Capítulo 31

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A água quente corria por seu corpo acalmando o espírito e relaxando os músculos. Sentia-se exausta e a última gota de suas forças se esvaíram ao se soltar no DEO, não porque as cordas que Alex disparara contra si fossem fortes demais, mas porque sua mente estava em frangalhos e isso estava refletindo em seu corpo. Desde que beijara Lena não conseguia pensar direito, comer direito, dormir direito, respirar direito.

Um beijo era para ser uma coisa boa, e de fato fora maravilhoso, o gosto da boca, a maciez da pele, o arrepio na espinha, o calor nos ossos, a textura da língua, realmente fora o melhor beijo de sua vida, mas e agora, como encarar Lena depois de tomar seus lábios? Como explicar que há muito tempo não a via mais como uma mera amiga? Como explicar a Lena que tudo o que queria agora era beijá-la dia e noite, noite e dia sem restrições? Depois de tanto tempo recuperando a amizade que tinham, ela estragou tudo.

Seus pensamentos misturavam-se com a água em seu corpo quando ouviu alguém bater à porta, já era tarde da noite, quem poderia ser a essa hora? Kara desligou o chuveiro, enrolou-se na toalha e quando abriu a porta deu de frente com Alex:

— Não tem casa não? Ou Kelly finalmente te expulsou?

— Oi para você também.

— Já passam das duas, Alex. Não estou com saco para suas tolices a essa hora da madrugada.

— Se já é tão tarde assim, por que não está dormindo?

— Posso te perguntar o mesmo.

— Mas pode fazer isso me deixando entrar, certo? Ou quer conversar aqui no corredor mesmo?

— Claro, entra. Mas é sério, o que faz aqui a esta hora? Aconteceu alguma coisa?

— Sim aconteceu, você beijou Lena Luthor e agora não sabe o que fazer e como eu sou sua super irmã vim aqui para te ajudar a devorar o resto de cereal que tem em algum lugar desse apartamento e depois chutar sua bunda até o apartamento dela para que esse rolo de vocês não acabe com a minha sanidade ou com o meu namoro com a Kelly.

Alex ignorou o olhar perplexo da irmã e entrou no apartamento indo direto para a cozinha e pegou a única caixa de cereal que encontrou, depois foi até o sofá da pequena sala e esperou Kara a acompanhar.

— Então, vai ficar aí na porta? Tudo bem que é a Supergirl e tal, mas não acha que precisa fechar a porta para não dar na vista?

Resignada, Kara fechou a porta e sentou-se ao lado da irmã, encheu a mão de cereal e deitou a cabeça no ombro de Alex.

— Eu vou ter que falar com ela, não é?

— Vai. Afinal você beijou a garota.

— É eu beijei Lena Luthor.

— É, beijou.

— A propósito, como sabe que a beijei?

— Bem, ela me disse depois de quase explodir o laboratório e eu aplicar remédio no braço que queimou com a explosão.

— É o quê? Explosão? Ela está bem? Você disse que houve uma queimadura? Ela foi ao médico? Ó Rao! Está muito machucada? ALEX!! Responde!

— Hein, calma ok. Ela está bem. Eu falei explosão? Devo ter exagerado, foi só um incêndio que passou para o jaleco dela, nada de mais.

— ALEX! NADA DE MAIS! POR RAO!

Kara não esperou nem mais um segundo sequer, saiu voando pela janela. Precisava ver Lena o mais rápido possível. Explosão! Fogo! Rao! Quando chegou a varanda de Lena estava tudo escuro, afinal já era de madrugada e nem havia cogitado a possibilidade de ela estar dormindo, mas agora que estava ali, tudo o que queria era ver com os próprios olhos que ela estava bem.

Pousou suavemente e com uma pequenina rachada de calor de seus olhos queimou a fechadura e entrou flutuando para não fazer barulho, não queria acordá-la apenas ver se realmente estava bem, esse era seu plano, entrar e sair sem que Lena acordasse. Mas um vulto moveu-se na escuridão do apartamento colocando seus sentidos em alerta imediatamente.

Kara fechou as mãos em forma de socos e se preparou para enfrentar quem quer que fosse que teve a ousadia de invadir o apartamento de Lena, mas foi surpreendida por um golpe forte no lado de sua cabeça que resultou no som de algo se quebrando seguido de um gemido de dor da voz que nunca confundiria com qualquer outra:

— Lena!

— Kara!

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora