Capítulo 64: Noite sem estrelas.

884 190 21
                                    

Encontramos o navio de Stella no rio central entre os territórios dos deuses. Depois de longas discussões sobre o que fazer, Cal lembrou que Sallow também estava envolvido nisso tudo e que também precisava ser pego. Então, Tallys estava de pé, pronto para ir com Cal até Montear, enquanto eu ia com os outros até Solaris. Se Terraria tinha um novo líder depois da morte de Kallias, não sabíamos.

—Lembrem-se, vamos pegar eles e então nos encontramos na Catedral. —Falei, enquanto pegava minhas coisas e carregava minha espingarda. —Tentem não perderem tempo la.

—Tente não dar um tiro na cabeça de Meri. —Tallys murmurou, soltando uma risadinha. —Apesar disso soar muito tentador.

—Tomem cuidado. —Dei um abraço em Cal e depois em Tallys, vendo eles se preparando para descer do navio. —Nos encontramos na Catedral.

—Boa sorte. —Jacks murmurou, parecendo mais interessado em brincar com a magia do sol nas suas mãos.

Tallys e Cal acenaram e então começaram a descer a rampa. Observei Lori passar correndo pelo meio das minhas pernas, antes de Stella surgir e correr até os dois.

—Tallys? —Chamou, parando na frente dele quando o mesmo se virou, um pouco surpreso e nervoso. Stella nunca falava com ele. Ela o respondia e o evitava desde o início. Mas agora estava parada na frente dele, olhando pra ele com os olhos super iluminados.

—Precisa de alguma coisa? —Tallys indagou, engolindo em seco.

—Trouxe isso pra você. —Ela tirou um frasco do bolso da jaqueta, repleto de sangue e entregou a ele. —É meu. —Ela engoliu com dificuldade. —Meu sangue, quero dizer.

—Claro. —Tallys pegou o frasco e observou o líquido vermelho, antes de guarda-lo nas suas coisas. —Obrigada.

—Tome cuidado. —Ela comprimiu os lábios. —Por favor.

Antes que Tallys respondesse, Stella ficou na ponta dos pés e segurou no colarinho da roupa dele, juntando os lábios dos dois em segundos e então se afastando. Ela virou as costas e saiu dali sem olhar pra ninguém, deixando Tallys parado no meio da rampa completamente congelado. Abri um sorriso quando Cal agarrou o braço dele e os dois sumiram dali, deixando apenas a lembrança do que aconteceu para trás.

[...]

Chegamos me Solaris no início da noite. Atravessei a sala de espelhos que dava para a loja do vampiro que nós tirou de lá quando estávamos indo pra Montear. Dessa vez ele não fez perguntas, apenas recebeu o pagamento e nos deixou ir. As ruas estavam silenciosas e vazias. A areia cobria as ruas de pedra a medida que caminhávamos até o palácio.

Mas quando chegamos lá, Jacks voo até o escritório para encontrá-lo vazio, assim como o restante da construção. Depois, mostrei a ele onde era a casa de Meri, mas quando ele retornou de lá, também não havia encontrado-a. O que só nós levava a um único lugar restante que ela poderia estar.

—Eu vou sozinha. —Falei, olhando para a torre das estrelas a nossa frente, sentindo uma certa nostalgia por estar indo até lá de novo, depois de tantos dias.

—Tem certeza? —Jacks murmurou, comprimindo os lábios em reprovação.

—Tenho sim. Me esperem aqui. Fiquem de guarda. —Afirmei, seguindo a diante sem os dois.

Empurrei as portas de madeira, entrando na sala principal e deixando que as portas se fechassem com um estrondo atrás de mim. Ajustando o lenço sobre meus cabelos, comecei a subir as escadas que davam para a torre, sabendo que dessa vez encontraria Meri lá.

Me perguntei se havia deixado alguma coisa passar. Se em algum momento Meri deixou claro que estava me traindo. Mas ela inocente demais. Boa demais. Doce demais. Tudo era demais para se desconfiar. Esse era o problema, a traição sempre vinha de onde você menos esperava. Eu odiava isso mais do que tudo.

Quando enfim estava dentro da torre, com aquelas paredes circulares abertas revelando a noite sem estrelas, encontrei ela movendo o anel de magia, como se esperasse encontrar alguma coisa ali. Mas ela sabia muito bem que não havia nada ali.

—Olá, Meri. —Falei, vendo ela se virar pra mim assustada, com os olhos se arregalando e o rosto ficando vermelho.

—Alita? —Ela hesitou, franzindo a testa. —Você voltou... Conseguiu a magia? Trouxe-a de volta?

—Consegui uma delas. —Umedeci os lábios com a língua, tirando o lenço dos meus cabelos para deixar ao redor do meu pescoço, antes de fita-la. —Mas acho que você já sabe disso. Assim como sabia onde elas estavam todo esse tempo.


Continua...

Os Domínios do Deserto Onde histórias criam vida. Descubra agora