Capítulo 87

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— Ela só tem olhos para você, sabe disso, não sabe?

Lena batia os pés no chão do jardim e esfregava as mãos uma na outra nervosamente abaixo do queixo. A cerca de meia hora Sareen chegara para fazer a tal massagem, mas quando Lena viu a linda, quase uma modelo, massagista e soube que a tal massagem implicava em Kara seminua e as mãos daquela bela mulher em sua namorada por uma hora inteira sentiu todo o ódio Luthor aflorar em sua pele na forma de ciúmes e teve que sair da sala antes que voasse no pescoço daquela uma que colocaria as mãos na sua mulher.

— Ah, o que disse?

— Eu disse – Alura se sentou no espaço vazio do banco que ficava no jardim – que Kara só tem olhos para você.

— E por que está me dizendo isso?

— Lena, a conheço há pouco tempo, mas sei quando alguém está se roendo de ciúmes.

— Eu não sei do que está falando.

— Sério? – Alura a obrigou a olhar em seus olhos. Lena não conseguiu conter o sorriso torto e suspirar.

— Mas esta tal de Sareen tinha que ser tão bonita?

— Não, ela poderia se parecer mais com um abua do que com uma rashairi.

— Um o quê?

— Abua, Lena, Kara não te falou nada sobre Krypton?

— Não, ela não toca muito neste assunto.

— Entendo. Um abua era um animal pequeno que vivia nas florestas de Krypton, ele tinha olhos esbugalhados e pequenas vermes que viviam em suas costas e cheirava como os seus ovos podres, eram animaizinhos bem nojentos. Um dia Kara trouxe um do acampamento escondido entre as roupas sujas, eu passei dias tentando achar de onde vinha aquele cheiro horrível que invadiu a casa. Quer saber como descobri? Pois bem, Kara começou a cheirar mal, muito mal, não tinha banho que desse jeito naquele cheiro ruim. Ela exalava fedor por onde passava, então, Zor notou que ela tinha pequenas feridas na nuca e lá estava ele, escondido dentro do cabelo dela. O pior foi o que ela nos disse quando perguntamos por que ela tinha um abua no cabelo.

— O quê ela disse? – Lena não podia conter o riso.

— "Ele fede, mãe, mas estava tão sozinho e todo mundo merece um amiguinho, mesmo os fedorentos", ela disse como se fosse a coisa mais obvia de Krypton.

— Mais que fofa, minha Kara.

— Você diz isso porque não teve que conviver por duas semanas com aquele cheiro, duas semanas Lena! Mesmo depois que nos livramos daquela coisa o cheiro ficou no ar porque estava impregnado no cabelo de Kara, tivemos que cortá-lo quase todo.

Lena não conseguia parar de sorrir imaginando a pequena Kara com o bichinho escondido no cabelo e fedendo por onde passava.

— Posso saber o que é tão engraçado?

— Filha! Já terminaram?

— Sim, mãe. Sareen já foi, ela volta amanhã, disse que mais uma ou duas sessões e estarei nova em folha. Mas, de novo o que é tão engraçado, Lena.

— Nada, filha. Só estava contando a Lena quando você trouxe um abua para casa.

— Mãe!!

— Vou preparar o jantar. – Alura simplesmente ignorou Kara e entrou em casa.

— Lena, para de rir, eu só tinha quatro anos, ok? Ela não devia te contar coisas desse tipo.

— Desculpe, vem cá, sente aqui, por favor.

— Tudo bem, mas terá que parar de rir. – disse já sentando-se ao lado de Lena.

— Eu achei uma gracinha você querer dar um amiguinho para o fedorento.

Lena a aconchegou em seus braços.

— Como se sente? Melhor?

— Sim, Sareen tem mãos de uma rashairi. Foi maravilhosa.

— Ei, não pode falar isso para mim! – Lena deu leves tapas no braço de Kara.

— Aí, isso dói, lembra que estou convalescendo e sem a luz do sol amarelo?

— Então não elogie as mãos de outra mulher perto de mim.

— E seu eu disser que as suas parecem mãos de rasthiri?

— Depende, o que seria isso?

— Uma rashairi era uma espécie de fada verde dos lagos, já uma rasthiri era uma fada azul que vivia no topo das árvores mais altas de Krypton, era tão raro ver uma que acreditavam que se ela te tocasse, o próprio Rao te concederia o que você desejasse, então, as mãos de uma rasthiri eram como as mãos de Rao.

— Desculpas aceitas. – A beijou de leve nos lábios.

— Bom, e eu nunca mais vou dizer que adorei a massagem que Sareen me fez, o quão macias são as...

— Kara Danvers, você não quer despertar o desejo Luthor de matar que dorme dentro de mim, quer?

— Não, não, não – Kara disse cada palavra intercalada por beijos no rosto e pescoço de Lena – não, não e não.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora