Capítulo 60: O alívio

255 45 15
                                    

...

Vera pousou a mão sobre o ventre da nora e delicadamente baixou suas pernas.

- Minha sogra... Estou perdendo meu bebê? - perguntou Juliette aflita.

Vera lhe sorriu serenamente.

- não está minha querida. Graças a Deus que não.

Juliette pousou as mãos sobre a sua barriga e respirou de alívio.

- tem certeza?

- tenho. O sangue não é vivo e não tem nada expandido em ti. Nada que acuse que sairá um bebê.

- graças a Deus.

- agora me diga... Tem feito algum tipo de estripulias ultimamente?

- esforços? - ela perguntou com os olhos um pouco mais abertos.

- sim... Tem se esforçado? Andado a cavalo?

- é... Eu andei um pouco, mas foi apenas até o rio com Rodolffo e ele que guiava tornado.

- não ande mais e evite esforços excessivos de outros gêneros. Deve estar sentindo dor por que o cavalgar do cavalo machuca e tudo em nós quando estamos grávidas fica sensível, já avisei isso a Izabella, que assim como você é muito ingênua.

- será que estou sangrando por que... - pensou em falar, mas corou de vergonha.

- por que esteve com seu marido?

- eu... Eu... - ela buscava as palavras e não encontrava.

Vera sorriu.

- Juliette... Acha que não sei como fizeram essa criança? Minha querida... Não sei detalhes obviamente, mas o princípio básico para todos é o mesmo... O de Izabella também foi assim. Olhe, não é proibido que sejam e se permitam ser um casal quando a mulher está grávida, mas é necessário fazer com algum cuidado a mais. Por que seu corpo não é mais seu e nem do seu marido, tem uma vidinha aqui que precisa de vocês.

- tem certeza que vou ficar bem?

- tenho certeza que vai. Nesse momento não sente mais tanta dor, não é?

- depois que me deitei aliviou.

- foi por que passou o dia inteiro forçando as costas. Agora que relaxou se sente melhor. A dor do aborto ou do parto não cessa e não posso te enganar com relação a isso.

- é pior que a dor que sentimos quando... a senhora sabe...

- quando perdemos a virgindade? Ah minha filha... É muito pior. É uma dor que pensei que ia falecer.

- meu Deus.

- mas foi a melhor dor que já senti em minha vida... Trouxe meus filhos vivos e mortos, mas pude ver cada rostinho. Também vai sentir uma felicidade tamanha quando tiver a sua criancinha grudada em você.

- tenho medo de não ter um filho homem. - ela confessou.

- posso ser sincera? - perguntou afagando a mão de Juliette.

- pode.

- para mim espera uma linda menina.

- por que achas?

- está muito linda e radiante. Uma pele limpa e corada. Sua barriga está começando a se notar e é bem redondinha. Está muito feminina para quem espera um menino.

- mas eu sei que Rodolffo no íntimo quer um menino.

- não tem exigência alguma meu filho... Ele chegou tão desesperado lá em casa hoje, que até chorou em nossa frente. Não me recordo de ver meu filho chorar Juliette, até quando bebê, ele era altamente contido, fazia gemidos, mas não derramava lágrimas. Só você neste mundo conseguiu amolecer aquele coração. Então, o quê vinher de ti, ele amará incondicionalmente.

Juliette sentou-se na cama e abraçou sua sogra.

- obrigada por me deixar mais tranquila.

- estou aqui para isso. - ela disse acariciando os longos cabelos de Juliette.

...

Depois de um tempo chegaram Lourival, o médico e Rodolffo.

Em meio a agitação, Rodolffo já chegou um pouco em pânico, ao ver o pai e Ruth sentados.

- por que estão aqui sentados? Por que deixou minha mulher sozinha Ruth?

- sua senhora está no quarto com sua mãe.

- o quê está acontecendo meu pai?

- aparentemente nada Rodolffo... Tenha calma homem. - disse Juarez.

- vou subir. - e mal disse isso e sumiu.

- cadê a paciente? - perguntou o médico.

- meu filho lhe chamará em breve. Sente-se. - lhe indicou o cadeirão Juarez.

...

- mamãe abra a porta. - disse Rodolffo batendo fortemente na madeira maciça.

Vera abriu logo a porta e o recebeu com um olhar terno.

- meu amor, como está? - ele partiu em direção a Juliette. - eu trouxe o médico. Vou mandar ele subir.

- já avaliei Juliette filho. Ela está bem. Agora se ela quiser consultar o médico é bom, mas ela não está perdendo o bebê.

- tem certeza?

- sim... Vou deixar vocês a sós. - e saiu fechando a porta.

- meu amor. - Rodolffo beijou a boca de Juliette e em seguida a abraçou. - se sente mesmo melhor?

- sim... Graças a Deus.

- estive aflito e pensei que ia chegar em meio a um caos. Se perdemos esse filho, vou morrer Juliette.

- não fale essas coisas por Deus. Não vou perder o bebê. Sua mãe me falou que eu faça repouso. Eu já sabia disso, mas não ouvi a Ruth.

Rodolffo desceu sua cabeça até a barriga de Juliette.

- não pensa em sair daí antes da hora, tá bem? Tem que ficar guardinha aí.

- guardadinha? Por que fala como se soubesse que é uma menina?

Rodolffo deu um sorriso fraco e alisou o rosto de Juliette.

- vai me achar louco se eu disser que quero uma menina? Sei que no futuro teremos um menino, mas se eu pudesse escolher, queria uma princesa igual você.

- mas tu falou que não tinha preferência...

- mas não tenho... Só tenho um sonho... Mas ainda teremos tempo, se Deus quiser, de termos uma se não for dessa vez.

Juliette sorriu e o abraçou de novo.

- obrigada por tudo que é para mim.

- eu que agradeço por ter mudado minha vida, princesa. - e deu um beijo em sua mão. - é meu tudo, para sempre.

- para sempre. - Juliette lhe disse sorrindo e tinha também os olhos marejados.

...



Fica comigo Onde histórias criam vida. Descubra agora