Capítulo 105

450 58 1
                                    


Kara batia os pés no assoalho do carro nervosamente, inúmeras vezes pensou em sair voando pela porta, mas bastava um olhar enviesado pelo retrovisor para ver uma das seguranças sentada no banco de trás. A fulana insistira terminantemente em ir no mesmo carro que ela, quase que não saiam diante da posição intransigente da mulher.

Kara estava tão centrada em seus pensamentos que se viu lançada bruscamente para frente quando o carro parou de repente.

— Por Rao, Kelly, por que parou?

— Por que o sinal ficou vermelho?

— Ah, isso.

— Kara, precisa se acalmar. Já chegaremos, mais alguns minutos.

— Quantos?

— Uns vinte.

— Por Krypton! – disse revirando os olhos e olhando para a janela impaciente.

Mesmo sabendo que a amiga sofria e que a situação estava bem tensa, Kelly não conseguiu evitar o pequeno sorriso no canto da boca. Ver Kara tão frustrada por ter que esperar alguns minutos presa no trânsito de National City era realmente uma coisa inusitada. Assim que o sinal ficou verde ela acelerou o carro o máximo que a via lhe permitia e mais alguns sinais fechados e vários impropérios de Kara depois, chegaram ao condomínio de luxo onde Lena morava. A vontade de Kara era a de pegar Kelly no colo e subir as escadas em super velocidade, mas não podia fazer isso com Santiago e companhia em seus calcanhares, por isso, apertava repetidamente o botão do elevador.

— Para! Está me enlouquecendo. – disse Kelly puxando a mão de Kara que ia mais uma vez para o botão.

— Por Rao, Kelly isso demora muito. Como os humanos vivem assim? Nesta letargia?

— Vou fingir que não ouvi isso.

Kara estava para retrucar quando o bip indicativo do elevador respondeu por ela que correu para dentro da caixa metálica puxando Kelly rapidamente, pretendia se esquivar de seu cão de guarda, mas não obteve sucesso pois antes que as portas se fechassem, lá estava ela, grudada a seu lado. Kara bufou com raiva e o sorriso matreiro de Kelly não a estava ajudando.

Alex também estava impaciente esperando por Kara no apartamento, principalmente depois que descobrira uma segunda garrafa de whisky vazia jogada na pia da cozinha, indicativo de que Lena bebera mais do que julgou, talvez tivesse sido melhor ter ligado para Kara no dia seguinte, a Luthor precisa descansar um pouco, dormir algumas horas e Alex não sabia se Kara teria paciência para tanto. As batidas na porta quebraram a indecisão que sentia; se dirigiu para a porta e tão logo esta se abriu, Kara passou como um raio seguida por Kelly e dois dos seguranças que vistoriaram rapidamente o apartamento, um deles se posicionou na varanda enquanto a mulher perseguidora, aos olhos de Kara, ficou silenciosa em um ponto estratégico da sala de onde podia observar cada movimento dela.

— Alex, onde ela está? Está ferida? Lillian chegou perto dela? Alex! Onde está Lena?

— Espera. – Alex impediu a irmã de continuar rumo ao quarto de Lena – Ela está bêbada, Kara, não adianta conversar com ela agora. Talvez já esteja dormindo, pode ouvir?

— Sim – Kara que fechou os olhos por alguns segundos pôde constatar o suave som cardíaco de Lena enquanto esta dormia.

— Sente-se, irmã, sei que está ansiosa para ver a Lena, mas precisa saber que foi a própria quem mandou implodir a Lexus.

— O quê? – dessa vez foi Kelly que exclamou chocada.

— Isso mesmo, irmã, foi Lena quem deu a ordem.

— Mas por que ela fez isso, Alex?

— Não consegui descobrir isso ainda, Kara, mas não é só isso.

— Eu não entendo, Alex – Kara finalmente se sentou e observou a irmã.

— A kryptonita que Lillian tem na pulseira, que você não me contou sobre, mas vamos conversar depois; foi Lena quem criou. Acho que foi demais para ela, Kara, Lena está se sentindo terrivelmente culpada. Isso somado a tudo o que já aconteceu, o Héstia e tudo mais, acho que ela chegou no limite.

— Eu preciso vê-la, agora.

— Kara, não sei se...

— Não, Alex, agora.

Kara se levantou e começou a caminhar em direção ao quarto, mas se voltou quando sua sombra ameaçou dar um passo:

— Se se atrever a me seguir, juro por todos os meteoros de Krypton que lhe quebro as pernas.

— Wow! Vamos manter a calma, ok?

Mas Kara não prestou atenção ao que Alex dizia nem mesmo a viu detendo a segurança pois só tinha uma coisa em mente, melhor uma pessoa, Lena Luthor. O quarto estava escuro e silencioso, Lena estava dormindo sobre as cobertas ainda com as roupas que vestia quando Kara a vira pela última.

A Danvers pode sentir o cheiro de whisky misturado ao perfume da mulher que amava assim que passou pela porta. Flutuou suavemente até Lena e deitou-se ao seu lado a aconchegando em seus braços, sua morena automaticamente terminou de se aninhar e soltou um suspiro baixo e, pela primeira vez em 24 horas, Kara pode relaxar os músculos e suspirar em paz.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora