Capítulo 36

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O garçom havia tirado os últimos pratos e elas aguardavam a conta. Lena havia respeitado o silêncio que Kara fizera até agora. Mas precisava de respostas ainda mais com a vontade louca que estava de beijá-la de novo. Dessa vez não podia se dar ao luxo de deixar passar, essa noite acertariam tudo para poderem prosseguir, mesmo porque ela tinha essa intuição louca de que Kara estava tão a fim de um beijo quanto ela.

O One-77 percorria veloz as estradas que as levaria de volta a National City, no rádio tocava uma música suave. Os ouvidos de Kara concentravam-se no coração de Lena que estava num ritmo compassado numa tentativa válida de acalmar o próprio coração, sabia que a conversa que começaram no restaurante não havia terminado e que Lena não deixaria para lá, mas via-se impotente para pôr em palavras o que sentia.

Estava tão perdida em seus pensamentos ao som do coração da Luthor que nem percebera que esta desviara o caminho e não seguiam mais para seu apartamento.

— Lena, para onde estamos indo?

— Sei que tem uma visão privilegiada da cidade quando voa e tudo o mais, mas queria te mostrar um lugar, tudo bem?

— Claro, tudo bem sim.

— Só mais alguns minutos e chegaremos.

— Do jeito que dirige, acho que chegaremos lá antes.

Lena não falou nada, apenas esboçou um leve sorriso e voltou sua atenção à estrada. Pouco depois ela estacionou perto do píer da cidade, elas caminharam um pouco para se afastar de uns poucos casais que também apreciavam a noite. Lena apoiou-se no parapeito e observou a escuridão do mar a sua frente. Kara parou ao seu lado apenas apreciando o perfume que emanava dela.

— É estranho Alex não ter te ligado ainda para dizer que há uma crise mortal, ou que algum criminoso fugiu e quer me matar pela simples fama de matar um Luthor.

— Ela disse que iria tentar o máximo possível nos dar uma noite de folga.

— Alex. Acho que ela sempre está um passo à nossa frente.

— Com certeza, mas por que me trouxe aqui?

— Sempre venho aqui à noite quando as coisas ficam confusas demais, ou Lex apronta das suas e as pessoas se lembram que sou uma Luthor.

— A imprensa pode ser bem cruel às vezes.

— Uma repórter falando?

— Existem maus profissionais em todas as áreas, Lena.

— Touché! Concordo, mas enfim queria te mostrar o lugar para onde me refugio quando as coisas ficam ruins. Mas é claro, só funciona de madrugada quando fica deserto.

— Para não ser reconhecida?

— Kara... — ela virou-se para a olhar, mas a luz do luar bateu nos cabelos dela fazendo Lena esquecer o que dizia.

Kara por sua vez foi hipnotizada pelos olhos verdes de Lena e por alguns instantes apenas admirou a beleza da mulher a sua frente, as curvas da face, dos lábios, a pequenina cova que surgia quando dava aquele sorriso tímido como o de agora, os cabelos que se soltaram do coque e acariciavam o vento, e os olhos, o brilho de seus olhos.

— Me acalma, é como ouvir o som de mil flores se desabrochando. — disse de uma vez sem pensar.

— O quê? — Lena a olhou confusa.

— O porquê de sobrevoar seu apartamento todas as manhãs. O som do seu coração, me acalma.

— Ah...

— Teve essa luta, certa noite, foi muito difícil. Alex quase morreu enquanto a operavam no DEO, sabe eu... eu... não consegui ficar lá, esperando. Sai voando, meio que sem rumo. Eu estava desesperada, Lena. Foi quando ouvi seu coração, sabia que ele tem uma frequência de batidas bem peculiar quando acorda? — ela sorriu entre as lágrimas que nem percebeu que escorriam.

— Não, eu não fazia ideia.

— Pois tem e é bem tranquilizador, pelo menos para mim. Depois daquela noite eu não consegui mais deixar de estar lá quando você desperta e ainda tem as flores.

— Flores?

— É, seus olhos se abrindo, quando acorda, têm som de flores desabrochando.

Diante disso, Lena não pode se conter mais e num impulso beijou Kara como se toda sua vida terminasse e começasse dentro daquele beijo.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora