Ao Som do Coração

Capítulo 80

Passou-se cerca de uma hora antes que Kara se visse sozinha com Lena novamente. Primeiro a equipe médica fez todos os testes e exames antes de tirarem o respirador artificial que Lena ainda usava, depois Alex, Brainy e Elisa fizeram uma rápida passagem pelo quarto para ver como a Luthor estava, após isso a dra. Ramirez tentou convencer Kara a deixar Lena descansar, mas bastou um olhar enviesado da Danvers para entender que seria perda de saliva argumentar.

Durante todo esse movimento Kara ficou quieta encostada na parede sem coragem de se mexer. Os minutos foram passando e nenhuma das duas rompia o silêncio, Lena começou a ficar inquieta com a atitude de Kara e tentou se sentar na cama, mas sentiu uma dor aguda no abdômen soltando um breve e agudo gemido, isso fez Kara ir para seu lado na cama:

— Não se levante, por favor. – Kara foi até ela a obrigando a se deitar novamente.

— Kara, eu estou bem.

— Não, não está. Por favor, fique deitada, ok?

— Aí – ela gemeu e fez uma careta quando se ajeitou no travesseiro – é talvez eu não esteja tão bem assim.

— Não, não está.

Elas se perderam nos olhos uma da outra por alguns minutos que para Kara pareceram uma vida inteira.

— Eu não posso perder você, Lena. Não posso.

— Não vai. – Lentamente ela enxugou uma lágrima que correu pelo rosto de Kara. – Acabou. O Héstia não existe mais, certo?

— Certo, e o Lex está preso. Acabou, você só precisa se preocupar com a Alex e um tal Platinum, não entendi bem.

— Oh, isso.

— Posso saber o que é?

— Foi uma tolice, ela, ela apostou que eu diria, que eu diria, ah, diria...

— Eu te amo antes de mim? – Kara completou por ela.

— Ah, é, basicamente isso. Olha, eu não, não...

— Eu te amo Lena Luthor. – Os olhos verdes de Lena se perderam na imensidão azul de Kara – Amo o som do seu sorriso quando está constrangida, amo o toque suave de seus dedos em minhas costas quando me deixa entrar primeiro no elevador, amo como pousa o queixo nas mãos quando me observa, amo sua voz quando canta para mim, amo o gosto dos seus lábios, amo o som do seu coração quando me ouve chegando, amo, mais do que qualquer coisa, o som da sua respiração porque ela me diz que está viva.

Lena sorria e chorava ao mesmo tempo, seu coração fremia e seu corpo tremia suavemente.

— Eu lamento ter esperado tanto para te dizer que te amo. Eu te amo!

— Kara, eu, oh, eu...

Mais uma vez Kara a interrompeu, mas agora com um beijo calmo e delicado.

— Eu sei que é difícil para você dizer o que sente, Lena, como também sei que disse em um momento de adrenalina, eu só preciso que me diga que é verdade, que é verdade que me ama.

Ela mais uma vez tentou se sentar, e a dor aguda a atingiu de novo. Gemeu de dor, mas continuou para desespero de Kara que a via sofrer.

— Não, por favor, já disse para não se mexer. Lena, por favor.

— Eu preciso, você precisa saber, eu, aí – a dor a atingiu com mais força a obrigando a se recostar novamente.

— Respire fundo, vou chamar a doutora, só um minuto.

— Não – Lena a puxou pelo pulso quando se afastava da cama – Eu ficarei quieta, mas por favor fique. Só quero que ouça, cada palavra que eu disse, cada uma delas foi a mais pura verdade, eu, eu, eu – respirou fundo fechando os olhos – eu te amo Kara Danvers e nada – abriu os olhos para novamente se perder nos azuis de Kara – nada é mais verdade do que isso em minha vida. Nada.

Perdida em Lena, Kara apenas a beijou nos lábios para em seguida a abraçar delicadamente. Não disseram mais nada depois disso, só ficaram ali sentindo a presença mútua do amor que preenchia cada canto daquele pequeno quarto no centro médico do DEO.