Capítulo 9

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Tudo estava muito claro. Não havia nenhum móvel ou objeto ao redor. Kara voou o mais rápido e alto que pode, mas parecia não sair do lugar. Tentou mais uma vez e quanto mais rápido ou alto voava mais presa ficava na claridão daquele lugar de nada e de lugar nenhum. O desespero já começava a se formar quando um som ao longe chegou aos seus ouvidos.

Supergirl flutuou no mesmo lugar e se concentrou no som, aos poucos tornou-se o sussurro de uma voz conhecida que dizia seu nome; concentrou-se um pouco mais e reconheceu: Lena! Lena chamava por ela. Tentou achar a direção de onde vinha, mas não conseguia. O som da voz de Lena era angustiado e desesperado como se ela estivesse sofrendo ou em perigo. Mais uma vez tentou alçar voo e achar Lena, mas era inútil, a voz de Lena ficou mais forte e pela dor que emitia alguém a estava espancando em tortura. O desespero tomou conta de Kara, tinha que achá-la, sair dali e salvá-la; mas não conseguia.

— Kara. Kara! Acorde, vamos, acorde!

Ela abriu os olhos assustada e Alex estava ali a seu lado. Tentou sentar-se e foi ajudada pela irmã que a apoiou no encosto da cama de raios solares; Kara percorreu a sala com os olhos, mas não encontrou o que procurava.

— É, ela não está aqui. Tão logo soube que ficaria bem foi embora. Tentei fazê-la ficar, mas…, ela acha que é responsável por tudo, então simplesmente se foi.

— Eu tenho que falar com ela, eu... aí.

— Ei calma, espera um pouco. Não pode se levantar ainda, foi um ferimento feio.

— Já estou bem Alex e preciso falar com Lena. Não se preocupe. O sol vai me fazer bem.

— Não vou te segurar, não é?

— Não.

— Ok, mas me liga assim que resolver tudo com ela, por favor.

— Tá. Te amo maninha.

Sem esperar nem mais um minuto, Supergirl saiu voando do DEO a procura de Lena Luthor porque conhecendo a amiga como conhecia, tinha certeza de que depois dos últimos acontecimentos ela faria uma bobagem.

***

Lena nunca esqueceria a sensação de alívio que o som de seu nome saindo dos lábios de Kara produziram em si, foi como se a natureza de uma só vez fizesse florir todas as flores do mundo e lhe tivessem dado o privilégio de ouvir o som que tal despertar produzia. Mas agora que o pior já passara e Supergirl estava bem e em boas mãos tinha que voltar a racionalidade Luthor e colocar a maior distância possível entre ela e Kara.

Lex era perigoso e traiçoeiro como uma serpente do deserto para que tivesse tamanho trunfo nas mãos, ele sabia da identidade de Kara e como ficou evidente não pensaria duas vezes em se aproveitar da proximidade das duas para ter qualquer vantagem que sua cabeça doentia julgasse precisar.

Tinha que agir rápido, Kara tentaria detê-la, a conhecia melhor do que queria admitir, mas não poderia por sua vida em risco mais uma vez. “Voltarei para Metrópoles e extirparei a existência da Supergirl de minha vida definitivamente” era a certeza que tinha enquanto seu Bugatti percorria rápida e silenciosamente a estrada que deixava National City, Lena tinha apenas a vista das planícies que cercavam a cidade como companhia de seus pensamentos.

Quando de repente o som dos freios acionados bruscamente cortou seus ouvidos e o carro rodopiou velozmente, o motorista perdera o controle, mas tão rápido o carro rodava foi a velocidade com que parou porque, levantando as rodas traseiras do chão, Supergirl o segurou para controlar o veículo e impedir um acidente grave. O corpo de Lena chacoalhou forte quando as rodas tocaram o chão novamente. Supergirl parou ao lado de sua janela, cruzou os braços e encarando-a esperou.

— O que pensa que está fazendo? — Lena falou assim que abriu a janela do carro.

— Esperando você sair para conversarmos direito.

— Não temos nada para conversar.

— Não? Tem certeza?

— Tenho. É muito simples Ka... Supergirl, meu irmão usou nossa amizade para quase te matar. Se eu estiver longe, coisas desse tipo não acontecerão, então, adeus Supergirl! — Lena levantou o vidro do carro e concentrou-se em encarar o nada a sua frente na esperança tola de que Supergirl desaparecesse no céu e a deixasse em paz.

Mas esse não era o pensamento de Kara Danvers porque se Lena Luthor era teimosa duas podiam jogar o mesmo jogo e mais teimosa ainda seria ela. Supergirl sem pensar nas consequências de seus atos simplesmente arrancou a porta negra do carro e a jogou longe como uma criança joga uma pequena pedra ao mar:

— Enlouqueceu de vez?????

— Você vai sair ou tenho que te tirar daí?

Lena não se moveu, estava chocada com a atitude de Kara.

— Ok, será do seu jeito então.

— Não!... O que pensa que....

Supergirl meio que entrou no carro e sem muito esforço a pegou no colo e alçou voo enquanto Lena gritava e se agarrava fortemente em seu pescoço.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora