Capítulo 101

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Kara e Lena estavam sentadas juntas no sofá do apartamento da Danvers em silêncio enquanto Alex analisava a documentação sobre o processo criminal de Lillian Luthor que Brainy havia lhe entregado. Lena não aguentando mais a espera foi a primeira a romper o silêncio:

— Alex, fale alguma coisa. Eu realmente não posso arrastar a Lillian da CatCo direto para a cadeia?

— Infelizmente não.

Alex sentou-se em uma cadeira curvando os ombros enquanto recebia o olhar apreensivo da irmã. Já Lena levantou-se e começou a andar de um lado ao outro da sala, seu sangue fervia de ódio e raiva. Pensar em sua mãe na CatCo ameaçando Kara o tempo todo a enraivecia de uma maneira além do imaginado, pensar em sua mãe a chantageando como estava para que escolhesse entre o bem-estar da mulher que amava e a segurança de milhares de pessoas a fazia ter vontade de enfiar uma bala na cabeça de Lillian Luthor.

— Talvez pudéssemos...

— AAAARG!

O grito de ódio de Lena que inundou a sala e cortou a fala de Alex foi seguido por algo se espatifando contra a parede, pois a Luthor havia pegado o primeiro objeto que viu pela frente para vítima de sua frustração. Alex e Kara levantaram-se de um pulo com a atitude inesperada; Lena ficou com os olhos fechados respirando rapidamente por alguns minutos, quando Kara percebeu que se acalmava um pouco deu um passo em sua direção:

— Amor?

— Não, não se aproxime, por favor.

Lena respondeu ainda de olhos fechados. Virou de costas para a namorada para então abriu os olhos, pegou a bolsa que estava no balcão da cozinha e foi em direção a porta, já com a mão na maçaneta falou sem se virar para encarar as irmãs Danvers:

— Eu preciso de toda essa raiva correndo dentro de mim para fazer o que precisa ser feito e deter minha mãe e se, se, se eu me perder em seus olhos, Kara, minha raiva irá embora e ficaremos a mercê de Lillian, e eu não vou deixar que isso aconteça, não agora. Então, por favor, me deixe cuidar disso do meu jeito, ok? Não me procure pelos próximos dois dias, amor, por favor, não me procure.

Sem esperar pela resposta, Lena saiu rápido antes que não tivesse forças para se afastar de Kara e bateu a porta atrás de si. Seu peito estava esmagado pela sensação de não ter Kara ao seu lado e nem sequer sabia se sua linda, mas bondosa super-heroína a aceitaria de volta depois do que iria fazer. Porém não tinha escolha, com sua mãe livre para fazer o que bem entendesse, a vida de Kara estava no fio da navalha e preferia morrer por dentro diante do olhar de ódio de sua amada a ter que ir ao funeral dela.

Lena estava no banco de trás de sua Mercedes Maybach vermelha pensativa, havia conjecturado ir direto para a L-Corp, mas agora que sua mente trabalhava a mil por hora e sem o perfume suave de Kara para inundar seu cérebro, o gélido e calculista pensamento dos Luthors assumia o controle:

— Jaques? Mudança de planos. Me leve para casa.

— Sim, senhorita.

— Jaques, você ainda tem o contato de seus antigos amigos do exército?

O motorista olhou de relance pelo retrovisor até que seus olhos encarassem rapidamente os de sua patroa.

— Sim, senhorita.

— Ótimo. Preciso que entre em contato com eles para fazerem um trabalho para mim.

— Senhorita Luthor, não acho que...

— Não se preocupe, Jaques – Lena o interrompeu – não será nada contra a lei, só preciso mandar um presente de boas-vindas à minha mãe, só isso.

Jaques ficou em silêncio e se concentrou exclusivamente na estrada novamente. Trabalhava com Lena Luthor a muito tempo para reconhecer que o tom de voz que usou agora indicava que o assunto não estava aberto a discussões. Mas era leal à jovem Luthor e faria o que esta lhe pedisse sem pensar duas vezes, por isso, assim que a deixou em casa ligou para Rick Stanford para que entregasse o presente de boas-vindas à Lillian Luthor.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora