O que é destino para você?
O que entende por estar fadado a algo, ou alguém?
Ao menos saberia me dizer o que de fato é apenas viver a vida?
Acredito que muitas pessoas responderiam com coisas filosóficas, complexas, e até metafóricas, apenas para...
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Algumas pessoas passam pela vida sem nunca serem notadas, as vezes elas até mesmo optam por serem assim, transparentes. Enquanto que muitas outras desejam ser reconhecidas, aclamadas, vistas e desejadas.
No mundo como um todo costumam dizer que aqueles que não nasceram para o palco, devem se contentar com a platéia. Uma afirmação um tanto quanto diminuta, levando em conta o quão abrangente são as opções de escolha.
Ainda que hajam aqueles que gostam de seu anonimato, seu cantinho secreto, um lugar onde ninguém pode os ver ou ouvir, sempre em qualquer que seja a etapa da vida o anônimo sente vontade de ser visto. Talvez quando sua voz precisa ser ouvida, ou sua causa precise ser vista, mas em algum momento se deseja ser visto.
Anonimato cai bem a quem não teme a fama. Fama cai bem a quem não teme se tornar anônimo.
Regressar do feriado prolongado pareceu uma tarefa difícil para Gaby, pois seu corpo já havia se acostumado com o horário tardio de se levantar nestes raros dias. A jovem ainda conseguia sentir sua coluna reclamar pelas horas de postura errada, diante do computador onde jogou a madrugada toda.
Seus olhos se abriram tão vagarosamente diante do barulho que seu irmão caçula fazia, pelo corredor do segundo andar, a fazendo ponderar se deveria estrangular uma criança de sete anos, ou apenas acorrentar em seu closet.
- Acorda! Acorda! Acorda! - Simon exclamava batendo duas tampas de panela, uma contra a outra.
- MonDieu! - a ruiva exclamou indignada pela falta de consideração do pequeno, enquanto retirava o lençol de cima do corpo - Simon juro que vou fazer creme de amendoim com o seu corpo!
A risadinha infantil do menor soou pelo corredor, a fazendo reprimir sua própria vontade de rir junto a ele. Um arfar dolorido escapou de seus lábios após colocar os pés no chão, e movendo seu corpo num ritmo lento até o banheiro, Gaby pode ver sua face devastada.
- Vamos lá, ser feia não é crime mas parecer um zumbi recém atropelado, certamente é atentado a vizinhança. - ela declarou dando fracos tapinhas em sua face, antes de escovar os dentes e lavar bem o rosto.
Gaby observou as poucas roupas que ainda lhe serviam sob a cadeira ao lado da janela, e ponderou se usaria sua calça surrada e camiseta do Spider-Man, ou se escolhia o jeans que sua meio irmã mais velha lhe deu na última visita que a fez, junto ao velho moletom anil. Ambas as opções lhe deixavam sem graça, mas apenas uma lhe deixava confortável verdadeiramente.
Em pouco mais de dez minutos a ruiva saiu de seu quarto, com a mochila vermelha em seu ombro contrastando com o moletom anil que lhe fazia parecer um tanto menor do que de fato era.
Ela observou a ausência de seu irmão no curto corredor, e deduziu que Simon tivesse desistido de lhe atormentar ainda tão cedo. Sem muita correria a jovem seguiu até a cozinha, onde os pratos do jantar ainda estavam postos no escorredor, assim como o prato deixado para sua mãe ainda permanecia no micro-ondas.
