Capítulo 8

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O motorista particular de Lena corria pelas ruas de National City como se a vida de sua chefe dependesse disso, de certa forma dependia.

— Por favor, Lex diga para ele soltá-la. Eu farei tudo o que quiser.

— Aqui vai uma lição grátis para você pequenina, quando se tem empregados com cérebro limitado não se pode esperar muito como obedecer a duas ordens diferentes. Eu disse a ele o que fazer e ele fará, qualquer ordem além da primeira poderia confundi-lo e aí é que acidentes acontecem, sabe?

— Eu te odeio, do fundo do meu ser, eu te odeio!

— Já eu, te amo irmãzinha. Amo esse lindo cérebro que você tem.

Lena apertou os olhos com força na esperança de ao abri-los descobrir que era apenas um pesadelo, que Lex não estava ao seu lado e que Kara não estava morrendo no chão de seu apartamento. Chegaram ao pequeno aeroporto da cidade em tempo recorde, o piloto da L-Corp já estava com tudo pronto e sem muita demora Lena viu Lex embarcar e voar para longe de suas vistas. Sem perder tempo voltou para o carro “para casa Jaques, o mais rápido que puder. Eu pago todas as multas, só corra.”

Enquanto seu Bugatti Chiron preto corria pelas ruas da cidade, Lena só conseguia pensar na dor que Kara estaria sentindo agora e rezava repetidas vezes para que ela aguentasse. Como não suspeitara de nada? Que estúpida fora! Trevor não passara de um peão nas mãos de Lex, tudo orquestrado para que seu irmão conseguisse o que queria.

— Chegamos, senhorita Luthor.

Perdida em seus pensamentos não percebeu que já estavam no estacionamento de seu prédio. Sem mais demora saiu correndo do carro e foi para o elevador que demorou uma vida inteira para chegar em seu andar, a cobertura, “por que raios tinha que ter escolhido a cobertura?” Neste momento, o primeiro andar lhe parecia muito mais convidativo. Quando passou pela porta a viu, caída, imóvel, veias verdes estriadas por todo o corpo, com a respiração tão fraca que parecia morta. O capanga de Lex Luthor tão logo a viu, puxou uma pequena navalha do bolso da calça e a cravou no lado esquerdo de Supergirl, pouco abaixo do coração.

Lena ficou paralisada por um segundo. Seu corpo não respondia a nenhum comando e seu coração parou decidindo se voltaria a bater ou se morreria com Kara. Mas seu cérebro prático recusou-se a desistir e sacudiu seu corpo em uma reação automática. “SAÍA!!” Ela gritou para o capanga de Lex que não pensou duas vezes e saiu correndo do apartamento. Mas não tinha tempo de se preocupar com ele agora, nem com mais ninguém que não fosse Kara Danvers.

Com toda a frieza que a parte ruim da família lhe dera, Lena agiu rapidamente. Arrancou as correntes de Kara e correu para o cofre, “pelo menos ele serviria para alguma coisa” colocou-as lá e voltou para a cozinha, freneticamente passou as mãos por baixo de toda a extensão do balcão da cozinha e a encontrou: um pedaço médio de kryptonita fixado por uma fita adesiva preta, arrancou e jogou dentro do cofre. 

Voltou para Kara, agora vinha a parte mais difícil: a pequena navalha. Com as mãos tremendo segurou o cabo e já ia puxá-lo quando Kara gemeu de dor, “Droga! Isso não vai dar certo.” Os pensamentos de Lena corriam rápido, se arrancasse o punhal agora ela poderia sangrar sem parar, mas se não arrancasse morreria do mesmo jeito, “o sol!” Lena arrastou Kara para a sacada e a posicionou de modo que recebesse a maior quantidade de sol possível e com os olhos lacrimejantes puxou a navalha de kryptonita. Correu para o cofre e o lacrou com todas as peças de morte dentro.

Os estilhaços de vidro de sua janela ainda estavam no chão e com Kara fraca, Lena viu o sangue manchar cada vez mais a roupa que Supergirl usava. Ignorando os próprios arranhões que o vidro deixava em si mesma, Lena sentou-se ao lado de Kara e a envolveu em seus braços, ninando-a como se fosse uma criança desamparada.

— Por favor, Kara, volte para mim, por favor...

Repetindo um milhão de vezes as mesmas palavras como se elas pudessem se transformar em um mantra e assim salvar Kara, Lena Luthor deixou toda a sua dor e angústia se esvair de seu corpo em um choro compulsivo e atormentado que sacudia todo o seu ser.

— Lena... eu... DEO... Alex — o som de sua voz era fraco e a tosse entre as palavras vinha misturadas com sangue.

— Kara! Oh Deus! Kara! Alex, claro vou... 

Sem terminar a frase ela se levantou e correu para pegar o celular, sem tempo de achá-lo dentro da bolsa, jogou tudo o que tinha no chão e tão logo que teve o aparelho nas mãos ligou para Alex. Minutos depois voltou para o lado de Kara e abraçada a ela esperou a ajuda chegar.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora