Capítulo 104

455 60 0
                                    


Lena ouvia o noticiário na TV enquanto bebia lentamente seu whisky. Sabia que estava jogando alto e que os riscos eram grandes, mas Lillian havia passado dos limites quando ameaçou Kara levando aquela kryptonita para a CatCo. Deixou a televisão falando sozinha em volume baixo e se aproximou da beirada da sacada de seu apartamento, ao longe podia ver a fumaça do fogo que consumia a antiga mansão Luthor, seu presente de boas-vindas.

Tomou mais um gole e ouviu seu celular tocar, voltou para a sala e o atendeu, era Jaques:

"Senhorita Luthor, está feito. Os dois objetivos foram atingidos com sucesso."

"Sem vítimas?"

"Absolutamente nenhuma como exigiu."

"Ótimo. Kara?"

"Não se preocupe, senhorita, Santiago levou uma equipe para o apartamento dela, devem estar lá agora, ninguém irá se aproximar da senhorita Danvers."

"Excelente. Volte assim que puder."

"Já estou a caminho. Mas por via das dúvidas, deixei Ramona com uma equipe fazendo sua segurança."

"Obrigada, Jaques."

Lena desligou o celular e deixou-se arriar no sofá e esperou a ligação de Kara que deveria estar furiosa com a presença dos seguranças, mas fora a única saída que encontrou para impedir que ela chegasse voando por sua varanda e a persuadisse de enfrentar Lillian em seus termos. Lillian, pensar na mãe a enchia de um ódio perigoso e destrutivo, tão destrutivo que mandara por fogo no casarão e implodir a Lexus só para declarar guerra de uma vez e por todas contra a matriarca dos Luthors.

Agora era esperar a reação de sua mãe, acalmar Kara quando ela lhe ligasse e dar início a próxima parte do seu plano, que seria a mais difícil, mas necessária para que a ameaça de Lillian ficasse definitivamente no passado e pudesse desfrutar da companhia de Kara. Um leve suspiro escapou de seus lábios quando a imagem de Kara invadiu seu ser, a lembrança de seu cheiro, de suas mãos delicadas, de seu sorriso alegre inundando de felicidade seu dia, do gosto de sua boca, ah sua boca! Lena estava imersa em seus pensamentos quando ouviu batidas em sua porta, estranho, quem subiria sem seu conhecimento ou permissão?

— Alex!! – exclamou Lena erguendo uma das sobrancelhas.

— Você tem coragem, Luthor, devo admitir, tem muita coragem.

Alex nem esperou ser convidada, simplesmente passou por Lena:

— Quantos copos já bebeu essa noite? – perguntou sentando-se no sofá.

— O que está fazendo aqui, Alex? – Lena ainda estava com a porta aberta olhando-a.

— Por que não entra, Lena? De novo, quantos copos bebeu?

Vendo que seria inútil discutir e com um profundo suspiro, Lena fechou a porta e entrou sentando-se ao lado de Alex e terminando o resto de whisky que ainda havia em seu copo para depois pousá-lo com um pequeno estrondo na mesa:

— Uns dois ou três apenas. Mas, de novo, o que faz aqui Alex? Por que deixou Kara sozinha?

— Sozinha? – a risada estridente de Alex encheu o apartamento – Você tem muita cara de pau, Luthor, muita. Acha mesmo que vai segurá-la por muito tempo?

— Estava esperando-a me ligar.

— Ela ligaria se não tivesse espatifado o celular junto com a mesinha da sala.

— Ó, tão ruim assim?

— Não, Luthor, pior, bem pior. Que diabos Lena, o que está fazendo?

— A única coisa que posso fazer, Alex, enfrentando Lillian.

— E não passou pela sua cabeça nos deixar te ajudar?

— Mas que droga, Alex, acha que não pensei nisso? – Lena levantou-se exasperada – Claro que sim, mas você teria concordado em explodir e incendiar? E Kara? Minha mãe tem uma pulseira de kryptonita cristal com ela, não sei se é forte o suficiente para matar Kara, mas não vou correr esse risco, não mesmo.

— Espera, espera, que droga é essa de kryptonita cristal? E por que só estou sabendo da existência disso agora? E você pôs fogo em sua própria casa?

— Tecnicamente não é minha casa, mas sim pus. E kryptonita cristal, bem, eu, eu...

— Não é possível. Eu não acredito, Lena! Quão perigoso para Kara isso é?

— Eu já disse, eu não sei.

Lena pegou o copo vazio de sobre a mesa e foi, com passos trôpegos, até o seu pequeno bar e o encheu novamente com uma dose dupla e seca de whisky. Porém, Alex foi até ela e tomou-lhe o copo das mãos:

— Já chega, está bem? Não pode beber a noite toda.

— Ah, eu posso sim! – pegou o copo com raiva e bebeu todo o líquido de um só gole.

— Você enlouqueceu, só pode ser isso. Eu desisto.

— Isso mesmo vá embora, não era nem para estar aqui. Não preciso da sua ajuda ou da ajuda de ninguém. E louca eu já sou, Alex, por que afinal quem conseguiria manter a sanidade crescendo em uma família como a minha? QUEM???

Alex já estava a meio caminho da porta quando a angústia na voz de Lena a atingiu fazendo-a se virar.

— Lena!

— Que espécie de pessoa desenvolveria uma arma capaz de matar a mulher que ama? Quem não enlouqueceria sabendo que a própria mãe está usando tal arma?

— Ah, Lena!

Lena não aguentou o olhar de compaixão que Alex lhe lançava e desabou no chão em um choro amargo que lhe arrancava a alma dos ossos. A Danvers foi até ela e tentou abraçá-la, mas foi repelida bruscamente:

— Não, não, não, não, não – Lena disse se levantando cambaleante com a bebida cobrando seu efeito – Não! Se afaste. Eu preciso, preciso manter o foco. Preciso manter o ódio ou não poderei vencer Lillian. Não me toque, por favor, só vá embora e cuide de Kara. Vá, Alex, vá.

Lena caminhou cambaleante em direção ao seu quarto ignorando a presença de Alex completamente que pode ouvir a cunhada recitar a frase "ódio, eu preciso ter ódio" enquanto caminhava. Alex olhou a garrafa de whisky sobre a mesa, estava muito abaixo da metade, com certeza Lena havia bebido mais do que dois copos e pela última explosão da Luthor, ficou claro para a diretora do DEO que a culpa e o remorso estavam consumindo Lena mais do que ela queria admitir, estava na hora de chamar reforços ou elas corriam o risco de ganhar a guerra contra Lillian, mas perderem Lena. Pegando o telefone ligou para Kelly, esperou que a namorada atendesse e pediu para falar com Kara:

— Kara? Sim, estou aqui, não, ela não está bem, Kara, Kara? Me escute. É melhor vir para cá agora. Não, não, venha no carro de Kelly, isso, traga a gangue dos engravatados contigo, só venha, ok. Lena não está nada bem, venha logo.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora