O que é destino para você?
O que entende por estar fadado a algo, ou alguém?
Ao menos saberia me dizer o que de fato é apenas viver a vida?
Acredito que muitas pessoas responderiam com coisas filosóficas, complexas, e até metafóricas, apenas para...
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A mesa repleta de desenhos meticulosamente bem pintados, mostrava o quão talentoso o responsável por eles era.
A professora diante aquela sala repleta de pais ansiosos e ocupados, buscava expor o desempenho dos alunos que pertenciam aquela classe com a pressa que lhe era possível. Ainda que pudesse ouvir muitos ali reclamarem pelo tempo que estava levando.
A voz amena da mulher pairava pelo cômodo quase como uma nota perdida, em meio a incontáveis instrumentos musicais. Lhe parecia quase inútil falar com aqueles responsáveis, que se portavam pior que os filhos nos dias de aula.
- Senhora Petuto, tem algo a mais que queira acrescentar quanto ao desempenho do meu filho? - a voz firme de Kyoko se fez ouvir em meio aos pais naquela reunião, atraindo os olhares de algumas mães descontentes.
- Oh, o Simon é um menino precioso. Não tenho queixas quanto ao desempenho dele, na verdade, a senhora pode ver o talento dele com todos estes desenhos em sua mesa. - a mulher sorriu realmente feliz por poder elogiar o pequeno, afinal eram poucos os alunos que continham alguma dedicação.
- Talvez ele use os desenhos para preencher o vazio de não ter um pai.
O cochicho de uma das mulheres naquela sala chegou aos ouvidos de Kyoko, obrigando a mulher a respirar fundo e buscar ignorar por completo aquele tipo de comentário.
Por muitos anos Kyoko se questionou se havia tomado a decisão certa quando se viu grávida aos dezenove anos, sem o apoio do pai do bebê. Mas hoje, olhando como teriam sido os comentários e provocações referentes ao fato de ser mãe solo, a japonesa acreditava ter feito a coisa certa.
Por mais que a conta viesse a ser cobrada em breve.
Os lábios tingidos de um tom de vinho se moveram em um insulto inaudível em japonês, antes que um sorriso ensaiado surgisse e Kyoko virasse para trás bem na direção da mulher que havia feito o comentário infeliz.
Ambas se encararam por alguns instantes, até que a porta daquela sala foi aberta trazendo toda a atenção dos presentes. A figura alta de fios levemente desalinhados, calça social preta e camisa anil, fez com que algumas mães ali suspirassem.
Retirando os óculos escuros e deixando um sorriso sedutor brincar em seus lábios, Travis se fez presente. O homem seguiu até Kyoko e lhe deixou um beijo delicado na bochecha, antes de se sentar ao seu lado e observar os desenhos.
- São os desenhos do nosso filho? - ele perguntou num tom de voz minimamente elevado, pegando Kyoko de surpresa - Eu sabia que as telas que dei de presente para ele, trariam resultados, amor.
Todos naquela sala, sem qualquer exceção, ficaram boquiabertos com aquela frase. Mas absolutamente ninguém, estava mais perplexo do que Kyoko. Eles não haviam planejado aquilo, para todos os efeitos Simon seria filho apenas dela, sem pai ou parentes paternos.
