Me aproximei do anel de magia e olhei para o objeto imóvel que um dia absorvia a magia dos deuses para os territórios. Quando todos os deuses tinham poderes esses anéis não eram necessários, porque todos tinham o dever de ajudar a terra e a vida. Mas agora três deles tem os poderes e querem acabar com o restante de nós. Querem acabar com sua própria espécie porque o poder está vindo em primeiro lugar.
—Nosso sangue é mágico. —Murmurei, lembrando das palavras de Maximus.
—O que vai fazer? —Meri se manteve afastada de mim, me observando com os olhos muito abertos.
—Continue no seu posto como líder do círculo do deserto, Meri. Em breve você receberá novas ordens. —Afirmei, me encaminhando em direção a saída. —Vou resolver isso essa noite.
Deixei Meri para trás, saindo da torre das estrelas para encontrar Jacks e Stella me esperando do lado de fora, nervosos e ansiosos. Olhei para ambos com tentando pensar no que dizer pra resumir toda a história, porque nada parecia fácil o bastante pra descrever o que ia acontecer e o que já tinha acontecido.
—Onde ela está? Você a matou? —Stella indagou, olhando para a porta atrás de mim. Neguei com a cabeça e suspirei.
—Foram os deuses desde o início. A magia das estrelas e da lua foi usada pra criar as criaturas. Eles pretendem matar quase todos os deuses inferiores. —Comecei a caminhar em direção ao palácio, sabendo perfeitamente o que precisava fazer daquele momento em diante.
Enquanto percorríamos as ruas, contei a eles tudo que sabia e tudo que pretendia fazer.
[...]
Entrei na minha antiga sala, indo até o armário e revirando tudo. A maioria das coisas ainda estava no lugar que eu havia deixado, como se Meri e Cal não tivessem mexido em nada. Encontrei três pequenos frascos vazios em uma caixa e os enfiei no bolso, antes de descer para ir encontrar Stella e Jacks na sala dos espelhos.
—Preciso que vá até Montear e avise Cal e Tallys. —Afirmei, parando na frente de Jacks. —Podem deixar Sallow, ele não é nosso maior problema e sim os deuses. Quero que os encontre, os avise e então vão até a Catedral nos encontrar.
—E você? —Indagou, olhando para o espelho da Catedral. —Vai até lá com Stella? Não acha que deveríamos pensar nisso?
—Pensar no que, exatamente? —Indaguei, umedecendo os lábios com a língua. —Eles querem matar parte da própria espécie porque se sentem ameaçados, Jacks. Não tenho o que pensar sobre isso. Sei o que vou fazer.
—Eu posso ir. —Stella propôs e eu balancei a cabeça negativamente, jogando os frascos na direção dela, que os encarou com as sobrancelhas erguidas.
—Você vem comigo. —Olhei para Jacks. —Você está com a magia do sol. Não o quero perto deles até que tenhamos matado pelos menos um deles.
Jacks me observou por longos segundos e então balançou a cabeça positivamente, olhando na direção do espelho de Montear, antes de me encarar de novo.
—Seu povo não é o vilão no final das contas. —Afirmei, passando a arma de uma mão para a outra. —É o meu povo.
—Todos temos nossos próprios vilões, querida. A diferença é como cada um de nós age em relação a eles. —Ele segurou meu queixo e deixou um beijo nos meus lábios. —Tente não se matar até eu voltar.
—Não posso prometer nada. —Falei, vendo-o caminhar até o espelho e olhar pra mim por cima das asas, antes de desaparecer completamente em Montear.
Me virei para Stella, que estava guardando os frascos na jaqueta, em um lugar fácil de pega-los. Engoli o nó que se formou na minha garganta e olhei os espelhos, até caminhar e parar na frente daquele que levava até a Catedral.
—Tudo bem? —Questionei quando Stella parou ao meu lado, soltando uma respiração pesada.
—Tudo bem, claro. —Ela riu. —Já passei por coisas piores na minha vida, não é? Matar meus próprios deuses não é absolutamente nada.
Olhei pra ela, sentindo meu coração disparar dentro do peito.
—Nos somos amigas, Stella? —Indaguei, vendo ela franzir a testa e olhar pra mim. —Estou só checando, caso uma de nós morra. Você disse que não éramos da última vez.
—Claro, só checando. —Ela balançou a cabeça e segurou minha mão. —Nos somos amigas. Pode chorar sobre meu corpo se eu morrer então.
—Bom saber. —Afirmei, sentindo meus ombros ficarem tensos. —Vamos juntas.
E nós passamos pelo espelho, sentindo a magia nos levar até a Catedral. Meus pés pisaram na sala circular, com a respiração se prendendo na minha garganta. Não precisaríamos ir muito longe, porque a deusa das estrelas estava parada em frente as portas fechadas, como se estivesse esperando por nós, completamente sozinha.
Continua...
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Os Domínios do Deserto
FantasyNas terras do continente Esmeralda, muito se fala sobre os deuses capazes de ditar os dias e as noites, controlando o sol, a lua e as estrelas. Mas outros seres caminham por aquelas terras, reverenciando-os e convivendo com os deuses inferiores, que...