Capítulo 98

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Se tinha uma coisa que era constante em Lillian Luthor era o amor doentio pelos filhos e no momento em que as fotos de Lena e Kara começaram a pipocar por todos os lados seu primeiro pensamento foi o de meter uma bala verde na cabeça da Danvers por sequer pensar em tocar sua filha, mas Lex a convencera a esperar porque tinha um plano perfeito que se mostrou insuficiente diante de Lena e agora Lex estava preso e sua filha se refestelava com a pior das pragas alienígenas, a kryptoniana.

A raiva mais uma vez tomou conta de seu ser e o copo que estava em sua mão ainda com whisky voou contra a parede da biblioteca do casarão Luthor. Com Lex preso a sensação de que perdera um filho lhe pesava dentro do peito, Lena era a última cartada para elevar o nome Luthor ao lugar de liderança onde deveriam estar e não iria permitir que a praga da família Super a impedisse.

Mas precisava agir com cautela, em seu momento de mais ódio pensara e revelar a identidade dos Supers para o mundo, porém isso apenas dificultaria mais ainda sua missão de resgatar Lena da influência nojenta que sofria no momento, sem falar que corria o risco de alguns idiotas ficarem ao lado da Danvers imbecil e não teria acesso fácil à lambisgoia loira coisa que precisava para seu plano. Estava perdida em conjecturas quando o som do telefone a tirou do silêncio:

"Senhora Luthor?"

"Não, Armando, sua avó pelada. Se ligou para o meu número quem mais seria, seu estúpido?"

"Tudo ocorreu como solicitou, senhora Luthor." – Armando respondeu com voz baixa.

"Quando posso pegar o que é meu?"

"A partir de amanhã. Vou mandar a documentação por e-mail."

"Ainda não mandou por quê? Está esperando o quê? Sua inteligência aparecer? Manda logo isso, imbecil!"

Lillian não esperou pela resposta e desligou a chamada e jogou o celular no sofá com exasperação. Estava cercada por idiotas incompetentes e lerdos. Mas a partir de amanhã seu plano entraria em ação e o pensamento de transformar a vida de Kara Danvers num inferno a reconfortou enquanto acariciava gentilmente uma delicada pulseira em seu braço direito.

***

Lena movimentava os pés descalços no chão da cozinha em um ensaio desengonçado de dança, estava feliz e não percebeu que Kara a observava do batente da cozinha que não denunciou a própria presença porque observar a Luthor lhe enchia o coração de sol e o corpo de um calor nada romântico principalmente quando seus olhos se prendiam nos movimentos suaves das coxas da Luthor evidenciadas pela calça social azul que vestia.

— Vai ficar aí apenas me comendo com os olhos até quando, Kara? – perguntou Lena quando sentiu a presença da namorada.

— Eu, eu não – soltou um pequeno suspiro e um meio sorriso – ok, ok, talvez eu estivesse mesmo te devorando com os olhos.

Kara deu os passos que as separavam e, agarrando a cintura de Lena, a girou para que pudesse se perder em seus lábios. Já Lena acariciava as costas de Kara enquanto sentia o gosto de sua boca.

— Bom dia, amor.

— Bom dia, vida. Está atrasada. – Lena disse assim que seus lábios se separaram.

— Eu lhe trouxe torta de chocolate belga, da Bélgica, e reclama que estou atrasada?

— Sim, afinal você voa.

— Um absurdo, Lena, que precisa ser compensado com beijos. – Kara começou a beijar o pescoço de Lena bem na curva da nuca com a orelha.

— Kara, amor, não podemos. Tenho uma reunião com o conselho geral do grupo Luthor, ao contrário de você, não posso me atrasar.

— Eu te levo voando, não vai atrasar não.

— Amor, eu, eu – Lena estava quase cedendo aos carinhos da namorada – não, não pode. Nada da Supergirl me dando carona.

— Ninguém vai nos ver. – Kara enfiou a mão dentro da camisa de Lena e chegou as bordas do sutiã.

— Oh Kara, não, não faz assim, eu, eu acabo por perder o controle. Por favor, amor.

Lena gemia, suspirava e tentava resistir a tentação de permitir que Kara a tomasse, ali, no chão da cozinha. Com muito custo conseguiu afastar o amor de sua vida e fazê-la tomar um gole de chá para em seguida rumar para a L-Corp. "Maldita reunião de conselho!" Pensava o tempo todo em que Jaques as levava para seus respectivos destinos enquanto fazia um esforço sobre humano para resistir as investidas de Kara no banco de trás do carro. Como de costume, Lena deixou Kara na CatCo e seguiu para a L-Corp onde Clarice já a esperava na porta do elevador com olhar apreensivo:

— Clarice, tudo bem? Aconteceu alguma coisa? – Lena a inquiriu assim que percebeu o olhar preocupado.

— A senhora Luthor está na cidade.

Ao Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora