Capítulo 65

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O tempo estava mudando e em breve a neve chegaria em National City. Lena olhava pela ampla sacada de seu apartamento a cidade acordar aos seus pés, já eram quase sete horas da manhã e Kara ainda não aparecera para o desjejum. Uma lufada de vento frio a obrigou a entrar e fechar as portas de vidro, o som do salto alto ecoou pela cozinha e se misturou ao som do celular tocando.

"Oi, linda. Bom dia. Tudo bem?"

"Bom dia, sim tudo bem e linda é você senhorita Luthor tão linda que me faz perder o fôlego"

"Bom, isso é um problema porque se perder o fôlego quem vai me fazer respiração boca a boca quando meu coração parar por causa da beleza dos seus olhos? Terei que achar outro alguém para a tarefa."

"Lena Luthor, seus lábios são meus! Ninguém mais te fará respiração boca a boca."

"Kara Danvers! Não sabia que era tão possessiva!"

"Só quando se trata de você."

"Eu... você... te responderei a isso pessoalmente e por falar nisso porque ainda não está aqui?"

Um pequeno silêncio se fez no outro lado da linha e Lena pode ouvir a respiração profunda de Kara.

"Kara? O que houve?"

"Eu... você, você poderia vir até aqui, Eliza quer falar com você e pensei que poderíamos tomar o desjejum juntas hoje, o que acha?"

Lena prendeu a respiração por alguns segundos e seus dedos tremeram:

"Ela quer conversar comigo? Ok. Tudo bem, para você?"

"Sim, pode vir?"

"Claro. Chego em meia hora, tudo bem?"

"Estou te esperando."

Lena olhou a tela escura do celular onde antes havia uma foto de Kara sorridente olhando para ela. Sentiu um pequeno embrulho se formar no estômago, "mas que droga! com tantas pessoas nessa cidade para se apaixonar, tinha que ter se apaixonado por Kara Danvers?" Contudo ficar pensando assim não resolveria o problema que tinha pela frente: encarar Eliza Danvers e a convencer que era digna dos sentimentos que Kara lhe entregava, mesmo que em sua mente se questionava a todo instante se era ou não, ainda mais depois de todos os erros que cometera quando soubera da verdade.

Pegou a bolsa e abriu a porta de casa dando de frente com dois dos agentes do DEO, respirou com exaspero, ainda tinha que aguentar isso. Passou por eles como se não existissem e no elevador avisou Jaques que não iria dirigir hoje para ele estar pronto para levá-la.

Lena observava pensativa o movimento das pessoas nas ruas da cidade e o início do inverno modificando a paisagem, ela até gostava do calor, mas o friozinho do inverno cabia mais em sua alma do que o ar quente do verão, só esperava ter a chance de compartilhar a lareira de sua casa de inverno que tinha nos arredores de National City com Kara.

— Senhorita Luthor, chegamos. – Seu motorista anunciou já com a porta do carro aberta.

— Obrigada Jaques.

Diante do prédio, ela olhou para cima como se pudesse ver através das paredes e saber o que esperava por ela, ou melhor, qual o humor de Eliza esperava por ela, a amável bioquímica que acolhera a doce Kara ou a tigresa feroz que criara Alex. Respirando fundo criando coragem para descobrir passou pela portaria.

Kara estava apreensiva olhando para a porta vez sim, outra também, até que ouviu o coração de Lena bater descompassado na rua de seu prédio. Teve ímpetos de se levantar e ir até ela, a abraçar, acariciar seus cabelos e dizer que tudo ficaria bem, que era apenas uma preocupação exagerada de mãe que Eliza estava tendo, mas afinal que preocupação de mãe não é exagerada?

As batidas na porta eram um pouco vacilantes, mas Eliza não percebeu a diferença; apenas Kara ouviu o vacilar das batidas de Lena e quando levantou-se para atender, Eliza tomou a frente e o fez por ela e assim recebeu Lena à porta de sua filha.

— Lena Luthor. Bom dia.

— Senhora Danvers, como vai?

— Bem. Entre, estávamos te esperando.

Lena passou pela porta e buscou Kara com os olhos a encontrando um pouco nervosa. Não sabia se a abraçava, se a beija, se fazia os dois, ou não fazia nada, tudo o que Lena sabia, ou sentia era o olhar fulminante de Eliza sobre si: "a tigresa, que Rao me ajude!" pensou Lena.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora