Observei cada parte do corpo da deusa das estrelas queimar e virar cinzas. Stella estava ao meu lado, apertando o frasco com o sangue entre os dedos, com uma expressão tensa.
—Agora faltam dois deles. —Murmurou, engolindo em seco. —Cada um deles com um poder parecido com esse.
—Não é nem perto do poder total que eles deveriam possuir, Stella. Lembra-se, o poder foi usado pra criar as criaturas. —Olhei pra ela, umedecendo os lábios com a língua. —Precisamos matar os outros dois, então as criaturas também vão morrer.
—Tem certeza disso? —Stella pareceu cética.
—Estou me baseando no que Meri me disse. Não tenho certeza, está bem? —Afirmei, soltando uma respiração pesada. —Mas acho que não temos muito a perder agora, Stella. É seguir em frente.
—Matar os deuses. —Ela fez uma careta. —Tudo bem. O que temos a perder? Eu já vivi o suficiente mesmo.
Revirei meus olhos e empurrei as portas que davam para os corredores do palácio da Catedral, o lar dos deuses. E sem esperar por Stella, fui adiante com a cabeça erguida e a arma pronta para disparar de novo.
[...]
Os corredores estavam estranhamente silencioso. Ou talvez eles apenas sabiam que estávamos ali e o que pretendíamos fazer. Sempre pensei que os grandes deuses viam e sabiam de tudo, porque eles sempre estavam um passo à frente de todos nós. Agora, prestes a entrar na sala central da Catedral, tinha certeza que meu coração ia parar de bater com o tamanho do meu nervosismo. A magia das estrelas ainda estava zunindo nos meus ossos, me fazendo ficar em alerta e ao mesmo tempo exausta.
Empurrei as portas de madeira que estavam no caminho, sentindo o sangue latejar na minha cabeça quando vi os deuses sentados em seus tronos. Sol e Lua, além do terceiro trono estar completamente vazio. Ambos olharam para nós com as sobrancelhas erguidas e expressões nada surpresas. É claro que, em vista da nossa facilidade em chegar até aquela sala sem problemas, minha teoria sobre eles saberem de tudo estava certa. Ou Meri fez um ótimo trabalho me traindo de novo. Eu não ficaria surpresa.
Entrei na sala a passos lentos, com Stella ao meu lado e um grupo de contrabandistas atrás de nós. Certamente não éramos fortes o suficiente para bater de frente com três deuses ao mesmo tempo, com seus poderes. Mas eles eram apenas dois e não tinham um milésimo de poder que deveriam ter.
—Estávamos esperando por vocês. —O deus do sol murmurou, se inclinado para frente, com um ar que chegava a ser casual demais. —Soube que está com algo que me pertence, srta. Aziz.
—O poder do sol? —Abri um sorriso torto. —Sou uma deusa como você, acho que isso me faz dona daquele poder também.
—Está indo por um caminho perigoso. —A deusa da lua falou, avaliando o grupo de homens atrás de nós. —Deveria repensar um pouco seus atos.
—Eu já pensei o suficiente. Estou pensando desde o momento que isso começou. —Afirmei, me aproximando mais de onde eles estavam. —Me aliei a pessoas que queriam me matar. Passei por territórios até então desconhecidos. Conheci um outro lado da magia. Outros seres completamente diferentes de nós. Quase fui morta e amaldiçoada. Quase perdi meu irmão. Tudo isso porque queria descobrir quem havia começado isso é roubado a magia. Tudo isso porque acreditava em vocês. —Prossegui, sentindo meu coração disparar. —Fui traída mais de uma vez por pessoas que eu confiava cegamente. Então, sim, eu já repensei todas as minhas escolhas diversas vezes. Tenho certeza do que quero fazer aqui e mais certeza ainda de que não irei me arrepender.
—Isso vai matar você. —O deus do som declarou, apertando os dedos no braço do trono. —Isso vai matar você e todos os seus amigos.
—Vocês não queriam eliminar mais da metade dos deuses? Da sua própria espécie? —Tombei a cabeça de lado e erguia a arma, observando o metal contra meus dedos. —Posso jogar o mesmo jogo que vocês. Só que nesse, vocês não vão sair vivos.
—Não nos ameace! —Ele disparou, ficando de pé. —Você não sabe o que tivemos que fazer pra chegamos até aqui. O que tivemos que abrir mão. Não vamos ser parados por um grupo de bandidos...
Sua atenção foi pra algo atrás de nós. Olhei por cima do ombro, abrindo um sorriso quando o restante dos contrabandistas entrou no salão, logo atrás de Jacks, Cal e Tallys. Pela expressão no rosto deles, tinham visto as cinzas da deusa das estrelas na sala dos espelhos, junto com aquela areia prateada.
—Espero que não estejamos atrasados para a festa. —Tallys murmurou, abrindo um sorriso encantador para os deuses. —Soube que o sangue de vocês é o prato principal.
—Vocês chegaram bem na hora. —Stella afirmou, brincando com os dois frascos entre seus dedos. —Mais um pouco e iam perder o banquete.
Soltei uma risada, me virando para os deuses com as sobrancelhas erguidas. A deusa da lua ficou de pé também, trocando um olhar penetrante com o seu igual. Apertei a arma na minha mão, puxando a outra pistola que estava na minha cintura, sentindo a magia tomando conta da sala. Deixando o ar carregado.
—Podemos ir embora se me derem um pouco do sangue de cada um. —Falei, passando a língua sobre os lábios. —E prometerem acabar com essa piada de roubo da magia.
—E por que faríamos tal coisa? —A deusa da lua estalou a língua, piscando os olhos de uma forma inocente. —Não temos absolutamente nada a ganhar fazendo o que a senhoria pede.
O palácio estremeceu. O som de grunhidos reverberou pelas paredes. Comecei a olhar para as portas que davam para aquele salão, enquanto nossos grupo formava um círculo, com as armas erguidas e prontas para atirar.
—Estão vindo. —Jacks exclamou, me lançando um olhar carregado. —O que quer fazer?
—Vamos distrair as criaturas. —Afirmei, ficando com meu corpo imóvel quando aquelas bestas selvagens entraram no salão, saltando sobre as garras e ficando entre nós e os deuses. —E matar os deuses no processo.
Continua...
......
Vou terminar de escrever os três últimos capítulos e então postar tudo junto. Então pode não ter capítulo amanhã, mas eu logo volto com o final.
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Os Domínios do Deserto
FantasyNas terras do continente Esmeralda, muito se fala sobre os deuses capazes de ditar os dias e as noites, controlando o sol, a lua e as estrelas. Mas outros seres caminham por aquelas terras, reverenciando-os e convivendo com os deuses inferiores, que...