Capítulo 116

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Kara havia voltado sem que nenhuma delas percebesse, afastada em um canto da sala apenas encontrou os olhos de Lena e a fitou sem se mover ou dizer mais nada, Clark quem continuou:

— Em Krypton a liderança da família é dada à primeira criança a nascer na geração seguinte, e Kara nasceu primeiro. Com a morte de meu pai, ela deveria ter recebido o legado e a liderança de nossa família, os arquivos da Fortaleza da Solidão mostram uma cerimônia muito bonita, mas com a destruição de Krypton e o tempo em que ela ficou perdida na Zona Fantasma, eu pensei que era o último sobrevivente quando a encontrei nem me passou pela cabeça realizar a cerimônia.

— Deixe-me ver se entendi, para que esse tal de Sar não se torne rei de Krypton, o que entendi ser uma coisa ruim, Kara precisa passar por uma cerimônia e se tornar a líder dos El, certo?

— Basicamente, Kelly.

— Mas por que me atacar? Não entendo, Clark?

— Porque você é minha família, Alex, tática básica, mate a família primeiro, deixe que eu veja cada um de vocês morrerem para só então me dar o privilégio da morte. Um recado para mim e para quem quiser se opor a ele depois.

— Provavelmente ele não sabe da existência de Lena.

O corpo de Kara estremeceu quando sua atenção se voltou para Clark:

— Por que acha isso? – perguntou.

— Porque de nada adiantaria te matar e deixar seu cônjuge vivo, o legado El passaria para ela automaticamente.

— Mas não sou kryptoniana.

— Não importa, Lena, Kara alardeou para os quatro cantos de Argo que vocês estão juntas e, a menos que ela diga o contrário em vida, se ela for morta, você se torna a senhora da casa El. Para nós, kryptonianos, a união é para sempre e torna os dois uma coisa só. Para nós, a menos que Kara te rejeite publicamente ou você a ela, vocês são uma coisa só e quando ela for reconhecida como a líder de nossa família, então, você também será.

— E se eu não aceitar, Clark, Krypton não existe mais, eu não...

— Então ele continuará te caçando e cedo ou tarde vai levar a guerra até Argo. Precisa ir até sua mãe para que ela realize a cerimônia e você se torne a senhora dos El e assuma seu lugar no conselho da cidade, não há outra opção, Kara.

— Espera, mas isso quer dizer que ela terá que se mudar para Argo?

— Infelizmente sim, Lena.

Um silêncio pesado caiu sobre todos na sala e só foi quebrado pelo celular de Alex que começou a tocar insistente. Ninguém falou nada enquanto ela conversava quase aos sussurros com Brainy.

— Alura e dois guardas de Argo atravessaram o portal no DEO. Brainy os está trazendo para cá. – Alex disse a todos desligando a ligação.

— Que maravilha! – disse Kara exasperadamente passando as mãos pelos cabelos e indo se sentar na cadeira mais próxima.

***

Kara podia ouvir as vozes que discutiam seu destino vindas da sala enquanto em silêncio observava o céu noturno de National City. Embora sua audição fosse super perfeita, as vozes eram não mais do que um sussurro porque escolhera não as ouvir, na verdade queria desaparecer.

— Meu Porsche por seus pensamentos.

A voz suave de Lena, que se debruçara a seu lado na sacada, chegou a seus ouvidos.

— Tão barato assim? – Kara disse com um leve sorriso.

— Sabe quanto custa o meu Porsche, amor?

— Para você? Tostões.

Ambas ficaram sorrindo uma para a outra por alguns segundos antes do olhar aflito de Lena repousar nos olhos de Kara.

— Não vou deixá-lo chegar perto de você. Mesmo que para isso eu tenha que...

— Não! Nem pense nisso, nem por um segundo.

— Não é uma decisão sua, Lena.

— Nem sua, Kara, é uma decisão nossa. Não pode tomá-la sozinha.

— Eu, eu só queria, só queria...

Mas ela não conseguiu terminar a frase, desviou os olhos de Lena voltando a observar o céu.

— Kara? Kara, me leve até a Fortaleza da Solidão.

Kara voltou-se para Lena e se perdeu nos olhos verdes e sem dizer palavra a pegou no colo e saiu voando no céu escuro daquela madrugada fria.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora