Capítulo 59: Magia do sol.

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Minha mente demorou para processar o que havia acabado de acontecer ali, porque em um segundo a magia estava rolando pelo chão e no outro estava sendo absorvida pelo corpo de Jacks como se não fosse nada. Isso me fez perceber o quanto eles eram mais fortes do que eu imaginava e porque no final da guerra de séculos atrás os peregrinos foram excluídos nesse território congelado e esquecido.

—Temos que ir! —Exclamou, me agarrando pela cintura e me girando na direção da outra porta que havia naquela sala. Olhei para trás, percebendo que os irmãos dele haviam sumido dali, assim como Maximus. —Essa é a ala particular dele. Vamos ter que sair por aqui.

—Mas e a Stella e o Jacks? —Indaguei, olhando para a porta atrás de nós, enquanto percorríamos o corredor, vendo que meus homens já estavam vindo atrás de nós, atirando para trás e gritando ordens uns aos outros.

—Mandei um vampiro ir até lá avisa-los. Preciso que siga o corredor de vire à esquerda duas vezes e entre na segunda porta à direita. —Jacks indicou que eu seguisse. —Vou tentar atrasa-los. Armas não vão parar peregrinos e muito menos feiticeiros.

—Mas... —Eu ia hesitar, mas olhei pra expressão dura do rosto dele e bufei. —Vê se não morre.

—Não se preocupe, vou cuidar bem daquela magia. —Ele criou o que parecia um sol na palma da sua mão, antes de piscar pra mim e passar em meio aos homens que atiravam, sumindo naquela sala de novo.

—Vocês, venham comigo! —Disparei pelo corredor, seguindo às instituições de Jacks.

Virei à esquerda a primeira vez, pegando uma espingarda quando um deles lançou uma pra mim. Então virei uma segunda vez, mirando a medida que seguia o caminho. Parei na frente da porta, erguendo o pé e a chutando com toda força que tinha. A porta se escancarou e eu entrei, parando de andar quando um cano de espingarda foi erguido na minha direção.

—Bree... —Abaixei minha arma, vendo a mãe de Jacks abrir as asas, como se aquilo fosse um modo defensivo. —Baixem as armas! —Mandei, olhando por cima do ombro para meus homens e então me virei pra ela de novo. —Bree, nos não queremos te machucar.

—Onde está meu marido? —Indagou, fazendo meus lábios se comprimirem.

—Eu não sei. Ele sumiu assim que tiramos a magia do sol dele. —Afirmei, vendo a espingarda tremer nas mãos dela. —Você sabia que estava com ele?

—Sabia. —Confirmou, e eu senti uma pontada de decepção, porque eu esperava realmente que ela fosse melhor que o restante da família. —Ele é meu marido. Não podia esperar que eu traísse ele.

—Tem razão, eu não posso esperar isso de você. —Umedeci os lábios com a língua, ouvindo o som de sinos tocando do lado de fora, provavelmente para alertar do que estávamos fazendo. —Mas Jacks pode esperar de você alguma ajuda e preocupação?

Ela engoliu em seco, hesitando antes de finalmente abaixar a espingarda. Dei um passo para trás quando perdi o equilíbrio, sentindo alguém me segurar quando o chão tremeu como se algo estivesse explodido em algum lugar daquele castelo.

Olhei para trás quando Jacks passou pela porta, carregando Tallys junto com aquele vampiro de mais cedo. Stella estava logo atrás com seus homens.

—Se iam fazer merda, podiam ter nos avisado. —Exclamou, fechando a porta enquanto alguns homens empurravam um armário para frente dela.

—Eu não tenho paz nem quando vou morrer. —Tallys resmungou, soltando um gemido de dor.

—Mãe... —Jacks hesitou, olhando pra ela com o rosto impassível. —Pode nos ajudar a sair daqui? Por favor.

Ela olhou pra ele, desviando os olhos pra mim de novo, antes de encara-lo uma última vez e balançar a cabeça afirmativamente. Observei ela se virar e caminhar até uma das paredes de pedra, fazendo um movimento com a mão que fez as pedras se moverem, se afastando e regredindo para os lados, como se fosse abrir uma porta. Mas quando as pedras pararam de se mover, foi para criar duas pilastras. Uma de cada lado de um espelho que ia do chão ao teto.

—Ele vai sair em uma cabana abandonada a dois dias do litoral. —Afirmou, se afastando e olhando para Jacks. —Precisam ir rápido.

Deixei que os homens fossem primeiro, levando Tallys junto consigo. Observei eles irem desaparecendo a medida que entravam no espelho, até olhar pra trás e ver Jacks dando um último abraço na mãe.

—Te vejo do outro lado. —Stella murmurou, antes de atravessar o espelho, deixando apenas eu e Jacks ali.

—Temos que ir. —Falei pra ele, olhando para sua mãe e abrindo um sorriso fraco. —Obrigada por isso. E eu acho que deveria contar a você antes de ir... —Ajustei o lenço sobre meus cabelos, sem graça. —Eu meio que atirei no seu marido e nos seus filhos. —Olhei para Jacks, vendo ele erguer uma das sobrancelhas. —Todos os filhos.

Ela olhou para Jacks, parecendo surpresa, antes de se virar pra mim quando ele se aproximou e parou ao meu lado.

—Pode me agradecer cuidando muito bem dele. —Ela olhou para Jacks, abrindo um sorriso triste. —Sempre soube que seu lugar não era aqui. Você era diferente demais dos seus irmãos.

—Volto para ver você. —Jacks afirmou, enquanto eu segurava a mão dele e caminhava em direção ao espelho. —Prometo que volto.

Ela assentiu e sorriu. Então eu e Jacks passamos pelo espelho, chegando a sala abandonada e, tomada pela floresta, de uma cabana. Dei um passo para trás e olhei para o espelho quando ele rachou e então se desfez em milhões de pedaços, deixando apenas a parede velha e acabada.

—Você ainda está com a magia, certo? —Ergui os olhos para Jacks, vendo ele tombar a cabeça de lado e rir.

—Eu estou. —Suspirou, chutando os pedaços do espelho. —Agora só faltam duas.



Continua...

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