Ao Som do Coração

Capítulo 24

A nave pousou no vale de entrada de Argo City, antes de descerem Kara tirou seu uniforme de Supergirl e o guardou em um dos compartimentos da nave. As duas desceram e Alura estava no portal de entrada para lhes dar as boas-vindas; Kara foi a primeira a receber seu abraço caloroso, logo em seguida foi a vez de Lena que meio sem jeito retribui o abraço da mãe de Kara.

— Como foi a viagem?

— Foi tranquila. Como estão as coisas por aqui, mãe?

— Excelentes, e você, Lena, gostou da viagem?

— Foi boa.

— Só boa?! Achei que seria no mínimo fascinante a sua primeira viagem pelo espaço, principalmente para você.

Lena ficou estranhamente envergonhada e o rubor subiu por seu rosto, a resposta de Kara a mãe não ajudou muito:

— É timidez, mãe. Lena ficou mais do que fascinada, tinha que ver o olhar dela quando avistou a Terra, até chorar ela chorou.

— Kara! Eu não chorei coisa nenhuma.

— Chorou sim que eu vi.

— Não, não chorei, foi só... só... uma irritação momentânea pela mudança atmosférica.

— Atmosférica, sei!

— Kara, para de implicar com ela. Eu aceito a "mudança atmosférica". Venham, já preparei tudo para a chegada de vocês.

A casa tinha uma atmosfera aconchegante, Alura instalou Lena em um quarto cuja janela recebia o que se assemelhava ao nascer do sol. Era pequeno com apenas uma cama, uma espécie de poltrona e, na parede oposta a cama, gavetas, espelho e prateleira saltavam para o uso a um simples toque. Lena jogou-se de costas na cama e ficou sentindo por alguns minutos o cheiro que lembrava um pouco as flores que encontrou em Retezat quando de sua única viagem de férias que tirara na vida.

Enquanto esperavam Lena para o jantar Kara e Alura cozinhavam e conversavam animadamente na cozinha, Kara contava sobre suas últimas aventuras evitando com cuidado tocar no assunto de sua relação com Lena, sabia que seria bem difícil esconder de sua mãe seus reais sentimentos por ela, mas ainda assim estava tentando. Assim falaram sobre tudo, Alex e Kelly, Eliza, seu trabalho na CatCo e no DEO, mas sempre que o assunto virava para Lena, Kara dava um jeito de desviar a conversa, ainda não estava pronta para discutir com Alura ou com quem quer que seja sobre o que passava em seu coração sempre que via Lena.

As duas estavam nessa conversa animada quando Lena chegou à porta da cozinha. Por alguns minutos ela apenas observou a cumplicidade de mãe e filha, uma paz percorreu seu espírito ao ouvir a risada espontânea de Kara.

— Lena. Venha, o jantar está quase pronto.

— É você quem está cozinhando? Não sei se estou pronta para isso!

— Muito engraçado, não, minha mãe quem fez eu só ajudei. Não quero que tenha uma indigestão em sua primeira noite aqui.

— Talvez seja por isso que esteja cheirando tão bem. E o que temos para jantar?

— Não, isso é surpresa — Alura responde na frente da filha — por que vocês duas não colocam a mesa enquanto termino aqui?

— Certo, mãe.

Alura observou as duas deixarem a cozinha e enquanto esperava os minutos finais do cozido, pegou em um dos compartimentos o Pager intergaláctico criado pelo Brainy para se comunicarem neste plano louco da Alex que agora não parecia mais tão absurdo assim e enviou uma mensagem criptografada para a outra Danvers "elas estão aqui. entendo o que disse. me deseje sorte."

— Aqui meninas, já está pronto.

Alura colocou a panela no centro da mesa e as três sentaram-se para o jantar. Ela serviu Kara, depois Lena e por fim o próprio prato. Observou a Luthor olhar desconfiada para a comida, cheirar o prato e pegar uma colherada do que parecia um cozido de carne.

— Não se preocupe, Lena, não é carne se é o que está pensando.

— Me desculpe, sra. Zor-El, não queria parecer indelicada. Só...

— Me chame apenas de Alura e não se preocupe, experimente, se não gostar posso deixar Kara fazer um ranakih-u para você.

— Oh não, obrigada. Não sei o que é um ranakih-u, mas sei muito bem o que é Kara na cozinha.

Kara dirigiu-lhe um olhar furioso e comeu uma colherada do suruaki-muh que sua mãe havia feito; piscando e com um sorriso a Luthor seguiu seu exemplo. Uma, duas, três mastigadas e um expressão de alívio seguida de um humm encheu o ego de cozinheira de Alura:

— Disse que você iria gostar do suruaki-muh.

— Suruaki-muh? E isso é o quê?

— Melhor não perguntar, Lena, apenas come.

— Certo, vou confiar no meu paladar. Afinal, como dizem a ignorância é uma benção.