Capítulo 79: Fortaleza

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Rodolffo estava arrasado e Juliette fez sinal para Ruth os deixá-los a sós e assim que a criada saiu, ela foi até seu marido.

- levante meu amor... Não precisa se sentir assim. - ela disse lhe entendendo a mão.

- Juliette me perdoa! - ele disse ainda chorando. - Eu sei o quê sentiu hoje e sei que tudo isso foi por minha culpa.

- por favor... Se ponha de pé! - ela ordenou.

Rodolffo se levantou e ficou a olhá-la.

- não tem culpa da maldade alheia. Se esse homem morreu no passado e não foi tu que o matou, também não tem culpa. Há coisas que não controlamos e outras que podemos controlar. Eu vivi a maior parte da minha vida me culpando... Me penalizando e isso nunca me trouxe nada bom. Foi preciso ouvir com todas as palavras que eu não tinha "culpa" para finalmente me sentir em paz. Mas no meu íntimo eu sabia que não era culpada. Não é culpado desses maus feitores terem entrado aqui. Eles são os verdadeiros culpados, o quê morreu pagou pelo seu erro e o quê restou vivo terá que conviver com seu peso. Meu pai é uma vítima de seus erros e refém de sua culpa. Ele me salvou e eu não sei nem o quê dizer sobre isso ainda, foi muito rápido, mas foi o certo.

- ele poderia ter morrido Juliette. - Rodolffo disse com a voz baixa.

- eu sei e de fato não queria que isso tivesse acontecido e graças a Deus não aconteceu. Nenhum de nós está morto e apesar de tudo, estamos bem. - ela disse acariciando sua barriga.

- eu ia morrer se algo tivesse te acontecido e ao nosso bebê.

- eu ouvi sua luta com aquele bandido e tive forças para atacar o outro.

- não devia ter reagido assim princesa. - ele falou acariciando seu rosto. - como se sente agora?

- eu me sinto um pouco mal. - ela disse com o rosto triste.

- meu Deus... - Rodolffo levou as mãos aos cabelos e seu semblante ficou desesperado. - não é a hora meu amor... Não é a hora...

- não vou ter o bebê... Calma. Assim vai ter um ataque. Só preciso do seu abraço para ficar melhor.

- tem certeza? - ele disse lhe abraçando e colando sua testa na dela.

- nossa criança é forte e está bem. É acostumada com tempestades.

- como a mãe. - ele colocou a mão sobre a barriga da esposa. - É uma guerreira e uma heroína meu amor...

- mas não... - ele a interrompeu.

- venceu todas as adversidades desde que nasceu. Venceu o desamor de seu pai. Venceu as privações e até mesmo a fome. Qualquer coisa que apareceu tu foi capaz de enfrentar e sair vitoriosa.

- só não fui capaz de vencer uma coisa... - ela disse o olhando fixamente.

- o quê?

- a ti. Desde o primeiro dia que te vi, meu objetivo era te dizer "não" até o fim... Eu jurei para mim mesma que te odiaria com todas as forças do meu ser, que nunca permitiria me casar contigo e que nunca me tocaria. Mas eu não contava que fosse tão bonito e atraente... Também não contava que minhas pernas iriam tremer e meu coração palpitar ao te ver batendo palmas para mim enquanto tocava piano.

- mas você disse que eu era patético...

- óbvio... Eu estava armada. Eu sempre estive, mesmo sem saber atirar. Nunca permiti nada que fosse contra a minha vontade chegar perto de mim. Eu era rebelde também. E naquele momento, eu não queria casar contigo.

- era... E muito brava. Mas igualmente linda. Um jeito de cativar incrível. Juliette, eu te amo. Não sou perfeito e nunca serei, mas por você eu me tornei a minha melhor versão. Acho que só faz sentido amar se for assim. Encontrar alguém para somar e evoluir. E é assim que me sinto ao seu lado... É por você e por esse bebê que eu quero viver mais e ter saúde, forças...

- precisamos de você... Tu é nossa fortaleza. - ela disse com a voz embargada.

Rodolffo a envolveu num abraço apertado e beijou suavemente seus lábios.

- te amamos. - Juliette lhe disse verdadeiramente enquanto o encarava.

- os amo demais. - ele concluiu enquanto afagava os cabelos de sua amada, que tinha a cabeça sobre seu peito.

...

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