Capítulo 65: Um jeito novo de cuidar

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Uma semana se passou desde as ameaças de Lourival.

Rodolffo o evitava ao máximo, mas ainda habitavam o mesmo teto, então se tornava praticamente impossível não se esbarrarem.

Juliette estava mais amena e tranquila, ao contrário de Rodolffo que cada dia estava mais atormentado.

- o quê tem que anda a fumar um charuto atrás do outro? - Juliette o surpreendeu no escritório.

- está aí... Nem te vi chegar... Desculpe.

- Rodolffo por que sofre sozinho se estou ao teu lado? Por que me trata como uma incapaz?

- não te trato assim... Só não quero que você sofra.

- mas eu sofro quando te vejo sofrer... Até o nosso bebê sofre junto. Será que nunca vai se libertar disso? Desse medo absurdo de falar a verdade.

- Juliette tenho um medo sombrio de te perder. Tenho um medo doentio de partir e te deixar só. Sei que um dia isso vai acontecer, mas quero realizar todos os seus sonhos antes.

- está se sentindo doente novamente? Tem sangrado? É isso que te aflige?

- não amor. Eu estou bem. Não tenho sentido mais aquelas dores de cabeça. - ele falou se aproximando dela. - são outras coisas que me adoecem. E a saudade de nós é uma das piores.

- eu sinto saudades suas. Agora mais que nunca. - ela disse tocando o peito do marido.

- eu queria te levar para um lugar bonito, onde pudéssemos dançar e ficarmos em paz. Lembra-se dos momentos bonitos que tivemos em nossas viagens?

- sim... Lembro. Mas qualquer lugar no mundo se torna especial quando está comigo.

- não mereço o seu amor...

- merece e o tem. Não diga mais essas coisas Rodolffo. Parece que não sou digna de ti.

- eu quem não sou digno de ti princesa. Tu é tudo de mais puro, abençoado e honesto que há no mundo. Nunca se esqueça disso, tá bem. - ele lhe deu um beijo na testa.

- se abra para mim. Eu não vou julgar.

- senta aqui comigo. - ele disse pegando sua mão.

Ele sentou numa cadeira larga e colocou Juliette por sobre seu colo.

- princesa... O quê seu pai lhe contou sobre o nosso casamento na época?

- Rodolffo... Isso já tem tanto tempo...

Ele engoliu em seco.

- tem mais de um ano que estamos casados... O quê te preocupa?

- Juliette... Me responda o quê perguntei.

- ele me falou que eu não tinha escolha. Que você era rico e que eu precisava de um homem como você. Eu fiquei muito revoltada, mas Ruth me aconselhou a te aceitar.

- com quais argumentos?

- que eu seria feliz e principalmente que eu seria mãe... Isso me motivou mais. Posso te confessar uma coisa? - ela perguntou tímida.

- claro que pode princesa. - ele falou colocando uma mecha de cabelo de sua esposa atrás da orelha.

- no início só te aceitei por que na minha cabeça iríamos fazer um filho e eu ficaria livre para aceitar o seu acordo.

- quer dizer que inicialmente só me queria para a reprodução?

- era... Mas eu não casei com esse pensamento mais. Eu casei apaixonada por ti.

- eu também princesa.

Juliette acariciou o rosto de Rodolffo e ele fechou os olhos.

- mas o quê quer com tudo isso?

- quero te falar sobre o acordo de nossos pais Juliette, mas quero te dizer e espero que creia que eu não participei disso...

- o quê tem esse acordo?

- seu pai devia muito dinheiro a meu pai Juliette e não tinha como pagar... É tão difícil te dizer isso... - ele respirou fundo.

- ele me deu como paga as dívidas e teu pai aceitou... Foi uma troca... Ou uma venda... Ou um perdão. Não sei definir, mas foi isso não é?

- quem te falou?

- ninguém... Eu não sou tão ingênua quanto pareço e sei que meu pai enfrentava dificuldades severas. Passamos dias difíceis. E ele já tinha se desfeito de quase tudo, menos de mim... Eu era o último trunfo dele.

- eu sinto muito.

- eu não... Eu até posso agradecê-lo por isso. Também agradeço o desespero de seu pai.

- mas Juliette... Ele perdôo as dívidas do seu pai em troca de você. Não sei onde meu pai estava com a cabeça.

- acho que estava muito rebelde. - ela disse sorrindo. - e acho que eu poderia ter me dado muito mal se não fosse você o escolhido. Mas tu me faz feliz, cuida de mim e me ama.

- comprei a fazenda de seu pai para ti.

- mas não era de outro dono?

- sim... Dupliquei o valor pago e o dono aceitou. Agora é sua.

- não é minha...

- claro que é...

- é nossa e da nossa família.

- Juliette seu pai quer voltar para lá e acho que é melhor ele ir.

- vou conversar com ele sobre isso, mas acho que ele pode tomar de conta de lá, mas agora a palavra final é nossa e não dele.

- sei que ama Ruth meu amor... Mas acredito que seja a hora dela também voltar a sua terra.

- não consegue mesmo conviver com ela?

- Juliette ama Ruth não é?

- ela é muito especial para mim...

- conhece o filho mais novo de Ruth

- o Jacob? Ah sim conheço. O quê tem ele?

- o quê acha do Jacob?

- éramos amigos e ele casou tem pouco tempo também. Quando eu te conheci ele tinha acabado de casar. O pobre nem conheceu o pai. O marido da Ruth morreu e a deixou grávida do Jacob.

- Jacob é teu irmão Juliette. - ele disse e ficou a olhar nos olhos da esposa.

- meu irmão? Que conversa é essa? Está louco Rodolffo? De onde tirou isso? - ela falava muito rápido.

- ei... Calma. Tenha paciência. Ouça... Eu descobri sem querer o caso dos dois e pressionei seu pai. Que me confessou que ele e Ruth foram flagrados por tua mãe nas portas de te ter.

- minha mãe pegou os dois como?

- do jeito que não deveria pegar...

- meu Deus. - ela tinha horror nos olhos.

- sua mãe ficou chocada igual a tu e acabou tendo um parto antecipado que te trouxe ao mundo, mas a levou para sempre.

- meu pai matou minha mãe? - ela disse se levantando do colo do marido.

- Juliette... Se acalme. - pediu tentando acalmar os ânimos.

- meu pai não vai voltar a fazenda... Tão pouco ficar aqui... Ah não vai.

- Juliette espere...

Rodolffo saiu perseguindo a esposa que saiu exaltada do escritório.

...





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