Capítulo 10

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Era uma meia colina que ficava a sudoeste de National City, na área rural da região. Ao longe podia-se ouvir o som de alguns pássaros e insetos que faziam um barulho semelhante ao das cigarras. Supergirl pousou Lena calmamente no chão e se afastou um pouco para que a Luthor pudesse recuperar o fôlego e quem sabe pudessem conversar direito.

Mas conforme os minutos passavam e Lena se recuperava do susto, a raiva que começava a surgir em seus olhos verdes estava deixando Supergirl com uma vergonha enorme e sem saber onde pôr as mãos ela fez o básico e o de costume: com os punhos fechados repousou as mãos na cintura de modo que seus braços formaram um arco e a encarou de volta enquanto Lena cruzava os braços.

— Sua irmã sabe que agora está dada a sequestros, senhorita Danvers?

— Não te sequestrei.

— Não?! – Lena soltou uma risada alta e mentirosa – E você chama isso de quê?

— De... de... de passeio individual completo?!

— Ra! Você é impossível! — Dizendo isso, Lena lhe deu as costas e começou a caminhar.

— Espera. Lena? Onde pensa que vai? Lena! — Supergirl apressada a alcançou segurando-a pelo braço — Lena. Espera. Vamos conversar. Por favor!

Sem ter muita escolha, Lena parou e se virou para encará-la. Mas tão logo seus olhos pousaram no olhar ansioso de Kara soube que tinha sido uma péssima ideia pois seu fôlego se perdeu dentro daquele olhar e até uma coisa que sempre fora simples para Lena como pensar tornou-se um esforço sem tamanho.

— Kara. — Um suspiro preencheu o ar — Kara eu..., nós não temos mais nada a falar. Você sabe tão bem quanto eu que o melhor para todos é que eu me afaste, por favor, entenda.

— Entendo que agora que sabe quem eu sou na verdade, há um alvo sobre você e o seu sobrenome não ajuda nem um pouco e você ir, não vai mudar isso. Ou acha mesmo que não vou sair correndo sempre que seu coração bater mais rápido por conta da adrenalina do perigo?

— Meu coração? — Lena arqueou uma sobrancelha e Kara percebeu o deslize que cometeu — Meu coração? Tem ouvido meu coração?

— Não... eu... não... quer dizer... han, talvez? — Kara gaguejou e ficou incrivelmente vermelha quando os olhos de Lena desceram até o próprio pulso que ainda era segurado por Supergirl que num movimento instintivo o soltou e cruzou os braços abaixando a cabeça chutando um pedregulho qualquer. Lena deu um longo suspiro antes de voltar a encará-la:

— E quem disse que estou indo para me proteger? Já pensou que talvez seja o contrário?

— O contrário? Como assim?

— Você — suspirou e reuniu coragem para pronunciar — poderia ter morrido, eu sou uma porta aberta para o Lex chegar a você. Só de pensar que você quase..., quase... Oh céus! Você estava tão..., tão... quase...

As lembranças tomaram conta dela e mais uma vez se permitiu desabar em um choro profundo e devastador caindo de joelhos com as mãos escondendo-lhe o rosto. Sem mais demora, Kara a abraçou e sem dizer nada apenas permitiu que Lena pusesse para fora toda a tensão das últimas horas. Kara ficou em silêncio embalando Lena por muito tempo porque sabia que às vezes tudo o que se precisa para superar uma situação difícil é chorar e mais nada.

— O que vamos fazer, Kara?

— Simples, primeiro você esquece esta ideia idiota de ir embora.

— Não é idiota, afinal sou uma das pessoas mais inteligentes do planeta.

— Do planeta é? Nunca me disseram nada.

— Sei — um sorriso suave se instalou entre as duas por alguns instantes — Mas o que vamos fazer?

— Como eu estava dizendo, você desiste de ir embora e a gente parte daí.

— E quanto ao Lex?

— Olha, eu também o subestimei certo? Não vai acontecer de novo. Caso ele volte, eu estarei pronta para ele. Mas não posso fazer isso se estiver super preocupada com minha melhor amiga.

— Amiga?

— É o que você é, não é? Minha amiga?

— Ca cla claro, o que mais eu poderia ser? Sua amiga, sou sua amiga.

— Temos um acordo?

— Acho que isso é um erro, mas não vai aceitar um não, vai?

— Não, não vou.

— Tudo bem, mas vai pagar a porta do meu carro.

— O quê? Mal ganho para comprar o chá da tarde! Tudo bem vou pedir uma grana a minha melhor amiga, sabe, ela é meio que cheia de dinheiro.

— Kara! – um sorriso suave clareou o rosto de Lena – Agora, pode me levar para casa?

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora