O que é destino para você?
O que entende por estar fadado a algo, ou alguém?
Ao menos saberia me dizer o que de fato é apenas viver a vida?
Acredito que muitas pessoas responderiam com coisas filosóficas, complexas, e até metafóricas, apenas para...
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Engana-se quem deduz que um ambiente banhado em silêncio, de fato, é um local tranquilo. A ausência de som não caracteriza paz, assim como os ruídos não significam incômodo.
A incerteza no olhar da ruiva diante a sua janela, revelava uma face angustiada e uma mente barulhenta. Gaby não sabia o que queria fazer de sua vida agora.
Por anos ela teve uma lista bem detalhada de tudo o que faria, quais caminhos seguiria caso o plano A falhasse, até mesmo para onde poderia correr caso o B também falhasse. Mas hoje, ela não tinha a mínima ideia do que realmente faria de sua vida.
O amor pela dança ainda lhe tomava boa parte do coração, por mais que viver apenas da dança não fosse um bom plano de futuro. Gaby nunca havia se apegado tanto ao custo de vida antes, no entanto a realidade de quem tem algum alicerce financeiro pareceu ganhar cada vez mais a sua mente, nos últimos meses.
— Você não saiu desse quarto desde que acordou. — Lizzie declarou após passar pela porta — Aconteceu alguma coisa?
— Eu só queria pensar um pouco. — Gaby declarou baixinho, soltando um longo suspiro.
Lizzie ponderou quanto a deixar a irmã sozinha com seus pensamentos, ou tentar lhe ajudar caso isso fosse possível. Ela vinha notando o crescente desânimo na irmã, e temia por uma recaída agora que suas sessões de terapia haviam dado uma pausa. Haviam ocorrido tantas coisas na vida de Gaby, que era surpreendente como ela não havia perdido o total controle ainda.
— Quer conversar? — ela perguntou se sentando na bay window ao lado da irmã.
Por um pequeno espaço de tempo, Gaby não respondeu absolutamente nada. A ruiva abraçou a si mesma num gesto nervoso, e logo depois negou devagar.
Naquele momento falar doía.
Respirar era difícil.
E chorar parecia ser a solução mais simples.
Havia um céu lindo e azul naquela tarde, parecia haver uma brisa gostosa pela forma como as folhas balançavam nas copas das árvores. Era um dia realmente lindo. Mas dentro da ruiva, havia uma tempestade.
Lizzie não demorou para amparar a irmã em seus braços, e deixou que ela chorasse absolutamente tudo o que sentia ser necessário. Ela não lhe fez perguntas do porquê de estar tão fragilizada, também não lhe pediu calma ou para que parasse de chorar. Tudo o que ela fez naquele momento, foi deixar sua irmã por para fora aquilo que tanto lhe machucava.
As mãos de Gaby buscavam por amparo à medida que seu choro ganhava volume, era como se ela estivesse apavorada com a possibilidade de perder Lizzie também.
— Eu não vou a lugar algum, está bem? — Lizzie garantiu sentindo seus próprios olhos arderem.
Em um dado momento, ambas choraram naquele quarto.
