O que é destino para você?
O que entende por estar fadado a algo, ou alguém?
Ao menos saberia me dizer o que de fato é apenas viver a vida?
Acredito que muitas pessoas responderiam com coisas filosóficas, complexas, e até metafóricas, apenas para...
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Montparnasse, outono de1998
Os dedos já doloridos da jovem de aparência tão calma, mostravam o quão cansativas poderiam ser as aulas de piano com a Srta Lefrebvre. Os cachos alaranjados levemente desalinhados em sua cabeça, pareciam brincar contra a fraca corrente de vento que adentrava pela grande janela daquela sala repleta de instrumentos musicais.
Maéva ainda que cansada pelas horas diante ao piano, sorriu orgulhosa de si mesma quando conseguiu tocar com perfeição a melodia exigida pela professora ao seu lado.
Suas bochechas arredondadas pareceram brilhar após o sorriso preso em seus lábios, mostrando mais das pequenas sardas que percorriam por sua pele alva. A jovem que almejava um dia ser uma exímia musicista sentiu um toque suave em seu ombro, mostrando o elogio mudo de sua professora naquele fim de tarde.
- Você se saiu muito melhor hoje, devo supor que esteve praticando ontem. - a professora comentou antes de se colocar de pé, dando início as anotações daquela aula.
- Francis tem me ajudado muito Srta Lefrebvre, ele me deixou praticar por horas no piano de sua casa. - Maéva contou um tanto sorridente, gerando assim uma curiosidade na mulher a sua frente.
- Francis é aquele menino dos cabelos loiros, e olhos verdes? - ela perguntou quase maternal, notando os olhos da ruiva brilharem um pouco mais.
Maéva afirmou sem olhar diretamente para a professora, ganhando um riso soprado da mulher em entendimento. Para a ruiva apenas o fato de Francis se manter como seu melhor amigo, após longos anos sendo seu vizinho, traziam um calorzinho bom ao seu coração.
Eles não haviam crescido juntos como ocorreu entre ela e alguns amigos daquela região, mas certamente Francis era o amigo mais querido de Maéva, como também seu primeiro amor juvenil.
Ambos tinham não mais que 16 e 17 anos naquela época, mas eles já sabiam como caracterizariam aquele sentimento que acreditavam estar escondendo tão bem, dos demais ao seu redor. Era de fato cômico, ainda que fosse bastante assustador para eles.
- Diga à Francis que lhe agradeço por ajudar em meu trabalho, ele lhe fez melhorar muito, Maéva. - a professora declarou antes de ouvir o carro da senhora Mikaela buzinar diante de seu portão - Sua mãe chegou mais cedo hoje.
- Certamente meu pai deve ter saído do trabalho mais cedo, hoje. - a jovem declarou pegando rapidamente sua mochila - Nos vemos amanhã, Srta Lefrebvre.
- Seu pai ainda acha que a carreira de musicista é uma perca de tempo? - a mulher perguntou um pouco desgostosa.
- Ele acredita que a música serve apenas para distrair as pessoas, de suas verdadeiras obrigações. - Maéva lamentou observando o piano ao seu lado - Gostaria que ele fosse mais parecido com o vovô, ou com o tio Mark. Eles sempre amaram às artes, fosse na dança, na música ou pintura.
