Capítulo 57: Fonte de magia.

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Agarrei o tecido da camisa dele, terminando de rasgá-la enquanto via mais cortes surgindo a medida que o tecido era retirado do peito dele. Minha garganta se fechou e meu estômago se revirou com a visão.

—Tallys... —Soltei uma respiração pesada, com os dedos tremendo ao segurar o rosto. —Tallys? Por favor, fala comigo, Tallys!

—Alita, espere... —Jacks tentou me tirar de perto dele, mas empurrei as mãos dele para longe, agarrando o rosto de Tallys e o balançando.

—Tallys? —Exclamei, sentindo meu coração martelando do peito. —Por favor, por favor... isso não pode estar acontecendo de novo.

—Eu... eu estou bem. —Tallys soltou, tão baixo que parecia um sussurro. Meus olhos ficaram embaçados pelas lágrimas, enquanto eu balançava a cabeça negativamente. —Eu vou... eu vou me curar sozinho.

Ele ergueu um pouco a cabeça, com os olhos pesados ao encarar os ferimentos no peito. Os pequenos cortes estavam desaparecendo, mas os grandes que dilaceraram sua pele pareciam ficar piores a cada momento. Meu peito se apertou quando pensei na possibilidade de perder Tallys também.

—Por favor... —Fechei meus olhos com força, segurando o rosto dele. —Não posso fazer isso sem você, Tallys. Não posso.

—Alita, eu vou me curar. —Prometeu, com a voz tremendo. —Só... só preciso de um segundo, amor. Ju.. juro, vou ficar bem.

Mas ele não estava ficando bem. As pessoas corriam ao nosso redor, carregando feridos e tentando ajudá-los enquanto seus ferimentos ficavam piores a cada segundo, se preparando para a criatura que estava prestes a surgir.

—Jacks, faça alguma coisa. Por favor, tem a que existir alguma coisa. —Implorei, me voltando pra ele com o rosto manchado de lágrimas. —Por favor, por mim, faça alguma coisa.

—Alita... —Ele hesitou, olhando para Tallys como uma expressão vazia. —Não podemos fazer nada, você sabe. Se ele não se curar sozinho... ele é um vampiro, tem mais chances de resistir aquilo que os outros. Mas não podemos fazer nada.

—Tenta! —Exclamei, olhando ao redor, procurando por um mago ou um feiticeiro, mas todos eles pareciam ocupados com seu próprio povo. —Eu preciso de um mago aqui! —Gritei, vendo meus homens correrem pelo meio das casas, pedindo ajuda. —Jacks, por favor, faça alguma coisa.

Olhei para Tallys de novo, vendo os olhos dele fitando o céu, enquanto ele respirava com dificuldade, com todo o corpo tenso e rígido. Os ferimentos pareciam querer se curar, mas estava acontecendo tão lentamente que eu tinha absoluta certeza que iríamos perdê-lo.

—Me deixe ver. Coloque a cabeça dele no seu colo. —Jacks foi para o outro lado, enquanto eu fazia o que ele pedia, me sentando no chão e puxando a cabeça de Tallys para o meu colo, ouvindo ele soltar um suspiro trêmulo.

Jacks encarou os machucados dele, comprimindo os lábios ao segurar o braço de Tallys. Ergui os olhos para Jacks quando o corpo todo de Tallys relaxou, como se ele não estivesse mais sentido dor, apenas para encontrá-lo com a mandíbula cerrada e os olhos parecendo ainda mais intensos com aquele tom prateado.

—Ele está ficando fraco. —Encarei a pessoa que disse aquilo, vendo um dos vampiros que trabalhava com Stella falar, enquanto observava Tallys. —Ele pode se curar e sobreviver ao veneno das criaturas, mas precisa de sangue. Precisar ficar forte pra isso.

Olhei para Jacks, vendo o cálice surgir nas mãos dele e logo ficar cheio com sangue até as bordas. Ergui mais a cabeça de Tallys, percebendo que ele estava tremendo ao abrir a boca para receber aquilo. Mas antes que o sangue tocasse os lábios de Tallys, eu segurei o braço de Jacks.

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