— Você só pode ter enlouquecido de uma vez. – Alex olhou chocada para Lena.
— Alex, não percebe que Lillian jamais vai concordar com isso, ela vai aproveitar essa situação para destruir Kara!
— E para impedir que Lillian o faça, você vai aniquilá-la primeiro?
Lena e Alex se encararam sem que nenhuma desviasse o olhar. A Luthor havia chegado ao apartamento da cunhada por volta das três da madrugada, passou o dia todo pensando nas palavras de Alura sobre o ELYTUM e por mais que gastasse seus neurônios, não conseguiu vislumbrar qualquer possibilidade de Lillian abrir mão da chance de ter o controle sobre Argo City, pior, o melhor cenário que enxergou foi o de sua mãe se unindo a Sar Arttófias apenas pelo prazer de transformar Argo em um lugar pior que Gotham apenas para ver o sofrimento de Kara.
— Você nunca dorme, Luthor?
Kelly apareceu na sala esfregando os olhos com cara de puro sono interrompido e quebrando o silêncio furioso que envolvia as duas.
— O que faz aqui a uma hora dessas, Lena?
— Ah, amor, a nossa doce Luthorzinha aqui tem um plano fabuloso para tirar Lillian da jogada e salvar o dia.
— Não precisa ser sarcástica, Alex!
— Ah não?! Deixe-me ver, você invade meu apartamento às três da madrugada para dizer que vai trair minha irmã com a tal da Jamieson para que Kara lhe dê um pé na bunda e assim não precisaremos mais nos preocupar com sua mãe querendo os direitos de regência sobre Argo junto com Alura, esqueci algo?
— Lena?! – Kelly a olhou surpresa.
— A, sim, amor, esqueci de dizer que isso não vai destruir Kara, vai matá-la, vai arrancar dela o que ela tem de melhor, Lena, a esperança, ou acha que depois que ela pegar você na cama com outra mulher, Kara continuará a mesma. Acha mesmo que ela vai se reerguer de algo como isso?
— Ela vai sofrer, eu sei Alex, mas...
— MAS O CARAL...
— ALEXANDRA!
— Ok, vamos nos acalmar – disse Alex passando as mãos pelos cabelos e sentando-se no sofá com um pequeno gemido – Algumas partes ainda doem. Sente-se, Lena, amor, por que não nos faz um café, por favor?
— Claro, e sente-se, Lena! E onde está Kara que ainda não invadiu minha casa também?
— Outro incêndio na Austrália. Vai demorar para voltar. – Lena respondeu sentando-se.
— Alex, sei que não é a melhor das ideias que já tive, mas não vejo outra solução para esse problema. Sei que não será fácil para ela, por isso vim até você para que esteja perto dela, entende?
— Não, não entendo. E você parece que também não entende se acha mesmo que ela vai acreditar nisso.
— Farei com que ela acredite.
— Só está se esquecendo de um pequeno detalhe, querida, é bem difícil enganar uma Danvers, eu sei, vivo com uma a mais tempo do que você – disse Kelly trazendo o café e piscando para Alex – você quer convencer uma Danvers-El repórter que a está traindo com uma socialite qualquer? Bastará uma visita da Supergirl a essa tal Jamieson, Lena, para que ela diga que tudo não passou de uma grande mentira.
— Kara jamais intimidaria Sarah como Supergirl, Kelly, ela não faria isso.
— Se pensa assim, então nem você conhece sua irmã, Alex. Estamos falando da mesma pessoa que quase vaporizou Lillian Luthor na frente de meia dúzia de guarda-costas por muito menos? Vocês a amam, eu entendo, também a amo, mas ela não é o Clark, amor, ela mesma já disse isso; ela foi criada em Krypton, toda a infância e início da adolescência de Kara foram lá, e se os El a escolheram para proteger o primo em um planeta desconhecido e sem ninguém, penso que ela deve ter sido criada de forma bem diferente da do Clark aqui na Terra. Diga-me – Kelly pegou as mãos de Lena nas suas – como ela, a kryptoniana, reagiria a isso?
As mãos de Lena tremeram um pouco quando se lembrou da reação de Kara quando do episódio com Sarah Jamieson, lembrou-se também do que a namorada dissera quando conversaram depois que expulsou sua mãe de seu prédio algumas semanas atrás sobre como o jeito El de resolver as coisas poderia ser letal e soube que Kelly tinha razão, Kara usaria a Supergirl para tirar satisfação com Sarah que não era um poço de coragem.
Tremendo se levantou e percorreu a sala com o olhar em busca de algo para beber, mas não achou nada. Então, começou a andar de um lado para o outro, estava de novo de volta à estaca zero com a frustração lhe corroendo os ossos. Sem dizer nada pegou a bolsa e dirigiu-se à porta, precisava de uma bebida e de ar, precisava sair dali. Mas, Alex, se levantou rápido para a impedir de sair, só que uma forte pontada na lateral do corpo a fez soltar um pequeno grito e cair sentada no sofá, o que fez Lena se voltar por um instante.
— Amor? Tudo bem?
— Sim, fui imprudente, já passou querida, estou bem. Lena, volte aqui! Não pode sair assim.
— Alex, eu sinto muito, me desculpe.
— Tudo bem, só não saia, ok? Vamos achar uma solução para isso, certo?
Sem ter escolha, Lena se resignou e voltou a sentar-se ao lado da cunhada.
— E qual seria essa solução mágica?
— Eu não sei, mas daremos um jeito. Sem que você destrua ninguém, nem a Kara nem a si mesma no processo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ao Som do Coração
RomanceO relacionamento de Kara e Lena está voltando aos poucos ao normal, ou ao mais perto disso depois que a Luthor processou a descoberta da identidade da Super-heroína. Mas algo novo nasce nesse processo de retomada da amizade entre as duas. Um sentime...