Capítulo 78

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Lena ouviu Kara lhe chamando pelo comunicador, mas se ela falasse qualquer coisa Supergirl perceberia que estava ferida e isso colocaria em risco a missão, isso era algo que não poderia permitir, então apenas deixou que algumas lágrimas rolassem ouvindo o som da voz que amava. Conforme o complexo se afastava da Terra, ficava mais difícil respirar e aumentava a dor ao longo de seu corpo. Estava começando a perder a consciência, mas o download do supremo Luthor ainda não estava completo, por isso, Lena lutava para se manter acordada.

Sentiu seus pés saírem do chão quando a gravidade da Terra ficou para trás no mesmo instante que o vírus foi instalado e a contagem para a explosão do Héstia chegava perigosamente em seu final. Ela clicou no enter e deixou seu corpo flutuar ao léu. “Kara... eu... te... amo...” Foram as únicas palavras que conseguiu pronunciar com o resto de fôlego que tinha antes de perder a consciência.

“Lena. Lena!” Mas a resposta que obteve foi o som das batidas do coração da Luthor batendo cada vez mais fraco e devagar. Estava ficando sem tempo, precisava tirá-la de lá o mais rápido possível. Explodindo toda a energia de seu corpo nos músculos dos braços, Supergirl gritou com toda a fúria que tinha voando tão rápido em direção ao espaço que deixou Superman para trás suportando sozinha o peso do complexo “Clark, tire-a de lá. Vai eu aguento por aqui” “Mas Kara...” “NÃO DISCUTA, APENAS A TIRE DE LÁ!” gritou com o primo e com uma força absurdamente superior a qualquer outra que Clark já tinha visto, ela afastou mais dele o Héstia.

Sem escolha, Superman a deixou e voou rapidamente para dentro do complexo. Encontrou Lena desmaiada junto ao painel central que piscava em pane já sob o efeito do vírus. Ele tirou sua capa e envolveu o corpo de Lena completamente para protegê-la na volta à atmosfera da Terra e deixou o pequeno pedaço da ilha Rudolfo seguir seu curso em direção ao sol para onde Kara o levava. Com o canto dos olhos, Supergirl viu seu primo voar para o planeta com Lena nos braços. Agora que ela estava segura poderia terminar de uma vez por todas com o Héstia e toda a destruição que ele representava.

Assim que percebeu que o Héstia não sairia mais de seu curso em direção ao sol, Kara deixou seus músculos se relaxarem e sentiu que sua energia a deixava. Talvez não tivesse forças para retornar à Terra. Mas pelo menos Lena estava segura, Alex e sua família cuidariam dela. Enquanto a consciência a deixava, Kara permitia que sua mente repetisse a lembrança, em loop, das últimas palavras que ouvira de Lena Luthor. Seu corpo inerte vagava pelo espaço quando o Caçador Marciano e Miss Marte a encontraram e a levaram de volta para Terra.

***

Kara ficou inconsciente por cerca de duas horas enquanto se recuperava sob os raios solares artificiais na enfermaria do centro médico no DEO. Ao abrir os olhos, viu ao seu lado Clark que lhe sorriu, sentado, em uma cama:

— Como se sente?

— Acho que bem – ela respondeu sentando-se também – Como, como cheguei aqui? 

— J’onn e M’gann, eles te acharam e a trouxeram. Devo dizer, foi uma loucura, Kara, poderia ter morrido.

— Mas não morri, não é? – Ela tentou se pôr em pé, mas caiu sentada na cama.

— Ei, devagar. Ainda não está totalmente recuperada.

— Não importa – ela tentou se levantar de novo, conseguindo dessa vez – preciso ver Lena e como você está aqui com essa conversa fiada sei que ela não está bem, não é Clark?

Ele não respondeu, não precisava. Kara podia ouvir os batimentos irregulares de Lena vindos de uma das partes do centro médico. Deu alguns passos, mas ainda estava fraca e bambeou um pouco, prontamente Clark a amparou e olhou duramente em seus olhos:

— Não vou impedi-la, vou?

— Só se cravar kryptonita em meu peito.

— Exagerada como Eliza. Vem eu te ajudo, e não, ela não está tão mal quanto está pensando.

— Só me leve até ela, ok?

— Está bem.

Eles foram devagar até chegarem ao leito onde Lena estava. Havia abcessos em seus dois braços e um respirador entrava por sua boca, ela estava inerte e pálida. As lágrimas rolaram livremente pelos olhos de Kara que não teve coragem de se aproximar mais e ficou paralisada apoiada nos braços de Clark. Seu peito estava apertado e suas mãos tremiam quando sentiu o toque de Eliza em seu rosto, não havia notado sua presença, logo os braços de sua mãe a abraçaram e ela se deixou chorar copiosamente “está tudo bem, ela ficará bem, tudo bem” Eliza sussurrava em seu ouvido tentando acalmar a filha.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora