Fica comigo

Capítulo 92: A conversa

Após o jantar toda a casa silenciou e Rodolffo foi até o quarto ver seu pequeno bebê e também sua esposa.

George já dormia profundamente e Juliette trocava de roupa para também se deitar.

- eu estarei no quarto ao lado. - ele disse após se certificar que ambos estavam bem.

- vou contigo. Não quero que George acorde e precisamos conversar.

- tudo bem.

Juntos eles fecharam a porta do quarto e foram até o quarto vizinho. Juliette fechou a porta na tranca, assim que seu marido passou por ela.

- não sei exatamente como começar tudo que tenho a lhe dizer, mas saiba que eu sinto muito por tudo que aconteceu hoje. Eu fui imatura e inconsequente, me coloquei numa situação de risco por que não sei lidar com meus sentimentos. Não sei lidar com tantas coisas e acabo metendo os pés pelas mãos. Porém tu não devia ter cogitado fazer uma coisa dessas sem meu conhecimento Rodolffo, por isso fiquei cega de raiva.

- me perdoa...

- eu não terminei. - ela o interrompeu.- Se não desejamos a separação temos que agir com clareza e verdade um com o outro. Eu não devia ter feito o quê fiz e nem tu igualmente. Erramos e muito.

- eu sei, mas é que tenho medo de te perder...

- por duas situações poderia ter me perdido... Ou eu indo embora ou morrendo e nenhuma delas foi por causa de um parto. Por que escondeu que ficou traumatizado?

- não se trata de ser traumatizado.

- Rodolffo pare de esconder e de fingir que é forte o tempo todo. Não precisa ficar mentindo para mim dessa forma. É evidente que não quer mais filhos por que teme que eu morra de parto.

- sim... Está certa. Eu temo que morra de parto e tenho um trauma por causa do parto do George... Juliette quase que te vi partir...

- Rodolffo está muito assombrado. Não foi bem assim, trabalhos de partos demoram mesmo.

- Juliette, eu tentei ser forte por ti, mas por dentro eu estava prestes a desabar. Foi um alívio ouvir o choro do George e o fim da sua dor. Acho que não consigo ver outro parto. Se decidir ter outro filho, não sei como vai ser.

- mas tu falou que não quer mais ter filhos.

- eu não vou decidir isso. A decisão final é sua... Ainda quer ter outro filho? - ele falou de forma tranquila.

- mas não era tu que queria fazer o tratamento para ficar infértil?

- não vou fazer. Eu tenho um filho para criar, já não devo correr riscos desnecessários. Quero que me perdoe por pensar em fazer isso. Temos outros meios de evitar uma gravidez. Mas eu sei que quer um irmão para o George.

- quero irmãos para o George. E quero que seja sincero se também quer o mesmo.

- eu quero. De todo o coração quero a ti e a todas as pequenas cópias suas.

- George é a sua cópia.

- não... Ele parece muito mais contigo. Ele tem a sua ternura, o seu sorriso e o formato do rosto. George tem a tua paz, o cheirinho mais gostoso do mundo e me tem inteiro. - ele pegou as mãos de Juliette e depositou sobre seu peito. - cada batida desse meu velho coração é de vocês, é para vocês e continuará sendo até enquanto eu existir. Eu quero que entenda que eu vou errar, infelizmente é inevitável que eu não erre, mas eu não vou fazer mais nada sem falar contigo antes. Acredita em mim? - ele disse olhando no fundo dos olhos de Juliette.

- eu também vou errar... Por que eu não sou perfeita, mas quero que acredite que na verdade eu nunca quis ir embora. Eu estava com raiva por isso disse aquilo. Rodolffo, tu me ensinou a amar, me fez mulher, me ensinou a viver, me fez mãe, mas não me ensinou algo muito importante...

- o quê? Eu posso te ensinar, qualquer coisa... - ela cobriu a boca dele com os dedos.

- não me ensinou a viver sem ti. Não sei como viveria sem tua presença, sem teu riso, sem os teus cuidados, sem teu amor e até mesmo sem as pequenas coisas que nos trazem os desentendimentos. Quero que saiba que te acho um rebelde incurável, que é extremamente insuportável quando se torna controlador... Mas acima de tudo quero que saiba que é um homem que me encanta cada dia mais, principalmente pelo amor que dispensa a nosso bebê. Sei de seus defeitos, também sei que sabes dos meus, mas não podemos nos afastar por isso. Juntos temos uma vida e devemos vivê-la juntos.

- eu te amo muito princesa. É toda a luz de minha vida.

- também te amo. - ela deu um beijo terno nos lábios do marido e logo depois ele lhe deu um abraço apertado.

- vamos dormir? Está cansada.

- sim... E minha cabeça ainda dói.

Eles dormiram juntos e George do lado. Depois de dias tumultuados, a paz voltou a reinar sobre aquela família.

...