Capítulo 81: Dias nublados

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Três semanas se passaram e cada novo dia era mais um que Rodolffo buscava ser feliz, estar leve e curtir os últimos momentos da vida de seu bebê no ventre de sua amada esposa.

- princesa, assim está bom? - ele disse arrumando os encostos que apoiariam as costas de Juliette.

- sim... Está ótimo. - ela disse sorrindo e se deitando ao seu lado.

Rodolffo acariciou a barriga de Juliette e o bebê instintivamente se movimentou.

- calma... Não precisa chutar tão forte, assim machuca a sua mãe. - Juliette sorriu ao ouvir isso, enquanto sentia o corpo arrepiar com aquele carinho tão terno.

Rodolffo a olhou e viu que ela tinha as bochechas rosadas.

- está tão linda... - ele disse comovido e acariciou seu rosto macio com o polegar.

- também está tão lindo. - ela disse acariciando sua barba.

Rodolffo não resistiu e deu um beijo apaixonado em Juliette, que sentiu as pernas ficarem bambas.

- Princesa... Eu sei que não devia, mas não resisti. - ele disse olhando em seus olhos. - sou louco por ti e não posso negar que tenho saudades.

- também tenho saudades... - ela disse com a voz falha e as lágrimas molharam seu rosto.

- não chore... Eu não deveria ter falado isso. - ele se sentiu culpado.

- Rodolffo... Acho que... - ele a interrompeu.

- Não duvide nunca que te amo e te desejo como um louco e que grávida fica um verdadeiro pecado... - ele respirou profundamente. - Deus eu sou um homem pervertido. - e se afastou de sua esposa.

- então, eu também sou... - ela disse com a voz baixa. - nunca deixei de te desejar e te querer mesmo grávida e já te falei disso outras vezes. Eu não acho errado. Nosso filho está aqui por um ato como esse. Por um ato de amor.

- acho melhor irmos dormir. Não deve se cansar.

- não estou cansada e nem estou doente. Mas estou carente... Só queria ao menos falar como me sinto...

- logo ele estará conosco e seremos felizes como família... Toda a renuncia que fazemos hoje é por algo maior princesa.

- eu sei. E só Deus sabe o quanto sonhei com essa criança. Eu me sinto tão feliz de gerar meu bebê.

- é a isso que devemos nos apegar agora. - ele falou segurando a mão de Juliette.

- não devia ter me acostumado... - ela disse tímida.

- eu realmente sou terrível. Eu sei... - ela tocou seus lábios.

- não é terrível... e eu quero ao menos mais um beijo. - ela pediu.

- quantos quiser eu te darei. - ele disse colando sua testa a dela.

Juliette adormeceu apoiada no peito do marido, pouco tempo depois de se beijarem. Nessa reta final de gravidez era como ela se sentia mais confortável para dormir e para Rodolffo não era sacrifício velar o seu sono, ele se sentia um privilegiado.

...

Na manhã seguinte, Rodolffo foi até a propriedade de seus pais. Ele precisava buscar mantimentos e também preparar a parteira para o parto de sua esposa.

- deveria levá-la hoje. - alertou a viscondessa.

- mas dará tempo mãe. Com a ponte a segurança ficou maior. Conseguiremos vir assim que Juliette precisar. Mas depois de amanhã vou vir buscá-la, eu acho mais seguro.

- pois bem. Eu acho que irei com ela. Sempre é necessário um apoio para a mulher nesse momento.

- quero ser esse apoio que Juliette precisa minha mãe. Ela me fez prometer que estarei a seu lado.

- nem pensar! - Vera disse num tom vibrante. - isso não é coisa para homens verem. Não me venha com suas modernidades, se eu estiver lá vou proibir isso.

- não sei por que tanta bobagem. Eu fiz o bebê nela. Eu sei tudo sobre minha esposa, cada pedacinho dela...

- e isso é coisa que me diga? Tenha vergonha Rodolffo.

- eu vou ficar com ela... Não posso falhar.

- isso é o quê veremos. - disse Vera irritada e saiu do escritório, onde entrou o visconde.

- o quê houve entre você e tua mãe?

- ela não aceita que eu esteja ao lado de Juliette no parto.

- sabe que não se deve estar lá... Não é local para homens.

- não é qualquer pessoa... É a minha esposa e o meu filho. Juliette me pediu pai.

- trate de explicar a ela que vai esperar na sala como deve ser... Eu esperei cada parto com paciência e te digo, não é fácil, principalmente por que há gritos.

- meu Deus... E como vou deixar ela passar por tudo isso sozinha? - ele disse andando de uma ponta a outra do escritório. - isso é desumano, não vê?

- ela não estará sozinha. Haverá a parteira e também as mulheres, sua mãe faz questão de estar lá.

- tenho medo pai. - ele confessou.

- deve ter... Eu sempre tive.

- acho que venho buscar a parteira logo amanhã.

- deveria levá-la hoje. Já olhou para o céu?

- já... Por isso minha visita é breve. Não a levo hoje por que ela não pode ir.

- vai chover muito Rodolffo. Esses últimos dias foram cinzas e dias assim antecedem grandes tempestades.

- tomara que não... Juliette se sente muito aflita quando chove muito.

- deveriam estar aqui, mas são teimosos.

- estamos bem e ainda não estamos exatamente esperando o bebê nascer. Acho que aguenta essa semana.

- não sei, mas se não quer enfrentar o mal tempo, acho melhor se apressar.

- até amanhã pai. Eu passo aqui. Adeus.

- Deus te acompanhe e proteja. - disse Juarez ao se despedir.

O visconde estava preocupado. O mal tempo estava se anunciando, enquanto sua nora estava a beira de um parto e seu filho a beira de um colapso nervoso. Se eles estivessem todos juntos, suas preocupações seriam aliviadas e a chegada do primeiro neto seria comemorada em família.

- Se chamará George... Eu sei que é um menino. - pensou o visconde com altas expectativas.

...


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