Capítulo 89

682 81 1
                                    


Lena e Kara passaram a maior parte conversando e comendo, principalmente Kara que comeu a maior parte da comida preparada por Alura. Estavam tendo uma tarde muito agradável como há um bom tempo não tinham, sem preocupações, vilões, perigos, enfim, nada além delas mesmas para se preocuparem.

— Amo estar aqui, assim, em seus braços sem nada para fazer, mas sua mãe está nos esperando para o jantar.

— Sim, eu sei, mas podemos ficar aqui mais um tempinho. Mesmo porque ainda não te agradeci por isso.

— Isso o quê?

— Por ter me obrigado a vir, acho que estava mesmo precisando de um descanso.

— Ah, você acha? – Um sorriso maroto tomou conta do rosto de Lena.

— E vou tentar, e atente para a palavra tentar, vou tentar ser menos cuidadosa daqui para frente.

— Cuidadosa? Eu diria que estava mais para neurótica, e a Alex para o Cérbero.

— E eu diria que você está exagerando.

— Estou? Hum, deixe-me ver, quatro agentes na minha porta? Confere. Vigilância dentro do meu próprio apartamento 24h pelas irmãs Danvers? Confere. Dois meses de confinamento Super vigiado? Confere. Você voando em torno da L-Corp a cada vinte minutos? Confere.

— É, talvez eu tenha exagerado um pouco. Mas, é que eu nunca pensei que amaria alguém com tanta intensidade como amo você e só a possibilidade de a ver novamente lutando pela vida em uma cama porque não pude te proteger me destrói.

— Amor – Lena ficou comovida com a declaração de Kara ao ponto de lágrimas surgirem em seus olhos – Mas você me salvou, sim. Clark me contou o que fez, de como arriscou a própria vida por mim, se isso não é me proteger, o que seria então?

— Mas não fui rápida o bastante.

— Foi rápida o suficiente para eu estar aqui chorando em seus braços pelo amor que demonstra por mim. Neste lugar lindo que jamais sonhei em conhecer e que fica mais lindo ainda porque foi você que o mostrou para mim.

— Mas...

— Sem mas; coisas ruins podem acontecer com pessoas boas, Kara, o tempo todo e não é por isso que deixamos que o medo dirija nossas vidas. Não pode me proteger de tudo, assim como eu não posso te proteger de tudo. Mas, posso prometer que estarei aqui na alegria e na tristeza enfrentando os vilões ou sua irmã além, é claro, dos almoços com Eliza ou Marta. Você pode prometer o mesmo?

— Amor, eu te amo; mas não vou almoçar com a sua mãe!

— Idiota! – Lena deu um leve tapa na coxa de Kara.

— Ei, isso dói. E, sim, prometo que estarei ao seu lado sempre, mesmo quando você insistir que Star Wars é melhor do que Star Trek, o que é uma afronta, diga-se de passagem.

— Vem, é melhor eu te levar para jantar porque a fome já está te afetando.

Lena deu mais um breve selinho em Kara antes de se levantarem e rumarem para casa de Alura. Estava mais leve com a conversa mesmo sabendo que sua loirinha não iria se desligar assim com um estalar de dedos, mas já era um começo promissor e esperava que com o tempo Kara percebesse que estava superexagerando em suas reações de proteção. Quando chegaram na casa da mãe de Kara encontraram essa vazia e um pequeno bilhete holograma sobre uma mesa de canto na sala:

Meus amores, haverá uma reunião com os membros do conselho de Argo esta noite e como sei que se estenderá um pouco vou pernoitar na casa de Tau. As vejo amanhã no almoço. Ah, Lena, querida, como ainda não está acostumada com nossos ingredientes culinários, deixei o jantar pronto para que não tenha que se arriscar com a comida de Kara.

— Eu não cozinho tão mal assim, cozinho?

— Meu anjo, vou tomar um banho. – Deu um beijo na bochecha de Kara e foi saindo em direção ao seu quarto.

— Lena, volta aqui e responde. Lena? E por Rao, ela vai dormir na casa desse doutorzinho? Argo é uma cidade supersegura, ela não precisa passar a noite lá, não acha? Lena. Lena?!

Mas foi completamente ignorada, uma vez que Lena não estava nem um pouco interessada em iniciar uma discussão com o orgulho ferido ou o ciúme filial de Kara Danvers neste momento. Sua tarde tinha sido maravilhosa e muito produtiva e não perderia a sensação que as palavras de Kara ainda produziam em seu ser. Entrou no quarto, fechou a porta e foi tomar um banho demorado e relaxante enquanto sua linda loirinha ficou na sala matutando com seus botões qual seria a real relação de sua mãe com o doutor Tau L'al.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora