Fica comigo

Capítulo 19: A indisposição

Juliette tinha tomado um banho e depois dele ficou trêmula. Inicialmente achou que a água estava fria e por isso sentia muito frio.

- Ruth, quero uma roupa mais quente. Estou com frio.

- sabe que não devia ter ficado no sol muito tempo. Sua pele é muito sensível. Deve estar com insolação.

- Ruth... Estou sentindo um pouco de cólica.

- deve ser suas regras chegando e tu andando de cavalo vai sentir mais esse mês.

- eu não queria que elas chegassem agora.

- infelizmente é inevitável. Olhe esse vestido é quentinho. Vou te ajudar.

Ruth ajudava Juliette que tremia e tinha a pele muito rosada devido a exposição ao sol que apesar de não ser tão quente, queimou sua delicada pele.

- eu espero que não fique doente por causa das inconsequências de vosso marido.

- Ruth... Se eu estiver em minhas regras meu marido não pode...

- não pode... É melhor manter-se distante dele. Nesse período os maridos se distanciam de suas esposas. O meu não dormia ao meu lado.

- mas eu gostei de dormir ao lado dele. Foi um sono tão tranquilo.

- só dormiram não é mesmo?

- é... Ele não me tocou.

- seu marido é realmente um rebelde. Por isso seu pai teve tanto desgosto dele.

- Ruth ele não é mal. Só não se dá a tantas convenções.

- tem coisas que tem que existir e a consumação de um casamento é uma. Ou será que ele planeja anular essa união? Por que ele pode fazer.

- anular o casamento? - ela ficou assustada.

- seu marido é um nobre. Nobres podem tudo. Saiba que se ele disser na corte que nunca foi mulher dele, o casamento fica inválido.

- ele não fará isso. Tenho certeza que não.

- não duvide dele. Esse homem tem 34 anos. Juliette é muita idade para um homem nunca ter casado. Ele pode inventar qualquer coisa para se ver livre desse compromisso.

Juliette ficou triste.

- eu sei que está gostando dele. Mas ele não é o tipo mais confiável.

- Ruth me deixe só. Estou me sentindo um pouco cansada.

- daqui a pouco ele deve te chamar para almoçar.

- estou sem fome.

- tudo bem.

Ruth saiu do quarto e Juliette se deitou na sua cama pensando em tudo que estava vivendo. Seu marido era carinhoso e gentil. Também era galante e lhe dava momentos únicos. Mas seu caráter era incógnita. Será que ele seria capaz de abandoná-la mesmo depois do quê viveram hoje no rio?

...

Ruth desceu as escadas e encontrou Rodolffo saindo do escritório. Aparentemente ele já tinha se banhado e tinha seu cabelo ainda molhado.

- cadê a minha esposa? Ela já está pronta? - ele perguntou a Ruth.

- ela está indisposta. Resolveu ficar no quarto.

- vou buscá-la para que possamos comer.

- será que o senhor não entendeu o quê lhe disse? Ela não quer descer. Quer descansar. Ela está se sentindo um pouco doente e está muito vermelha do sol. Essa menina tem a pele delicada, o senhor não deveria ter levado ela para tomar tanto sol, tão pouco banho de rio.

- Ruth tenho muita estima pela senhora e sei o quanto é importante para Juliette ter a sua presença aqui. Mas não pense que ditará o quê farei ou não com minha mulher.

- ela não é sua mulher. - disse com a voz firme. - eu acho que quer mesmo é ficar viúvo, por isso a está pondo em perigos constantes. Ela não sabe nadar muito bem... Poderia facilmente ter morrido afogada nesse rio hoje.

- acha que estou tramando a morte de Juliette? É isso que pensa de mim?

- o senhor não sabe nada sobre ela. E toda hora inventa uma coisa nova e igualmente perigosa para quem sabe dá um fim a ela.

- escute aqui Ruth. Primeiro baixe seu tom ao falar comigo por que não quero subir o meu para falar com a senhora. Segundo, não pretendo matar Juliette, não sei o quê ouviu falar de mim, mas nunca matei ninguém. Então, se quer continuar aqui conosco acho bom mudar seu pensamento com relação a mim, não sou um monstro e não vou fazer mal a Juliette. Agora vou saber dela o que passa.

- o senhor não deve estar com ela por uns dias. - ela tentou interromper a sua saída.

- quem disse isso? A senhora? A sociedade? Bem Ruth, novamente vou te falar, não espere de mim algo tão tradicional por que eu não sou assim.

- é um rebelde incurável. - ela concluiu.

- talvez... Mas eu vivo do meu modo sem fazer mal a ninguém e agora minha vida será nessa casa junto a minha esposa.

- tem tantas propriedades melhores que essa e está condenando a pobre a ficar aqui contigo. Nesse lugar deserto de tudo.

- não está satisfeita de ficar aqui? Vá embora quando se sentir a vontade Ruth. Juliette gostou daqui como eu gostei. Tenho certeza que seremos felizes aqui e quem não se sentir se sinta convidado a partir.

- não posso deixá-la só.

- só? Ela não será só até enquanto eu viver.

- o senhor que sabe.

- aproveite que vai a cozinha e peça a cozinheira para fazer uma bandeja com comida para nós e a senhora, nos traga no quarto.

- como queira.

Rodolffo subiu a escada de forma rápida e Ruth ficou a balançar a cabeça.

- esse homem não faz nada certo. Por isso seu pai tinha tantos problemas com ele. - ela pensou, mas não verbalizou.

...