Capítulo 13

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— Oi.

— Oi.

— Preparei ovos mexidos.

— Ah?

— Pro desjejum.

— A tá.

— Você come ovos, não é?

— Sim.

— Bom. Chá ou café?

— Chá.

— Ok. Vai entrar ou prefere comer voando mesmo?

— Ah, o quê? Claro. Vou entrar.

— Que bom.

As duas sentaram-se na bancada da cozinha enquanto esperavam a água terminar de ferver:

— Sabe, não é que eu não goste de seu traje de Supergirl, mas será que daria para... você sabe, trocar de roupa?

—Ah, eu até trocaria, mas... não tenho outra roupa aqui.

— Tem uma troca de roupas no sofá. São minhas, mas acho que vão servir.

— Oh, claro, só um segundo — E literalmente um segundo depois Kara estava novamente sentada à bancada — Melhor?

— Nossa! Rápido. Mas melhor. — O apito da chaleira quebrou o pequeno silêncio. Kara observava cada movimento de Lena no preparo do chá, era como assistir a um balé. — Posso perguntar uma coisa?

— Claro. O quê?

— Por que você sempre vem à minha janela pela manhã?

— Direta — Kara brincava com os próprios dedos e tentava não encontrar os olhos de Lena — Sempre direta. Ok, vou tentar explicar o que não consigo explicar. É que... bem... é que... é que...

— É que o quê Kara?

— Calma, vou explicar. Mas posso tomar o chá antes?

— Ah Kara, Kara, está bem, chá primeiro. — Com um pequeno suspiro, Lena passou a xícara de chá para Kara e começou a passar geleia em uma torrada para si. Esperou alguns minutos no silêncio e voltou ao ataque:

— Então? Você ia explicar...

— Ah sim, explicar o porquê..., nossa que chá bom, é de que mesmo?

— Kara? — Lena tocou no braço dela — Só... — Seus olhos se encontraram e Lena se perdeu por alguns segundos, ela estava tão linda em seu olhar tímido tentando encontrar as palavras, foi então que as palavras de Alex surgiram em sua mente. — Você não sabe, não é?

— Até sei, mas é um tanto difícil, sabe, pôr em palavras.

Lena se afastou e desfaz o contato físico entre as duas:

— Kara Danvers, a repórter, sem palavras — Lena soltou uma gargalhada suave enquanto Kara a encarava bravinha — Está bem, por enquanto vamos deixar assim. Está bem?

Kara soltou um longo suspiro de alívio e depois de um demorado gole de chá respondeu:

— Que bom.

— Mas com uma condição?

— Sabia que este chá tinha segundas intenções, afinal ele é de quê mesmo? Não é o de morango, é?

— Segredo. Minha condição, tomar café comigo, todo dia. Não vai mais sair voando correndo. Combinado?

— Mas eu não bebo café, Lena.

— Certo — Lena sorria suavemente entre uma palavra e outra — Certo, desjejum. Vai tomar o desjejum todos os dias comigo, ok? 

— Ok. Desjejum. — Ambas sorriram uma para a outra e continuaram a tomar chá.

Uma hora depois o carro de Lena estacionava na frente da CatCo. Antes de entrar no prédio, Kara se curvou sob a abertura da janela de Lena e cochichou em seu ouvido:

— Sabe, eu adoro voar, adoro mesmo, mas esse seu carro é fantástico! E nem parece que teve uma porta arrancada.

— Kara! Quem sabe um dia eu deixe você dirigi-lo, o que acha?

— Ah, teria um problema, eu meio que não dirijo muito bem, na verdade sou um desastre.

— Sério?! — Lena não conseguia conter a risada — Essa é nova.

— Tá, mas eu voo. Não precisava, então larguei de mão.

— Certo, mas eu tenho um Bugatti.

Ambas sorriram juntas e ficaram se olhando por alguns instantes:

— Kara, tem coisas na vida que fazemos por prazer e não porque precisamos. Está decidido. Vou te dar algumas aulas, agora vá antes que se atrase muito e ponha a culpa em mim.

— Mas a culpa é sua.

— Atá! Bom dia, Kara.

— Bom dia, Lena.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora