para abrir a boca. Você também não serviu pra muita coisa desde que veio aqui.
—Eu curei todo mundo, depois da missão fracassada de vocês no palácio de Montear! —Ela retrucou, fulminando Jacks com os olhos. Fiz uma careta, esfregando meu rosto com a mão, me sentindo mais frustrada pelos dois estarem discutindo do que por qualquer outra coisa.
—Como se não existissem outras bruxas por aí para fazer isso. —Jacks soltou uma risadinha, cerrando os olhos. —Entre eu, você e Tallys, quem você acha que ficaria pra trás caso alguma merda desse errado? —Ele ergueu as sobrancelhas. —Tallys é o melhor amigo dela. Alita o salvaria primeiro. Eu iria em segundo, porque sou muito mais útil do que você.
—Jacks! —Alertei, vendo ele abrir um sorriso venenoso para Lila e erguer as mãos para o alto, como se estivesse se rendendo. —Eu não deixaria Lila para trás. Você não está ajudando. Só está piorando tudo.
—Não de falsas esperanças a ela, vossa graça. —Ele me olhou de cima a baixo, repuxando os lábios em reprovação. —Sabe que eu estou falando a verdade.
—Não, não está! —Retruquei, percebendo o brilho malicioso que estava no rosto dele.
Não sei o que estava acontecendo ali. Jacks não havia sido grosseiro com ninguém além de mim até aquele momento. Mas ali, naquele momento, ele parecia muito interessado em ser um babaca com Lila, gratuitamente.
—Vamos voltar para o seu navio então, Stella. É o único lugar minimamente seguro agora. —Afirmei, engolindo o nó que se formou na minha garganta. —A não ser que alguém tenha outra grande ideia, ou um esconderijo muito, muito bom para todos nós.
—Vamos para Atlantis. Ninguém lá vai estar preocupado com isso. —Jacks declarou, me fazendo erguer as sobrancelhas. —Estaremos protegidos e eu posso procurar a magia com a ajuda dos feiticeiros.
—Não me parece uma boa ideia. —Tallys afirmou, fazendo Jacks revirar os olhos. —Cara, só estou pensando... uma guerra já aconteceu com os feiticeiros por conta da magia. Não acho que seja uma boa ideia pedir a ajuda deles para encontrar justamente a magia pela qual eles começaram uma guerra.
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Os Domínios do Deserto
FantasiNas terras do continente Esmeralda, muito se fala sobre os deuses capazes de ditar os dias e as noites, controlando o sol, a lua e as estrelas. Mas outros seres caminham por aquelas terras, reverenciando-os e convivendo com os deuses inferiores, que...