Capítulo 55

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Lena respirava e olhava, respirava e olhava, respirava e olhava, mas não enxergava nada pela lente do microscópio a cerca de quinze minutos. Quando nem mesmo as atividades em seu laboratório ajudavam a descansar a mente era porque a coisa estava feia. Realmente estava. Sua última conversa com Kara aquela manhã a havia deixado totalmente sem saber o que fazer; por um lado entendia a preocupação que sua namorada tinha mesmo sabendo que ela jamais faria algo que a machucasse ou lhe proporcionasse algum mal-estar.

Por outro lado, estar perto de Kara e não poder expressar seus sentimentos livremente de maneira mais íntima a estava enlouquecendo e pelo tom com que se despediram só ficaria pior. Precisava pensar em alguma solução o mais rápido possível pelo bem das duas. Olhou o relógio que marcava duas e meia da manhã, seu trabalho não rendera nada e muito menos trouxera o sono que buscava. Abandonando a bancada, tirou o jaleco e decidiu ir embora. 

Quando chegou no estacionamento viu Jaques e Santiago conversando próximos ao seu carro, o que estranhou pois os havia dispensado ao final do expediente por volta das sete da noite. Caminhou com passos firmes até os dois:

— Jaques. Algum problema?

— Não, nenhum problema senhorita Luthor.

— Então por que ainda estão aqui?

Ele pigarreou um pouco, olhou para Santiago e para o chão antes de responder, parecia estar buscando coragem para responder.

— Jaques?

— Com todo respeito senhorita Luthor, mas precisamos estar vivos para perdermos o emprego e a diretora Danvers não estava para brincadeira quando falou conosco. – Santiago respondeu constrangido.

Lena olhou de um para o outro, algumas palavras chegaram em sua garganta e voltaram. Não adiantaria nada discutir com eles agora. Entrou em seu carro e dirigiu para fora da L-Corp. Assim que pegou as ruas da cidade ligou para Alex sem se importar com o horário, ela ouviria poucas e boas por estar se metendo com seus funcionários.

***

Kelly chegara em casa e encontrou uma Alex lindamente dormindo jogada no sofá, a admirou um pouco, mas não a acordou. Foi tomar um bom banho e só quando estava preparando o jantar que ouviu os resmungos de sua companheira acordando e não reteve o riso silencioso quando a ouviu bocejar. Colocou a comida na mesa e foi até ela beijando-a suavemente nos lábios:

— Que horas chegou, amor?

— Já faz um tempo, você estava dormindo tão lindamente que não tive coragem de te acordar.

— Linda é você. Sinto um cheiro muito bom, jantar?

— Sim, fiz macarronada com atum e provolone.

— Humm, já disse que te amo? Vem, melhor comermos logo antes que Lena invada nosso apartamento soltando fogo pelas ventas.

— Alexandra Danvers! O que foi que você fez dessa vez?

— Eu? Nadinha de nada. Mas pelo sim pelo não vou desligar o som do celular. Deveria fazer o mesmo.

Algumas horas depois o apartamento das duas estava em completo silêncio e a escuridão foi quebrada pelo brilho da tela do celular de Alex que indicava Lena ligando uma, duas, três, quatro vezes sem que ninguém atendesse. O que só a deixou mais louca da vida. “Droga! mas se ela pensa que isso vai ficar assim, não me conhece!” Estacionou o carro na garagem do prédio onde morava e enquanto o elevador subia, buscou o contato de Kelly que também tocou inutilmente pois esta, seguindo o conselho de Alex, havia desligado o som. “Inferno!!”

***

Lena dormiu mal e acordou pior ainda, seu amino só melhorou um pouco quando ouviu a campainha tocar anunciando que Kara chegara para o desjejum, enxugou as mãos pois estava terminando de escovar os dentes e foi abrir a porta.

— Bom dia loirinha. – Disse beijando-a de leve nos lábios e fechando a porta atrás dela.

— Vai mesmo me chamar assim por muito tempo? – Questionou Kara com uma expressão encantadora de desagrado.

— Depende, vai continuar assim esplêndida de tão linda?

— Aí vai depender se seus olhos vão continuar te iludindo a meu respeito.

— Ah, então minha loirinha linda vou chamá-la assim para o resto da minha vida. Vem, seu chá já está pronto.

— E seu croissant está quentinho.

— Me faz um favor, anjo? Pode ligar pra Alex para mim?

Mesmo achando estranho, Kara achou melhor não questionar e ligou para a irmã. Depois da quarta tentativa desistiu já que por alguma razão Alex não a atendia de modo algum. Preocupada, Kara concentrou sua audição para separar a voz da irmã no meio de todas as outras da cidade, mas apenas ouviu seus passos pelo corredor que dava à porta do apartamento de Lena.

— Estranho, ela não me atendeu de propósito. Lena Luthor, vocês brigaram de novo?

— Ainda não, mas vamos em breve.

— Lena!

— Não me olhe assim, é ela quem está procurando encrenca. Acredita que sua doce irmãzinha ameaçou Jaques e Santiago?

— Ela não faria isso.

— Eu faria e fiz. Bom dia, Kara, Lena. – Alex havia adentrado o apartamento sem que Lena percebesse.

— No que estava pensando, Alex?

— Eu, senhorita Luthor? No louco do seu irmão e como ele conseguiu te sequestrar tão facilmente e no porquê ele ter-lhe pregado aquela peça com a bomba e não ter te matado logo de uma vez.

Alex cruzou os braços em uma pose de desafio enquanto enfrentava o olhar de Lena que trincava o maxilar de raiva. Kara sabia que a irmã estava certa e que as atitudes de Lex estavam mais estranhas do que nunca e não poderiam mais vacilar enquanto ele não fosse preso, mas sabia que convencer Lena disso seria como enfrentar um furacão no meio do mar.

— O que me traz a razão de eu estar aqui tão cedo. Há uma equipe de sete agentes esperando do lado de fora de seu apartamento, eu os trouxe aqui para que os conheça porque a partir de agora e até que Lex Luthor seja preso eles se revezarão na sua segurança 24h por dia.

Kara engoliu um gole de chá como se fosse vidro antes de olhar de soslaio da irmã para Lena e de volta para Alex. “Eita, acho que prefiro enfrentar o Lex!” Foi o que lhe passou pela cabeça quando os duros olhos verdes faiscaram.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora