Capítulo 3: Comum acordo - 1

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Juliette seguiu seu dia trancada dentro do quarto e o Visconde e seu filho passaram o dia a andar com o barão por suas terras.

Rodolffo percebeu que o Barão enfrentava problemas financeiros sérios, era por isso que estava obrigando sua única filha a se casar com ele.

Isso era tão estranho. Muitas mulheres da nobreza o queriam como marido e ele sempre recusou a todas, agora estava ali se sujeitando a um casamento arranjado e que sua noiva nem ao menos aceitou seus cumprimentos. Ele ficou pensativo e seu pai se aproximou dele.

- o quê achou da moça?

- eu a achei bruta. Inclusive bem indomável.

- não seja tolo. Ela só é tímida, coisa comum na idade dela. Ela foi criada num redoma e não frequentou a sociedade.

- então ela nunca teve outro pretendente?

- até onde sei não. Na verdade seu pai se tivesse em condições melhores não ia querer o casamento dela contigo. Confesso que tenho pena dela.

- até o senhor me acha um monstro? É isso mesmo?

- não disse isso.

- não disse mas não fez questão nenhuma de esconder. Ela não vai aceitar esse casamento, verás em breve.

- ela não tem o quê aceitar.

- eu não vou casar com ela se for dessa forma, isso é totalmente contra meus princípios.

- não me venha com mais nenhuma desculpa. Ela vai dizer "sim", não se preocupe. Agora me fale de verdade e sem rodeios, o quê achou dela?

- ela é bonita, bruta, um dia mal educada, eu diria.

- atraente e sedutora também não acha?

Rodolffo pensou um pouco.

- talvez...

- talvez não é resposta. Ou é, ou não é.

- sim... Ela é um pouco disso. Mas para mim não vai fazer diferença...

- como não? Tens que se sentir atraído por sua esposa, seu pre requisito era de que ela não fosse feia. Juliette não é feia, ainda é boa no bordado, no piano, em escrever e ler como ninguém. Seu pai disse que seu sonho é ser escritora.

- escritora?

- sim. Ela gosta de artes, e ainda canta bem.

- isso é interessante.

Rodolffo gostava de música e de artes também, então eles tinham um ponto em comum.

- está vendo? Vocês podem se dá bem. Já tem algo em comum. Eu sei que você é capaz de domar a pequena fera que habita nela. Quando me casei com sua mãe, ela também era assim, mas depois de um tempo começou a gostar de mim, principalmente quando você nasceu e depois de suas irmãs.

- só tem uma diferença... O senhor era apaixonado na minha mãe e eu não sou por essa moça. Não sinto nada por ela.

- ainda não sente. Mas sentirá.

- acho pouco provável.

- ela é tão bonita... Não será um esforço taí grande.

Rodolffo sabia muito bem de suas intenções, mas não revelaria nada a seu pai. Ele já tinha tudo esquematizado em sua mente. Até um plano para simular uma noite de núpcias ele tinha, assim seu pai não desconfiaria que ele não faria seu papel de marido.

A moça não o queria ele jamais a obrigaria. Mas ao se casarem a levaria para sua enorme casa, daria a ela toda a mordomia que uma esposa merece, incluindo mesadas e muitos empregados. Além disso, se encarregaria que ela pudesse viver em paz e ser um pouco mais livre e se o sonho dela era escrever e cantar, ele não iria se opor, o cenário que eles iriam morar seria ideal as inspirações e ele disponha de um lindo piano em sua casa, ouvir alguém tocá-lo lhe faria bem, já que ele não gostava de tocar para si mesmo.

Ele também decidiu que não ficaria muito tempo em casa, seus negócios precisavam dele e isso ele também falaria com sua esposa, assim ela não teria que conviver muito com ele. Quando os anos passarem e os herdeiros não vinherem, ele diria que era estéril, já que nunca produziu e nem produziria bastardos. E se fosse um sonho dela ter filhos, Rodolffo estava decidido a arrumar um homem com as características similares as suas para lhe fazer de amante. É... Ele poderia lhe dá seu nome e criá-lo. Isso não iria ferir seu orgulho, afinal eles não teriam nada um com o outro e ele continuaria a viver com sua amante.

Era o plano perfeito, tudo daria certo demais, só bastava que Juliette aceitasse. Quem sabe eles poderiam se tornar amigos, mas se não acontecesse ele se manteria longe, se limitando a apenas cumprir seu papel de esposo em situações oportunas.

...



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