Capítulo 5: Ela me odeia

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Rodolffo saiu de dentro da casa e seu pai veio no seu encalço.

- o quê se passa?

- não posso me casar com essa moça. - ele disse olhando o nada. - nem por conveniência.

Seu pensamento voltou as palavras que ela pediu para que ele dissesse, mas ele não diria aquilo. Diria a verdade.

- mas que conversa é essa? Eu vi que estava encantado por ela. Não venha mentir para mim de novo.

- antes que eu esqueça, obrigado por terminar de acabar comigo para o senhor Lourival. É muito nobre de sua parte.

- como assim?

- não sei o quê disse a seu amigo ontem, mas a minha prometida ouvir tudo em absoluto.

- não creio... Por Deus. Disse coisas que ela não deveria ouvir.

- por isso ela está tão revoltada. Acredite que ela disse que bateria na minha cabeça com um vaso. Pai, essa mulher me odeia.

- eu não deveria ter dito o quê disse. Eu posso dizer a ela que é mentira, que não é nada disso.

- o quê exatamente disse a meu respeito?

- inicialmente revelei a verdade sobre tu não ter vindo e que te achei bêbado como um porco em casa. - Rodolffo passou as mãos pelos cabelos e suspirou. - depois eu falei das suas aventuras. Falei que só em Londres tem três amantes.

- de onde tirou essa história pai? Eu não tenho três amantes em Londres. Está ficando doido?

- os empregados me dizem. Eu sei de tudo da sua vida e sei que mantém uma tal Emma mensalmente.

- e daí? O quê tem que dizer minha vida para o pai da minha futura esposa? Acaso perdeu a razão.

- Lourival não liga para isso. Somos homens, é tão normal ter amantes.

- não gosto que me diga isso. Não gosto da ideia de que traia minha mãe.

- quem te disse que traio tua mãe?

- a mesma pessoa que disse que tenho três amantes. Eu não tenho três amantes, pelo menos não fixas. Mas confesso que sempre que estou em Londres eu vou até a Emma. Gosto dela, de estar com ela.

- não deverias. Sabes bem que espécie de mulher ela é, não sabes?

- claro que sei.

- fico feliz que nunca a engravidou e espero que não faça.

- não pretendo.

- vamos entrar... Devemos resolver as coisas do casamento.

- não vou casar meu pai. Escolha qualquer outra moça. Não posso casar com essa. Ela não conseguiria habitar o mesmo teto que eu e ela me acha um mentiroso e para piorar me disse que eu sou patético.

- tu só está com o orgulho ferido. Não está acostumado a ser rejeitado. É assim no início, depois tudo muda. Quando vinherem as núpcias ela te perdoará. E por favor esteja longe da Emma nesse tempo.

- o senhor não está ouvindo o quê eu disse, então eu vou repetir: eu não me casarei com Juliette. Não haverá nada entre nós.

- casará sim! - ele disse gritando e o grito foi tão alto que Juliette conseguiu ouvir da biblioteca. - não tens mais essa escolha Rodolffo, eu te dei mais de uma década para que pudesse escolher uma noiva e sempre me veio com as conversas mais esfarrapadas. Não me interessa nenhum pouco que sua noiva te odiei ou te humilhe, por mim tu mereces por todos os anos me dando trabalho. Entre comigo agora!

Rodolffo entrou contra gosto mais foi junto ao pai.

- Lourival, chame tua filha.

O Barão ficou assustado com o tom de voz do amigo e foi buscar sua filha imediatamente.

- chegue cá Juliette. O Visconde quer te falar.

- não quero falar com ele. Não tenho obrigação nenhuma de ouvi-lo.

O Visconde entrou na biblioteca.

- escute aqui mocinha, eu só vim aqui para te avisar que em três semanas uma carruagem minha parará de frente a essa porta e você subirá nela. Irá com seu pai para as minhas terras e lá casará com esse traste que chamo de filho. 

- e se eu não for?

- acabarei com seu pai. Não lhes restará nada. Até o título de nobreza darei um jeito de que ele perca. Então, a escolha está nas suas mãos.

- tenha piedade do seu filho, por favor. - ela pediu chorando e juntando as mãos em sinal de súplica. - ele não quer casar comigo. Pense em como ele será infeliz.

- não será infeliz. Ele é infeliz, pior do que está, não fica. Daqui a três semanas, será oficial minha nora senhorita.

Juarez saiu pela porta e Rodolffo ainda pôde lhe dizer as últimas palavras.

- eu sinto muito. - e por fim também partiu.

- papai faça alguma coisa.

- não há nada que possa ser feito Juliette. Aceite sua sina.

Juliette chorou tanto que gritou. Acabou tacando um vaso na parede tamanha foi a sua fúria e Rodolffo conseguiu ouvir aquilo ao se aproximar da carruagem do pai.

- o criado irá em teu cavalo. Já tu virá comigo. - Juarez lhe disse rígido.

- não posso ao menos voltar no meu cavalo?

- não. De agora em diante vai aprender a ser homem. Amanhã mesmo viajarei a Londres e terminarei seu caso com essa tal Emma. Já basta Rodolffo. Agora irá trabalhar comigo e nada de festas, saraus, bailes, jogatinas e prostitutas. Eu te dei tudo e nunca me agradeceu por nada. De hoje em diante ou irá mudar ou irá mudar, não te dou outra alternativa.

- por que não manda me matar logo?

- ainda estou te dando uma chance por que sou generoso. E te digo, será bem mais feliz depois disso, no futuro me agradecerá.

- não vejo como, mas talvez esteja certo.

- vocês irão se gostar. Só precisa mudar um pouco e está tudo bem.

- acha que o problema é apenas meu. E ela? Ela não me suporta, quem sabe ela me mate, assim seu sofrimento com um filho rebelde tenha fim.

- que seja feita a vontade de Deus e nisso eu acredito profundamente. Ele agirá.

- pois bem meu pai. Acho que preciso de um milagre.

- nas primeiras semanas de casados ficarão na nossa casa ao leste.

- mas ali é longe de tudo. É muito remoto e distante de tudo. Não é lá que quero morar.

- não vai morar lá. Só passará as núpcias. É um lugar especial e romântico, as mulheres gostam de lugares assim.

- por Deus. Eu estou vendo que vou ficar preso nesse lugar com ela.

- sim, irá. Será muito bom.

- se eu voltar vivo realmente será.

Juarez gargalhou e a carruagem seguiu rumo a propriedade dos Stuart.

...

 

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