Capítulo 127

397 54 0
                                    


— Pode repetir, por favor, acho que não entendi direito, Alura.

Alura passou a tarde e o princípio da noite esperando Alex e Kelly chegarem, logo após as duas mulheres terem se banhado e vestido roupas mais confortáveis estava explicando para Alex o que a marca no pescoço de Lena significava enquanto Kelly ouvia da cozinha ao mesmo tempo que preparava o jantar para as três.

— É simples, Alex, Zor colocou um holograma de si mesmo dentro dos arquivos que Jor-El deixou para Clark com uma programação para testar a pessoa que Kara escolhesse como companheira e ao que tudo indica quando eu mandei os dados de Lena para o conselho para a cerimônia o holograma foi ativado.

— E esse holograma acha que Lena é uma guerreira, por isso determinou um teste de força de vida ou morte?

— Isso.

— Mas como ele chegou a essa conclusão? – Kelly disse servindo o jantar.

— Ele deve tê-la sondado e chegou a essa conclusão.

— Mas é estranho, Lena é uma cientista, tem lá seus rompantes de loucura, mas não é como Alex, uma guerreira ninja, Lena é Lena, está mais para dr. Jekyll do que para Rambo.

— Concordo com Kelly, e pelo pouco que sei ela se encaixaria mais entre os cientistas kryptonianos do que com os soldados, esse tal teste não deveria ter seguido essa linha?

— Sim, vocês estão certas. Também não sei como isso aconteceu. Fui até a Fortaleza da Solidão, mas Zor foi evasivo. Está feito e com aquela marca no pescoço para todos verem quando ela pisar em Argo o conselho vai exigir o teste para que a cerimônia se realize ou que Kara escolha outra pessoa para companheira.

— E não podemos contestar esse holograma e quem sabe fazê-la se encaixar entre os cientistas para o tal teste?

— É Kelly, talvez isso seja possível. Afinal ele não está programado para a fisiologia ou psicologia humanas. O conselho pode aceitar tal contestação. Vou pedir para Kal nos trazer uma cópia da sondagem que o holograma de Zor fez. Amanhã conversamos com as duas já que Lena deve passar a noite de hoje em observação no DEO.

— Você não conhece Lena Luthor, vou ligar para Kara e pedir que venham para cá.

***

Enquanto os demais presentes estavam atentos à conversa que Lena e Zor-El travaram nas profundezas da Fortaleza da Solidão, a Luthor desviava o olhar sempre que podia e volta e meia passava a mão sobre o curativo que tinha no lado esquerdo do pescoço. Quando a última cena, na qual Zor-El a envolvia em uma fumaça sonífera e depois lhe deixava o símbolo que determinaria o tipo de teste ao qual seria submetida, finalizou; o silêncio preencheu a sala porque todos entenderam que foram as respostas de Lena que mudaram seu teste da ciência para a guerra. Foi Kara quem a interpelou primeiro:

— Inacreditável. Cada palavra que disse, Lena, como pode achar que não é o bastante para mim? Como?

— Eu...

— Você o enfrentou, estava presa, sem esperança de escapar ou de que eu a encontrasse, como pode não ver a coragem que possui, como pode achar que não é suficiente para mim, Lena? Você simplesmente desistiu e se entregou a morte, eu não entendo. Amor?

— Não se tratava de coragem, Kara, tratava-se de não te deixar sofrer, eu não poderia permitir que...

Lena se levantou e deu as costas a Kara não podendo suportar seu olhar. Mas Kara também ficou em pé sem, no entanto, tentar se aproximar de Lena.

— Ele estava pronto para te dar um teste como cientista, mas você, por Rao, Lena, você e esse seu orgulho Luthor, não poderia pelo menos uma vez recuar? Só uma vez?

Antes de responder Lena voltou a fixar o olhar em Kara:

— Eu renunciei a todo o orgulho Luthor, como você diz, quando deixei você entrar em meu coração e não farei isso uma segunda vez, agora, se me dão licença. – Lena se dirigiu para a porta de saída.

— Lena?! Espere. Lena! Lena, droga! – mas ela nem ao menos se virou, apenas saiu batendo a porta.

Kara saiu correndo atrás de Lena que já estava dentro do elevador apertando o botão freneticamente para que a porta se fechasse antes que pudesse ser alcançada.

— Lena, espera. Lena!?

Kara usou sua super velocidade e entrou no elevador segundos antes deste se fechar e segurando Lena pelos ombros a forçou a se virar para si.

— Não está me ouvindo?

— Estou, mas também estou te ignorando, não percebeu?

— As vezes eu tenho vontade de...

— De que Kara? De quê? – Lena a olhou com seus olhos verdes furiosos.

— Me desculpe, está bem? – Kara disse depois de um longo respirar – me desculpe, eu não quis dizer o que disse, só estou tão frustrada e me sentindo tão impotente para te proteger que... não pude nem te alcançar, Lena. É uma coisa atrás da outra e eu só queria que estivesse segura e você me escapou entre os dedos e agora... se eu tivesse...

— Kara, meu anjo.

Lena soltou um suspiro e no instante em que o elevador chegou ao térreo, ela a abraçou forte e ambas choraram uma no ombro da outra.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora