Capítulo 46: O visitante

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Ao nascer do dia, os criados organizavam o início das tarefas. Juliette e Rodolffo não levantavam tão cedo se não tinham compromissos pré estabelecidos, então se permitiam dormir mais.

Porém Rodolffo, na grande maioria dos dias era o que despertava primeiro. Lhe fazia bem acordar e contemplar o raiar do sol e principalmente com sua bela esposa nos braços.

Só ele sabia o quanto tinha sido dolorido a separação deles. Há coisas que a felicidade nunca poderia tê-lo ensinado, mas a dor foi capaz disso.

Juliette chegou em sua vida quando ele achava que não precisava, mas no fundo a intuição o levou a ela. E ao olhar aquela linda fugira, ele entendeu que tudo em sua vida havia se transformado para sempre.

A ideia de que talvez ela esperava um bebê deixava seu ser nas nuvens. Ele a achava terna e especialmente linda. Tinha ares de anjo escolhido por Deus para lhe dá as verdadeiras alegrias que seu coração precisava.

Os propósitos de Deus são simples, ele concluiu no tempo que está casado com Juliette. Ele não te dá o quê você quer, afinal os desejos de Rodolffo eram egoístas. Deus dá o quê é preciso e necessário a vida de cada um.

Se apaixonar e viver um amor não era um desejo de Rodolffo, mas Deus lhe enviou por que ele precisava de alguém para lhe pôr de volta no caminho. Ele estava enganado e tinha a alma perdida. Encontrar Juliette foi muito mais que encontrar o amor, foi se reencontrar em si mesmo.

Ele deu um beijo no topo da cabeça de sua esposa e ela se remexeu um pouco colada ao seu corpo. Ele fez carinho em suas costas e ela permaneceu serena.

...

O funcionário da casa anunciou a chegada de um visitante e na falta dos senhores, Ruth o recebeu.

- bom dia senhor.

- cadê o senhor e senhora desta casa? - disse interrogativo.

- ainda não desceram.

- nossa... Essa hora e ainda dormem.

- minha senhora anda bem sonolenta ultimamente e meu senhor anda mais de repouso por conta da saúde.

- esses jovens vivem a morrer de preguiça, essa é a verdade.

Ruth não respondeu.

- o senhor deseja alguma coisa enquanto os espera?

- desejo. Estou cheio de fome. Fiz uma longa viagem.

- algo mais?

- quero que viados tirem meus três baús da carruagem e uma pequena mala.

- tá bem. Já lhe servirei algo para comer.

Ruth deu ordem aos empregados para trazer a enorme bagagem e colocá-la no quarto que era do patrão, mas agora com ele junto a esposa ficou servindo como aposento aos hóspedes.

Um banquete foi servido ao visitante e ele matou toda a sua fome.

...

No quarto Juliette despertou.

- oi princesa. Como se sente?

- bom dia. Estou bem? Eu dormi direto né?

- sim... Adormeceu assim que aconchegou em meus braços.

- dá pra perceber. - ela falou um pouco sem graça. - me acorde da próxima vez, não me deixe dormir assim...

- só não quis atrapalhar seu descanso.

- tá bem. Vou me banhar.

- posso ir junto?

- tu é um senhor muito ousado quando fazemos isso.

- prometo que vou me comportar.

- eu não pedi para que se comporte. Só fiz uma afirmação.

- mas eu vou apenas te ajudar a tomar banho e também vou tomar um... É só isso.

E foi. Eles se banharam juntos e logo estavam no quarto se vestindo.

- amor... Cadê meus espartilhos?

- eu não sei Juliette. Deveriam estar aí.

- Ruth certamente levou. Agora inventou que não devo me apertar tanto.

- e não deve mesmo. Isso machuca meu amor. Não precisa usar essas coisas.

- mas eu gosto. Será que não posso usar o quê gosto sem alguém tentar se intrometer? Suas irmãs usam, por que eu não posso? - ela disse chateada e jogou um vestido sobre a cama.

- calma princesa. Tenha paciência. Eu não estou te recriminando. Se quer usar, use. Não tem nada de errado nisso e não precisa chorar.

- até nisso quer me controlar. As lágrimas são só minhas.

Rodolffo respirou fundo e não acreditou que naquele momento estavam a discutir por causa de espartilho e lágrimas. Isso não é mesmo normal.

- Juliette vamos acalmar os nervos. Estavamos bem a minutos. Por Deus, calma.

- tá bom... Eu sou uma boba em tudo na vida... - e se pôs a chorar.

- não chore amor... Ou então chore. - ele não sabia nem o quê dizer, resolveu que um abraçá-la era uma boa opção.

- ai... não me aperta com tanta força.

- mas não estou apertando com tanta força assim. Ah sim, lembrei... Desculpa.

Eles ficaram ali abraçados por um tempo e depois se arrumaram para o desjejum.

Saíram do quarto juntos e iam descendo as escadas quando viram quem estava sentado na mesa de refeições.

Juliette levou um susto e Rodolffo ficou sem entender como aquela pessoa estava ali tão cedo.

- ora... Bom dia senhores. Finalmente acordaram. - disse em meio a um sorriso.

Juliette e Rodolffo se olharam sem saber o quê dizer.

...






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