Ao Som do Coração

Capítulo 70

— Ó Lena! O que foi que você fez, minha bethguhr, minha rainha?

Ela não teve coragem de enfrentar os olhos de Kara, apenas deixou que as lágrimas caíssem sem acanhamento por seu rosto.

— Ok, vamos raciocinar – Alex tentava ordenar os pensamentos – Então o que temos? Uma arma megapoderosa capaz de pôr fogo na Terra que não podemos destruir que Lex Luthor sabe onde está e que só pode ser ativada se arrancarmos um dos dedos de Lena, certo?

Elas se entreolharam meio sem saber o que dizer.

— É simples – Alex ponderou – cortamos o dedo dela fora e incineramos. Problema resolvido.

— Às vezes você me assusta, Alexandra.

— Ora mamãe, sem dedo, sem acesso ao Héstia, não é Lena? 

— Sim, se eu não pensasse em todas as possibilidades possíveis. Programei o Héstia a autodestruição irreversível caso uma das chaves sejam utilizadas e um minuto depois as outras duas não sejam inseridas.

— Adeus Rússia, Mongólia e China e sabe-se lá até onde vai a onda de destruição. – Alex constatou em choque.

— Sim.

— Meu Deus! – Kelly e Eliza falaram ao mesmo tempo, expondo a incredulidade de todas.

Alex finalmente sentou-se consternada, uma arma dessas proporções ao alcance de uma mente sombria como a de Lex Luthor era o pior dos pesadelos de todos os piores pesadelos que já tivera. Seus olhos perscrutaram Lena, era nítido seu imenso arrependimento e o quanto estava sofrendo com o que poderia resultar de sua criação. Mas se ela tivera mente para criar algo assim talvez ela pudesse encontrar uma maneira de destruir o canhão Héstia. Até que um pensamento lhe ocorreu.

— Você disse que não havia energia suficiente para a ativação completa, não é. Então mesmo que Lex consiga entrar, seria inútil, certo?

Foi neste momento que o tremor de Lena se tornou visível para elas:

— O Harun-El. Foi o que Lex pegou no casarão aquela noite que me deixou sobre a bomba falsa. Na investigação que fiz para tentar descobrir o que ele roubara, descobri que Lillian invadiu o sistema do meu laboratório – Ela ergueu os olhos e enfrentou o olhar de Alex – Ele tem a fórmula que criei da kryptonita preta e o Harun-El tem energia suficiente para... para...

Ela não foi capaz de completar a frase nem mesmo de sustentar o olhar acusador de Alex que não conseguia mais esconder sua revolta para com a imprudência de Lena ao construir algo tão destrutivo quanto o canhão Héstia.

Mas ela não tinha tempo para se deixar levar por sentimentos pessoais agora, sacudindo a cabeça deixou a diretora “implacável” Danvers tomar conta de sua mente e levantou-se para pegar seu comunicador, Lena precisava ser mantida longe de Lex custasse o que custasse porque agora que ele tinha toda a tecnologia que precisava nada o pararia. 

“Smith, sim sou, preciso de uma extração, não, em meu apartamento, sim aqui, ative a extração Pólux, isso você me ouviu, não Smith, agora, quero agora, meu apartamento. JÁ!!”

Alex não esperou resposta e desligou, só então se dirigiu a Lena:

— Não sei como, só sei que a única pessoa que pode encontrar uma forma de destruirmos essa coisa é você e até que isso aconteça vou te confinar no DEO.

— Alex. Não pode manter Lena presa?

— Você ouviu o que ela disse, Kara? Ouviu cada palavra? Ah, eu posso sim e vou.

— Tudo bem, Kara, – Lena se ergueu e prendeu o olhar em Alex – ela tem razão. Lex não vai parar até conseguir arrancar de mim o que precisa. Eu construí aquilo, e eu vou destruí-lo.

— Mas...

Antes que Kara pudesse contestar cerca de dez agentes altamente armados invadiram o apartamento de Alex quebrando janelas e porta. Um deles olhou para a diretora a espera de confirmação do alvo que sem demora indicou Lena, imediatamente uma pequena cápsula rolou para os pés da Luthor que se abriu e uma espécie de bolha plástica de material impenetrável a envolveu, assim que tal bolha se formou uma segunda camada desta vez feita de ADNR, o material mais resistente do mundo, revestiu a bolha escondendo Lena completamente.

— Alex o que está fazendo? – Kara correu até o casulo que abrigava Lena – ALEX!

— Ela ficará bem, só precisamos chegar no DEO em meia hora mais ou menos ou ficará sem ar. Levem.

Usando um inibidor de gravidade, os agentes empurraram o “casulo” pela janela. Assim que ele pousou na rua foi posto dentro de um dos caminhões do DEO e o destacamento seguiu para o destino.

— Melhor a Supergirl acompanhar, não acha? Só por precaução. – Alex disse para uma Kara perplexa.